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Mídia Venal: Quem será a próxima vítima?

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BRASÍLIA - O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu nesta quinta-feira à crítica do ministro Marco Aurélio Mello de que ele não teria condições de ser presidente da Corte devido aos constantes bate-bocas protagonizado com os colegas. Barbosa insinuou que Marco Aurélio não tinha estudado o suficiente para chegar ao cargo, mas se valido do parentesco com o ex-presidente Fernando Collor, que o nomeou.

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PressAA: Este foi o primeiro passo para "queimar" o ministro Joaquim Barbosa. Depois disso, apareceram denúncias de comportamento antiético de JB. O objetivo é massacrá-lo e afastá-lo, caso sejam forçados a realizar o julgamento do mensalão do PSDB, pois, nesse caso, não há necessidade de recorrer a teses esdrúxulas, as provas são contundentes no que se refere ao desvio de verbas públicas para financiamento de campanha. Não é como no caso de Pizzolato, que foi condenado sem provas. Se não conseguirem fazer prescrever os crimes do mensalão do PSDB, dificilmente poderão usar Barbosa para "amaciar" os réus. Seria constrangimento total para ele e seus pares, enfim para a Justiça. Então, é bom que se previnam. A mídia que o transformou em paladino da justiça, da moral e dos bons costumes é a mesma que tem o poder de execrá-lo. Seria Joaquim Barbosa a bola da vez dos capetas que fritam e depois devoram até a alma de quem fez pacto com Lúcifer?
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No Brasil, Desembargador Sérgio Bizzotto é eleito presidente do Poder Judiciário do Espírito Santo

10.11.2013
No Brasil, Desembargador Sérgio Bizzotto é eleito presidente do Poder Judiciário do Espírito Santo. 19172.jpeg
VITORIA/BRASIL - No Brasil, o Desembargador Sérgio Bizzotto Pessoa de Mendonça, de 67 anos, mineiro de Belo Horizonte, nas montanhas de Minas Gerais, casado com Maria Elizabeth Paraiso de Mendonça, pai de três filhos (Daniella, Cláudio e Mariana), considerado um dos mais justos e garantistas magistrados do País, vai comandar o Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo, no litoral sudeste brasileiro, nos próximos dois anos, com posse marcada para o dia 19 de dezembro próximo.
  
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
[Trecho]

PRAVDA - O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, tem dito, repetidas vezes que, para julgar, o juiz deve ter independência, principalmente do poder político. O que Vossa Excelência acha dessa afirmação do ministro Joaquim Barbosa?
SERGIO BIZZOTTO - Corretíssima. Essa independência do juiz é fundamental para que ele possa desempenhar com liberdade sua função. Mas independência do juiz não deve se relacionar somente com o poder político, mas com todo e qualquer tipo de poder. Qualquer submissão a qualquer tipo de poder o prostitui.
PRAVDA - Muito se tem falado e criticado a nomeação de ministros do Poder Judiciário pelo presidente da República, o que, na opinião de muitos, coloca o ministro indicado refém do poder político desse ou daquele partido ou grupo político. Qual a opinião de Vossa Excelência a esse respeito?
SERGIO BIZZOTTO - E isto mesmo. Exatamente isso. Não que o ministro ungido pela Presidência vá se curvar ao poder. Mas não raro ele pode passar pelo constrangimento de dever decidir a favor ou contra quem o nomeou e qualquer que seja a sua decisão haverá quem coloque em dúvida a sua isenção. O ideal é que a escolha seja exercida pelos seus pares, e não pela figura política do presidente da República. Aliás, isto tende a ser alterado. Presumo e confio que será, mesmo porque a situação não resiste a uma indagação sobremodo simples: qual a razão de ser como é atualmente?
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU

(Para ler entrevista completa, clique no título)

Veja também...


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Anotações sobre uma farsa (II)

18/11/2013

José Dirceu, era preciso expor José Dirceu ainda mais - e também José Genoino - à execração pública. Concentrar neles toneladas de ressentimento sem fim.

Eric Nepomuceno
Quando se postulava a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o então juiz Joaquim Barbosa procurou José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo de Lula (2003-2007). Apresentou um pedido de rotina: apoio para que seu nome fosse levado ao presidente, a quem cabe indicar os membros da corte suprema.

Dirceu recebeu o pedido, e comentou com o postulante: “Bom mesmo será o dia em que os que pretendem chegar ao Supremo obtenham sua indicação por seus próprios méritos, e não por indicações políticas como a que está me pedindo”.

Barbosa foi escolhido por Lula porque Lula queria ser o primeiro presidente a indicar um negro para a corte máxima do país. De origem humilde, Barbosa construiu sua carreira graças a um esforço descomunal. Teria méritos profissionais mais que suficientes para chegar aonde chegou. Mas não chegou por eles.

(Para ler completo, clique no título)

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PressAA:- Ao contrário de quem me ofende momentaneamente, devo toda a minha ascensão profissional a estudos aprofundados, à submissão múltipla a inúmeros e diversificados métodos de avaliação acadêmica e profissional. Jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar - afirmou [Joaquim Barbosa, na mesma matéria indicada no início desta postagem].
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Assaz Atroz

Notícias doQUARTO PODER:

“Ele não é refém do PODER POLÍTICO”



DE SÃO PAULO
Felipe Barbosa, filho do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, é o novo contratado da Globo.
Formado em comunicação social, Felipe entrou para a equipe de produção do "Caldeirão do Huck".
A informação é da coluna Outro Canal, assinada por Keila Jimenez e publicada na Folha desta sexta-feira (5).
Procurada pela coluna, a Globo e fontes na produção da atração negaram a contratação de Felipe. Disseram que ele foi apenas fazer uma visita ao Projac, no Rio.
Mais tarde, a emissora confirmou a contratação.
O presidente do STF Ministro Joaquim Barbosa
O presidente do STF Ministro Joaquim Barbosa

“Ele não é refém do PODER POLÍTICO”

24/07/2013 
Joaquim Barbosa terá que explicar empresa privada. Empresa foi criada para comprar apartamento nos EUA. Barbosa terá que explicar o fato de ter adquirido o apartamento por apenas US$ 10,


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, terá que dar explicações sobre a compra de um apartamento em Miami (EUA) por cerca de R$ 1 milhão. A compra do imóvel não teria nenhuma irregularidade se não fosse pelo detalhe de que a aquisição foi feita por meio de uma empresa constituída com fins lucrativos nos Estados Unidos. O blog “O Cafezinho” publicou hoje os documentos da compra do imóvel feita pela Assas JB Corp, cujo presidente é Barbosa. A constituição da empresa contraria a Lei da Magistratura que não permite a um juiz ou ministro da Justiça ter cargo em empresa privada.

Os documentos, conseguidos pelo blog "O Cafezinho" num cartório de Miami, apontam que o cargo de presidente da Assas JB Corp, exercido por Barbosa, também pode estar infringindo o Estatuto dos Servidores Públicos da União, que proíbe aos que exerçam carreiras de estado de participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada. A formação da empresa por Barbosa teve como objetivo evitar o pagamento de impostos com a transferência do imóvel a seus herdeiros após sua morte.

Ao ser comprado por pessoa jurídica, o apartamento de Barbosa em Miami deixa de pagar quase 50% de seu valor em impostos no caso de transferência para os herdeiros. Além do problema com o cargo administrativo de uma empresa privada, Barbosa terá ainda que explicar o fato de ter adquirido o apartamento por apenas US$ 10 de Alicia Lamadrid, o que pode resultar em explicações ao fisco no Brasil.


Jornal do Brasil


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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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Os paradoxos e a verdade - Teria Roberto Jefferson selado o pacto com o beijo de fidelidade?

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Os paradoxos e a verdade

Fernando Soares Campos

Creio que, em determinados casos, aquilo que um tribunal de exceção mais teme é exatamente que o réu fale a verdade. Sei que é estranho alguém afirmar tão aparente disparate, porém, se pararmos pra pensar, talvez isso não reflita contrassenso, mas, sim, tão somente um paradoxo.

Vou tentar esclarecê-lo.

Tive um amigo em Minas Gerais, companheiro de labuta, com quem me associei num pequeno empreendimento. Andávamos pelo interior do Estado vendendo determinada mercadoria em pequenos estabelecimentos comerciais. Certo dia, depois do almoço em modesta lanchonete, ele me confidenciou que já fora “bandido” e me contou algumas de suas aventuras no submundo do crime. Entretanto, quase nenhuma daquelas histórias me surpreendeu, considerando o desenrolar dos fatos, as tramas e as habilidades (malandragens) para se livrar de flagrantes delitos; era tudo muito verossímil, como nos romances policiais. Entretanto, certo detalhe em uma de suas histórias me levou a pensar cada vez mais no disparate (ou paradoxo) que expus acima.

Meu companheiro me contou que já havia “trabalhado” no ramo de compra e venda de dinheiro falso (redundância?!). Disse que os lucros eram fabulosos e que tudo estava indo muito bem, pois seus comparsas nos âmbitos das polícias civil e militar lhe davam cobertura e garantiam que estavam amparados por coniventes elementos no Judiciário. Mas ele afirmou que tinha consciência de que, mesmo nessas condições, um dia a casa cai, portanto tratou de amealhar considerável patrimônio, a fim de assegurar o sustento da sua família, caso “perdesse pros homens” numa parada sinistra, o que realmente aconteceu. E foi aí que a porca torceu o rabo.

Submetido a interrogatório em uma delegacia, identificou entre seus inquisidores alguns de seus próprios parceiros da quadrilha em que atuava, os quais, segundo ele, eram os mais enérgicos na condução dos trabalhos de investigação. Em alguns momentos, eles explodiam coléricos, esbofeteando e espancando-o sob uma sucessão de pergunta aos berros: “Quem são seus parceiros?!”, “Onde eles estão?!”, “Quem fornece o dinheiro falso?!”, “Onde é a oficina de fabricação da muamba?!”, “Fala!”.

E tome bordoadas e perguntas.

Meu amigo me falou que, em determinado momento, teve vontade de dizer: “Porra, companheiros, fiquem frios! Tranquilizem-se! Vocês não precisam exagerar, eu não vou entregar ninguém!”. Mas conteve-se, pois confiava no bom senso dos comparsas e entendia que, naquele teatro, eles saberiam estimar suas forças físicas e sua resistência emocional. E foi o que aconteceu.

Ele sabia que, se falasse a verdade, destruiria a todos ou, pior, somente a ele. A todos porque, entre os seus parceiros diretamente coniventes, havia também os indiretamente conluiados com os colegas de trabalho, rabos presos por comportamentos baseados em suposta “ética corporativa”, assim sendo, o mais provável é que somente ele fosse eliminado.

Acabei de me lembrar de Roberto Jefferson. Estranho...

Acredito que existem duas diferenças básicas entre Jefferson e o meu amigo: este é um ex-bandido, um indivíduo regenerado, e, quando na ativa, foi pego involuntariamente como bode expiatório, boi de piranha; enquanto Jefferson assumiu voluntariamente o papel de alcaguete, calculadamente, acreditando que usufruiria o benefício da “delação premiada”, porém sem ser considerado “delator”. Na prática, isso tem acontecido, mas ele rejeita a pecha de “dedo-duro” imputada por Roberto Civita, o capo de tutti i capino ramo mídia venal.

Pausa pra refrescar a memória.



A frase E de Roberto Jefferson, insatisfeito com a reportagem dEste FIM de semana da revista, Que SUGERE Que elementos RECEBA o Perdão judicial Pela delação Que fez

23 DE SETEMBRO DE 2012ÀS 18:37
247 - Neste domingo, em Vésperas de ter SUA Sentença Definida Pelo Supremo Tribunal Federal, Roberto Jefferson, presidente do PTB, se dedicou a postar los Seu blogue. Negou O Papel de dedo-duro e disparou Ataques contra a revista Veja, Opaco, Nesta Semana, publicou reportagem sugerindo Que elementos Podera receber o Perdão judicial, n'uma especie de delação Premiada. "Ja Ja o Civita morre, DEPOIS de ter vivido UMA vida apodrecida, e, Finalmente, o Controle editorial da" Veja "muda e, Quica, muda parágrafo Melhor", escreveu. Leia OS mensagens de Jefferson:

(...)

E POR Falar A Verdade ... 
Bem que me ofereceram a delação Premiada. Mas eu a recusei, porqué delação E Coisa de canalha. Localidade: Não pedi a delação e tambem não uma Aceito. E FICA uma dica: se me oferecerem, recuso Novamente. A MIM me basta uma Denúncia Que JÁ Fiz, uma luz Que eu JÁ acendi no Brasil, POIs continuo a Agir Desta forma, a soluçar luz. 

(...)

E POR Falar uma mentira ... (2) 
ASSIM, POR Falar da mentira, Não Custa esclarecer a Verdade: a revistinha Diz Que eu Teria confessado o Recebimento de R $ 4 Milhões parágrafo Opaco Meu Partido, o PTB, apoiasse o Governo Lula. Mentira! Mentira deslavada e das desonestas Mais! O Dinheiro Que Nunca neguei ter Sido entregue AO Partido, Bem porqué Nunca neguei UO manipulei A Verdade Como de praxe E uma revistinha Fazer, Nao era Nunca NEM FOI parágrafo comprar Apoio. Era Dinheiro parágrafo como Campanhas eleitorais Municipais Qué entao si avizinhavam, COMO SE avizinham um CADA Quatro Anos. Mentira Capenga e manca, porqué o PTB, entao, JA era base de apoio do Governo Lula e, POR ISSO, Nao precisava Ser vendido. Mentira manca, de Tão Curtas Que São como Pernas, porqué o PTB Nunca Esteve à venda. E JÁ Que a "Veja" Precisa corrigir SUAS letras, PODE also explicar cais Quais d'Orsay os "muitos Casos de Corrupção" Que me atribuiu los Mais UMA frase desconexa da revista Opaco então sirva de Ataque Gratuito e mentiroso. 

[Para ler os outros posts, clique no título da matéria]

Roberto Jefferson é fluminense, nasceu em Petrópolis, mas conhece bem a alma carioca, principalmente dos guetos da malandragem e do submundo do crime. Ele sabe que, no Rio, o mais odiado vacilão é o alcaguete, o xis-nove, o dedo-duro. Nos mafiosos grupos organizados ou em meio ao caos da plebe bucha de canhão, ninguém os perdoa, muitos viraram cinza no “micro-ondas”, pois a alcaguetagem é considerada, como o próprio Jefferson declara em postagem no seu blog, “coisa de canalha”.

Porém, como não considerar alcaguete um sujeito que, bem antes de denunciar publicamente seus supostos companheiros, espalhou aos quatro cantos o boato de que eles estariam cometendo um crime? Sim, porque foi isso que o Jefferson fez: boatou por todo o Planalto Central que o governo Lula estaria comprando o apoio de parlamentares de sua própria base aliada. Durante alguns meses ele plantou o boato sobre aquilo que, ao deflagrar o golpe, declarou à imprensa que se tratava de uma substancial mesada que o governo pagava aos seus aliados, a fim de que eles votassem a favor de matérias de seu interesse, o que o jornal Folha de S. Paulo batizou de “mensalão”.

Jefferson não tinha argumentos suficientes para atacar seu maior desafeto no Governo Lula, o ministro José Dirceu, pois suas investidas contra este se fundamentavam apenas em elementos de natureza pessoal: despeito, inveja e ódio pelo obstáculo que Dirceu representava para a realização de seus escusos projetos pessoais.

Porém bem sabemos que qualquer organização social ou antissocial estrutura-se sob uma escala hierárquica, assim sendo, Jefferson podia recorrer aos seus superiores no âmbito da sua atuação delinquente. E foi assim que se juntaram a fome e a vontade de comer.

Jefferson e seus comparsas, com o aval do capo dei capi no ramo mídia venal, armaram o escândalo dos Correios, onde mantinham, em posto avançado, Maurício Marinho, o capataz que se prestou a encenar o papel de arrecadador de propina no varejo.

O teatro foi armado, a mídia teve acesso fácil à gravação do delito: Maurício Marinho recebendo os três mil reais, dando uma paradinha para a câmera “discreta” antes de embolsar a propina, falando claramente de Jefferson como sendo o grande chefe num fabuloso esquema de corrupção.

Jefferson havia se entregado ao sacrifício, a mídia mafiosa veiculou insistentemente a gravação em que ele era apontado como corrupto-mor daquele esquema, uma falsa acusação da qual ele teria que se defender. Realmente não existia o tal esquema, afinal, já fazia muitos anos que Jefferson não se ocupava de ninharias, aquilo era coisa para um lump, um patifezinho qualquer do quinto escalão da turma do quinto dos infernos. No entanto, o motivo para atacar Dirceu fora plantado, e Jefferson o acusou de ter sido ele o autor da farsa e, em seguida, justificando-se pelo ódio que Dirceu teria lhe despertado, denunciou publicamente aquilo que antes insinuou e gerou boato em grupo restrito: o “mensalão”.

Vejamos esse artigo na Wikipédia relatando o caso Escândalo dos Correios:

O chamado escândalo dos Correios ocorreu em maio de 2005, no Brasil, após denúncias de irregularidades praticadas na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
A crise iniciou-se quando uma fita de vídeo que mostrava um ex-funcionário dos Correios e Telégrafos, Maurício Marinho, negociando propina com um suposto empresário interessado em participar de uma licitação, e mencionando ter o respaldo do deputado federal Roberto Jefferson, do PTB do Rio de Janeiro.
A fita foi gravada por Joel Santos Filho comandado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, esse advogado curitibano que, fazendo-se passar por empresário com a unica intenção de criar embaraços às autoridades e assim plantar alguém de seu grupo na diretoria dos Correios, cuja mão aparece no vídeo, flagra Maurício Marinho não apenas recebendo dinheiro para fim de licitação fraudulenta, mas ainda descrevendo um assombroso esquema de corrupção. O objetivo da gravação foi apenas o de denunciar a corrupção para assim conseguir desmantelar um sistema de propina para implantar outro sob seu comando[PressAA: Isso foi o que falaram para o grupo que agiu, os mão-na-massa; mas não tem lógica, o objetivo era outro; só bandido muito ingênuo acreditaria nisso, pois, naquela fase em que a Polícia Federal estava agindo exemplarmente, e o governo se cercava de todos os cuidados para não cair em desgraça, um escândalo desses forçaria as autoridades a redobrar os cuidados, além de se livrar de um sujeito nada confiável como Roberto Jefferson. A partir de então, ninguém conseguiria implantar outro esquema de propina ali tão facilmente], como ninguém fez questão de investigar, até agora quando ficou óbvio que a veja agiu sob a batuta de Cachoeira a quem Policarpo Junior, editor da veja em Brasília respondia. Os dados acima editados podem ser conferidos na versão original do relatório da CPI do Cachoeira. [PressAA: instalada em 25 de abril de 2012.]
Jefferson inicialmente negou sua participação na corrupção praticada na empresa, porém, quando pressionado, pensando ter sido 'rifado' pelo PT, ignorando a armação de Cachoeira [PressAA: ele não ignorava nada, ele sabia que tudo aquilo havia sido armado para gerar o motivo de sua falsa denúncia da compra de votos dos parlamentares, e foi o que realmente aconteceu], denunciou outro esquema de corrupção, que já funcionava desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso, que o deputado do PDT Miro Teixeira chamou de mensalão[Miro apenas repetiu o termo usado pelo jornal Folha de S. Paulo, depois da entrevista de Jefferson, denunciando o tal esquema, que ele depois negou em diversas ocasiões; antes disso, Miro acusou Jefferson de ter feito os tais boatos, disse inclusive que o aconselhou a denunciar o tal esquema na tribuna da Câmara, mas Jefferson havia se negado a fazê-lo. Na verdade Jefferson estava apenas plantando o boato para depois deflagrar a farsa do “mensalão”], revelação que levou à eventual descoberta de outro esquema de corrupção ainda mais grave.[Este foi o verdadeiro objetivo da armação do teatro nos Correios: dar motivo a Jefferson para fingir  indisposição com Dirceu, se declarar traído, achincalhado, humilhado e caluniado por Dirceu, acusado por Jefferson de ter armado o escândalo dos Correios. Assim motivado, Jefferson denunciou o tal “mensalão”.]
A Polícia Federal investigou o escândalo dos Correios, sendo que o Inquérito Policial, presidido pelo Delegado de Polícia Federal Daniel de A. França dos Anjos indiciou diversas pessoas, inclusive o ex-deputado federal Roberto Jefferson. A revista Veja publicou trechos do Relatório da Polícia Federal e chamou de primorosa a investigação realizada pela PF. [Claro, na época, em meio a toda aquela confusão, nada realmente esclarecido, a Veja, tendo alcançado seu principal objetivo, o de dar corda a Jefferson, tinha mesmo o que elogiar.]
O inquérito policial gerou uma denúncia criminal em que todos os indiciados foram denunciados pelo MPF.



Cronologia do Mensalão

Caso surgiu após revelações na CPI dos Correiros em 2005 e foi a julgamento no STF em 2012

 

18 de setembro de 2013

Liz Batista
Reveja a cobertura do caso do Mensalão através das páginas do Estado:

2005
10/5- 
 Vem a público vídeo que mostra Maurício Marinho, então diretor dos Correios recebendo  propina. O deputado Roberto Jefferson do PTB é apontado como chefe do esquema de corrupção nos Correios.
07/6- Acuado, o deputado Roberto Jefferson (PTB) faz denúncias sobre esquema de compra de votos realizado pelo PT em entrevista. Segundo o deputado o partido pagava mesadas de R$30 mil para que parlamentares votassem a favor do governo Lula na Câmara. Jefferson chama o esquema de 'mensalão'.
08/6- Instaurada CPI dos Correios. Após depoimento do deputado Roberto Jefferson, as investigações sobre o mensalão são iniciadas.


12/6- O publicitário mineiro Marcos Valério é apontado pelo deputado Roberto Jefferson como articulador financeiro do esquema.
14/6- Roberto Jefferson (PTB) afirma ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que informou os ministros Miro Teixeira, Walfrido Mares Guia, Aldo Rabelo, Antônio Palocci, José Dirceu e Ciro Gomes sobre o esquema de pagamento aos parlamentares. [PressAA: Muitos deles não negam que ouviam Jefferson fazer essas acusações, mas aconselhavam ele a denunciar o tal esquema na tribuna da Câmara, o que ele se negava a fazer, pois, na verdade, estava apenas plantando boatos para, quando realizassem o teatro dos Correios, mostrar-se indignado com o Dirceu e, aí sim, deflagrar a mentira maior, a que realmente interessava aos seus superiores.]
16/6-  Apontado por Roberto Jefferson como chefe do esquema de compra de votos, o ministro José Dirceu renuncia à chefia da Casa Civil. E retorna às atividades parlamentares na Câmara dos Deputados.
20/6- Dilma Rousseff assume Casa Civil.
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Mas o que tudo isso tem a ver com meu amigo ex-bandido e Roberto Jefferson?

Por que, em determinados casos, aquilo que um tribunal de exceção mais teme é exatamente que o réu fale a verdade?

Observe que meu amigo regenerado aguentou firme todo tipo de tortura, física e psicológica, além de ter tirado “férias em uma colônia penal”, e mesmo assim não falou, não entregou os comparsas. Os seus inquiridores tinham medo de que ele falasse a verdade, espancavam-no apenas para demonstrar que não tinham nenhum relacionamento com ele, e ele entrou no clima, fez o jogo até o final. Por isso continua vivo.

Jefferson, até aqui, tem sido tratado a pão-de-ló, exceto pelo fato de discordar da pecha de “alcaguete”, que seus próprios pares lhe imputam. Entretanto, a tortura de Jefferson é mais grave do que se possa pensar. Ele, ao se deixar usar como falsa testemunha, acreditava que tudo não passaria de um escândalo, pois sempre apostou na impunidade. Ele e até mesmo seus pares mais graduados acreditavam nisso, queriam apenas tirar proveito político: provocar o impeachment de Lula ou, pelo menos, destruir sua força moral, fazendo com que ele se arrastasse indolente até o final do seu mandato, quando essa oposição golpista faturaria com o escândalo e retomava o poder através das urnas. Quebraram a cara, pois, forçando, gradativamente, a queda dos superministros de Lula (Dirceu e Palocci), ao invés de enfraquecê-lo, despertaram o gigante, obrigaram ele a trabalhar como sabe; eliminaram, na verdade, os elementos que eles mesmos acusavam de ser as eminências pardas do governo. Aí apareceu o verdadeiro comandante: Luiz Inácio Lula da Silva.

Jefferson aceitou, muito contrariado, a sua cassação, um fato de certa forma previsto, mas não dado como favas contadas, até que realmente aconteceu. Jefferson acreditava que, em caso de impeachment de Lula, ele até se passaria por herói, o que não aconteceu quando da queda de Collor de Mello, momento em que Jefferson, aliado do governo, foi o mais enfático defensor do “patrão”.

Quando Jefferson caiu em si e viu que a coisa era pra valer, tentou tumultuar o processo: desmentiu suas próprias declarações sobre o “mensalão”, passou a falar a verdade, que tudo não havia passado de “caixa 2”, mas aí já era tarde: à Corte já não interessava a verdade, só as mentiras de Jefferson. Entrou em cena o tal de “domínio do fato”.

Por enquanto, Jefferson acredita que não será preso, espera que não, pois, se for, terá que ficar “no seguro”, como qualquer xis-nove pé-de-chinelo, pois a bandidagem odeia esse tipo de canalha. Jefferson, malandro que “evoluiu” no submundo do crime, sabe disso e está se borrando.

Eu nunca ouvi falar em máfia que entrega um dos seus na condição de delator. “Nosso dedo-duro”.

Será que Jefferson, ao assumir o pacto com o seu capo dei capi, beijou a boca dos membros do seu clã? Este é um símbolo de máxima fidelidade, o beijo sela o compromisso de que, caso aquele a quem lhe foi confiada uma missão seja preso, jamais entregará seus companheiros. Duvido muito, pois, macho como ele diz ser, pode até aceitar ser taxado de alcaguete; jamais, de viado!



"Tenho a plena certeza de que cumpri minha missão, mesmo que tenha pago um alto preço", escreveu nesta manhã o delator do chamado 'mensalão', Roberto Jefferson, pelo Twitter; ex-deputado, condenado a sete anos pelo Supremo Tribunal Federal, pode ser preso ainda nesta segunda-feira
18 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 13:23
247 – Delator do chamado 'mensalão', o ex-deputado Roberto Jefferson disse nesta segunda-feira 18 que "tudo valeu a pena". "Tenho a plena certeza de que cumpri minha missão, mesmo que tenha pago um alto preço", escreveu o ex-presidente do PTB, pelo Twitter. Jefferson foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e poder ter sua prisão determinada ainda hoje.

Só uma perguntinha: Quem lhe delegou essa tal “missão”?


É muito difícil alguém que mente compulsivamente não se entregar em pequenos atos falhos. 
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Leia também...



CPLP

O Mensalão - ópera bufa com trilha sonora erudita
O Mensalão - ópera bufa com trilha sonora erudita
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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Do Escândalo dos Correios ao julgamento do mensalão: Quais os planos dos golpistas?

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Significado da prisão de Dirceu e Genoino

25.11.2013
Significado da prisão de Dirceu e Genoino. 19274.jpeg
Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A democracia se consolida nos grandes processos bem conduzidos de inclusão social e política.

Em determinados momentos da história, emergem novas forças políticas, inicialmente em estado bruto, ganhando espaço com a radicalização do discurso contra o status quo.

Em todos os tempos, as democracias passam por processos de estratificação nos quais os grupos que chegaram antes ao poder levantam um conjunto amplo de obstáculos - políticos, econômicos e legais - para impedir a ascensão dos que chegam depois.

Trava-se, então, uma luta feroz, na qual os grupos emergentes radicalizam o discurso, enfrentam as leis, as restrições e vão abrindo espaço na porrada.

É a entrada definitiva no jogo político que disciplina esas forças, enriquece a política e reduz os espaços de turbulência. Todos ganham. Rompe-se a inércia dos partidos tradicionais, amaina-se o radicalismo dos emergentes; abre-se mais espaço para a inclusão; permite-se uma rotatividade de poder que derruba a estratificação anterior.
Sem essas lideranças, as disputas políticas iniciais enveredam para o conflito permanente, deixando o legado de nações conflagradas, como na Colômbia e no México.
Daí a importância essencial dos líderes que unificam a ação, impedem a explosão das manadas e montam estratégias factíveis de tomada do poder dentro das regras do jogo.

Acabam enfrentando duas espécies de incompreensão. Dos adversários políticos, a desconfiança sobre suas reais intenções, manobrando o receio que toda sociedade tem em relação ao novo. Dos aliados, a crítica contra o que chamam de "acomodamento", a troca do sonho por ações pragmáticas.
Em seu estudo sobre Mirabeau, Ortega y Gasset define bem o perfil do estadista e de outros personagens clássicos da política: o pusilânime e o intelectual. O estadista só tem compromisso com a mudança do Estado. É capaz de alianças com o diabo, desde que permita a suprema ambição de mudar um país, um povo. Já o intelectual se vale todos os argumentos do escrúpulo como álibi para a não ação.
Aliás, nada mais cômodo que o niilismo de um Chico de Oliveira, do bom mocismo de Eduardo Suplicy, dos homens que pairam acima dos conflitos, como Cristovam Buarque, dos apenas moralistas, como Pedro Simon. Para não se exporem, não propõem nada, não se comprometem com nada, a não ser com propostas genéricas de aprovação unânime que demonstrem seus bons sentimentos, sua boa índole, sua integridade intelectual - e que quase nunca resultam em mudanças essenciais.

As mudanças no PT

É por esse prisma que deve ser analisada a atuação não apenas de Lula, mas de José Dirceu e José Genoíno.

Ambos passaram pela luta armada. Com a redemocratização, ingressaram na luta política e das ideias. E ambos foram essenciais para a formação do novo partido e para a consolidação do mito Lula.

Na formação do PT, cada qual desempenhou função distinta.

José Genoíno sempre foi o intelectual refinado. Durante um bom período dos anos 90 tornou-se um dos mais influentes formadores de opinião do Congresso e do país, com suas análises sobre regimento da Câmara, sobre reforma política, sobre defesa.

Já José Dirceu era o "operador", trabalhando pragmaticamente para unificar o PT em torno de um projeto de tomada do poder e, a partir daí, de reformas.

A estratégia política do PT passava por sua institucionalização, por um movimento em direção à centro-esquerda, ocupando o espaço da socialdemocracia aberto pelo PSDB - devido à guinada neoliberal conduzida por Fernando Henrique Cardoso e à ausência de lideranças sindicais.

Não foi um desafio fácil. O PT logrou juntar  em torno de si uma multiplicidade de movimentos sociais, a parte mais legítima do partido mas, ao mesmo tempo, a parte menos talhada para a tomada de poder. Foram movimentos que surgiram à margem do jogo político, desenvolvendo-se nos desvãos da sociedade civil e sem nenhuma vontade de se sujar com a política tradicional.

Por outro lado, o papel unificador de Lula o impedia de entrar em divididas. Tinha que ser permanentemente o mediador.

O papel do operador Dirceu

Sobrava para Dirceu o papel pesado de mergulhar no barro. De um lado, com o enquadramento das diversas tendências - o que fez com mão de ferro -, dando ao PT uma homogeneidade que tirava o brilho inicial do partido, mas conferia eficiência no jogo político tradicional trazendo-o para o centro.

E o jogo político exigia muito mais do que enquadrar os grupos sociais do PT.

As barreiras eram enormes. Passava por montar formas de financiamento eleitoral, pela aproximação  com o status quo econômico, pelos pactos com os grupos que atuam na superestrutura do poder, com os operadores dos grandes interesses de Estado, pelo mercado, pelo estamento militar, pela mídia.

Dirceu foi essencial para essa transição, tanto para dentro como para fora.

Um retrato honesto dele, mostrará a liderança inconteste sobre largas faixas do PT, o único a se ombrear com Lula em influência interna e com uma visão do todo que o coloca a léguas de distância de outros pensadores do partido.

Mas também era dono de um voluntarismo até imprudente.

Lembro-me de uma conversa com ele em 1994 em Brasília, com Lula liderando as pesquisas. Falava do projeto popular do PT e do projeto de Nação das Forças Armadas, sugerindo um pacto não muito democrático.

Não por outro motivo, em diversas oportunidades Lula confessou que, se tivesse sido eleito em 1994, teria quebrado a cara.

Com o tempo, o voluntarismo foi sendo institucionalizado. Internamente, no governo, Dirceu exercia uma pressão similar à de Sérgio Motta sobre FHC. Queria avançar mais, queria menos cautela na política econômica, queria um projeto de industrialização.

Sua grande obra de arte política, nos subterrâneos do poder, no entanto, foi ter mapeado os elos da superestrutura que garantia FHC e inserido o PT no jogo.

Esse mapeamento resultou na viagem aos Estados Unidos, desarmando as desconfianças do Departamento de Estado, dos empresários e da mídia; a ocupação de cargos-chave no Estado, que facilitaram negociações políticas com grupos de influência. Nada que não fosse empregado pelos partidos que já haviam chegado ao poder e que precisaram garantir a governabilidade em um presidencialismo torto como o nosso.

O veneno do excesso de poder

Assim como Sérgio Motta, no entanto, as demonstrações de excesso de poder tornaram-no alvo preferencial da mídia.

Trata-se de uma regra midiática clássica, que não foi seguida por ambos. Quando a mídia sente alguém com superpoderes, torna-se um desafio derrubá-lo. Com exceção de ACM e José Serra - a quem os grupos de mídia deviam favores essenciais e, em alguns casos, a própria sobrevivência -, todos os políticos que exibiram musculatura excessiva - de Fernando Collor ao próprio FHC (no período de deslumbramento), de Sérgio Motta a José Dirceu - terminaram fuzilados.

No auge do poder de Dirceu, creio que foi o Elio Gaspari quem o alertou para o excesso de exibição de influência. Foi em vão.

O reinado terminou em um episódio banal, a história dos R$ 3 mil de propina a um funcionário dos Correios. Tratava-se de uma armação de Carlinhos Cachoeira com a revista Veja, visando desalojar o grupo de Roberto Jefferson para reabilitar os aliados de Cachoeira (http://bit.ly/19sMvtX).
[PressAA: Nunca se chegou a uma conclusão objetiva sobre a verdadeira intenção do grupo criminoso que armou o Escândalo dos Correios. Toda as análises apontam para isso, a de que "visavam desalojar o grupo de Roberto Jefferson para reabilitar os aliados de Cachoeira", porém os analistas se baseiam nos depoimentos da própria bandidagem. Entretanto, a lógica dos fatos não corrobora essa opinião. Leia texto no final desta postagem.]
O que era claramente uma operação criminosa midiática, de repente transformou-se em um caso político, por mero problema de comunicação. Roberto Jefferson julgou que a denúncia tinha partido do "superpoderoso" Dirceu, para amainar sua fome por cargos. E deu início ao episódio conhecido por "mensalão".

E aí Dirceu - e o próprio Genoíno - sentiram o que significa ter chegado tardiamente ao jogo político, não dispor de "berço" e de blindagem contra as armadilhas institucionais do Judiciário e da mídia.

A cara feia da elite

É uma armadilha fatal. Para chegar ao poder, tem que se chegar de acordo com as regras definidas por quem já é poder. Mas, sem ter sido poder, não se tem a mesma blindagem dos poderosos "de berço".

O episódio do "mensalão" acabou explodindo, revelando - em toda sua extensão - a hipocrisia política e jurídica brasileira, o uso seletivo das denúncias, o falso moralismo do STF (Supremo Tribunal Federal).

Nos anos 40, Nelson Rockefeller tinha um diagnóstico preciso sobre o subdesenvolvimento brasileiro: havia a necessidade de um choque de modernidade, de criação de uma classe média urbana que superasse o atraso ancestral das elites brasileiras, dominada pelo pensamento de velhos coronéis.

Uma coisa é a leitura fria dos livros de história, as análises de terceiros sobre a República Velha, sobre o jogo político dos anos 30, 40, 50. Outra, é a exposição dos vícios brasileiros em plena era da informação.

Para a historiografia brasileira, o "mensalão"é um episódio definitivo, para entender a natureza de certa elite brasileira, a maneira como o conservadorismo vai se impondo, amalgamando candidatos a reformadores de poucas décadas atrás, transformando-os em cópias do senador McCarthy. E não apenas no discurso antissocial e na exploração primária ao anticomunismo mais tosco, mas na insensibilidade geral, de chutar adversários caídos, de executar adversários moribundos no campo de batalha, de abrir mão de qualquer gesto de grandeza.

Expõe, também, de maneira definitiva as misérias do STF.

Aliás, Lula e o PT foram punidos pela absoluta desconsideração pelo maior órgão jurídico brasileiro. Só o desprezo pelo STF pode explicar a nomeação de magistrados do nível de Ayres Britto, Luiz Fux, Joaquim Barbosa e Dias Tofolli, somando-se aos inacreditáveis Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Mello, à fragilidade de Rosa Weber e Carmen Lucia e ao oportunismo de Celso de Mello.

O resultado final do julgamento foi o acirramento da radicalização, o primado da vingança sobre a justiça, a exposição do deslumbramento oportunista de Ministros sem respeito pelo cargo.

No plano político, sedimentam no PT a mística de Genoino e Dirceu.

Se deixam ou não o jogo político, não se sabe. Mas, com sua prisão, fecha-se um ciclo que levou um partido de base ao poder, institucionalizou um novo jogo político e, sem o radicalismo dos sonhadores sem compromissos, permitiu mudar a face social do país.

Não logrou criar um projeto de Nação, como pensava Dirceu. Mas deixou sua contribuição para a luta civilizatória nacional.

A democracia brasileira deve muito a ambos.
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PressAA: Nassif repete nesse seu texto o que toda a mídia empresarial divulga desde o primeiro momento em que foi deflagrado o Escândalo dos Correios, há 8 anos: “Tratava-se de uma armação de Carlinhos Cachoeira com a revista Veja, visando desalojar o grupo de Roberto Jefferson para reabilitar os aliados de Cachoeira

Porém essa conclusão não se sustenta se atentarmos para os seguintes fatos:

1)    Muito antes da deflagração do Escândalo dos Correios, Roberto Jefferson já espalhava o boato de que o Governo Lula estaria comprando o apoio de parlamentares para que estes votassem a favor de matérias de seu interesse na Câmara. (Conferir depoimento de Jefferson no dia 14/6/2005, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados ). Jefferson falou que havia “informado” tal conduta corruptora aos ministros Miro Teixeira, Walfrido Mares Guia, Aldo Rabelo, Antônio Palocci, José Dirceu e Ciro Gomes. Muitos deles não negam que ouviam Jefferson fazer essas acusações, mas o aconselhavam a denunciar o tal esquema na Tribuna da Câmara, o que ele se negava a fazer, pois, na verdade, estava apenas plantando boatos para, quando realizassem o teatro dos Correios, mostrar-se indignado com o Dirceu e, aí sim, deflagrar a mentira maior, a que realmente interessava aos seus superiores.

2)    Desde quando um sujeito como Jefferson estaria preocupado com alguém que estivesse corrompendo a ele próprio? Pois foi isso que ele “assumiu” quando denunciou publicamente o que chamou de “mensalão”, falou até mesmo quanto havia recebido, mas nunca provou o recebimento de sua cota. Os analistas em geral aceitaram, imediatamente, a declaração de Jefferson de que o Escândalo dos Correios teria sido montado por Dirceu, usando elementos da Abin. Desfeita essa hipótese, com os depoimentos e confissões que revelam a verdadeira autoria do escândalo, comprovando-se que foi montado pelo grupo mafiosos Cachoeira/Policarpo da Veja, e que Dirceu não tinha nada a ver com a armação, continuam, porém, até o momento, afirmando que Jefferson não sabia do esquema, que fora traído: por mero problema de comunicação. Roberto Jefferson julgou que a denúncia tinha partido do "superpoderoso" Dirceu, para amainar sua fome por cargos. E deu início ao episódio conhecido por "mensalão".”

3)    Por que Jefferson espalhava o boato de que o Governo Lula estaria comprando a consciência de parlamentares de sua própria base aliada? Por que ele foi dizer isso para o próprio Dirceu? Baseado nos detalhes de sua denúncia pública posterior ao Escândalo dos Correios, quando ele descreve os valores distribuídos, inclusive as somas das cotas de seu partido, dá a impressão que ele falou para o Dirceu: “Vocês estão nos comprando. Eu estou recebendo e pagando a cota de cada parlamentar do meu partido. Mas isso não está certo! Eu amo meu país! Eu não aceito esquemas de corrupção! Sou um homem honesto!”. Não?! Então ele teria dito: “Vocês estão comprando os votos da oposição, pois esta oposição está votando a favor de algumas matérias de interesse do governo!”. Sim, aí a acusação de Jefferson teria alguma lógica, podia não ser verdade, mas teria lógica, visto que a oposição votava em muitas matérias que favoreciam os interesses do governo. Faziam isso quando não queriam ficar feio na fita diante da população, mas até protestavam, diziam estar dando um voto de confiança ao governo.

4)    Por que precisariam de um escândalo para afastar Jefferson e montar um esquema maior, mais sofisticado, mais eficiente, de corrupção nos Correios? Ora, considerando-se o que insinuam sobre Jefferson, este seria um pé-de-chinelo no ramo, nesse caso, nada impediria a montagem de um esquema mais amplo. Na verdade, esse esquema maior já existia desde áureos tempos para corruptos, e o esqueminha atribuído a Jefferson não representava qualquer obstáculo. A verdadeira pedra no caminho era o Governo Lula, com ministros como Dirceu e a Polícia Federal reestruturada. O governo NÃO TINHA nem tem TOTAL controle sobre as negociações entre seus funcionários e fornecedores. Transgressões às leis podem ser identificadas pela vigilância de órgãos competentes, os quais, por sua vez, são operados por seres humanos, muitos deles potencialmente inclinados a corromperem-se. No Brasil ou na China, no Paraguai ou na Suécia, nenhum governo está perfeitamente protegido contra atos de corrupção.

5)    O argumento de que pretendiam afastar Jefferson para implantar um esquema maior só encontra traço de lógica se admitirmos que, com a queda de Jefferson e o escândalo a partir das denúncias dele (o caso “mensalão”), ambos os escândalos culminassem com a derrocada do governo petista; fosse por imediato impeachment de Lula, ou pelo desgaste de seu governo até as eleições do ano seguinte. Sim, existe a possibilidade de que a máfia previra essas possibilidades. Mas Jefferson tinha consciência de tudo isso, e aquilo que os fatos revelam é que ele participou ativamente dos planos.

6)    Jefferson chegou a negar que conhecia Mauricio Marinho, mas uma proprietária de restaurante em Goiás afirmou que eles almoçaram juntos em seu restaurante dias antes de deflagrado o Escândalo dos Correios.

7)    Para entender um pouco melhor, leia o trecho final do artigo “O Dimasduto e os telejornais”, publicado no diário espanhol La Insignia, em 3/2/2006:


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La insignia
3 de fevereiro de 2006

Brasil


Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2006.

(...)

Quanto ao Roberto Jefferson (PTB-RJ - presidente do partido), o governo Lula permitiu que este indicasse alguns afilhados para diretorias dos Correios, onde Jefferson plantou Maurício Marinho, um dos seus capachos.

Bom, lá estava Lula tocando seu governo, arrumando as finanças do País, criando seus programas de assistência social, viajando mundo afora, em busca de novas parcerias comerciais para o Brasil, tudo na quase santa paz. Mas não sabia ele que a turma de FHC estava aprontando.

Jefferson, sujeito ganancioso, não andava nada satisfeito, pois o pessoal do PT não estava mais permitindo recebimento de propina, marcava no pé, mesmo não podendo escapar de certas falcatruas, pois são 500 anos de corrupção, e os camaradas têm norrau (pronuncia-se know-how). Tanto é que a Skymaster, empresa aérea que freta suas aeronaves para os Correios, e financiou uma parcela da campanha do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM - líder do partido), ganhou nova concorrência neste governo. Mas que estava difícil tirar dinheiro à base de propina, isso é verdade. E aí não tem Jefferson que agüente ter seus afilhados em cargos de "confiança" e não poder mamar nas tetas que o cargo representa. O homem ficou puto da vida. Mas teve uma brilhante idéia: saiu dizendo pra todo mundo que o PT estava comprando votos de seus aliados, a fim de que estes permanecessem fiéis ao governo e votassem em seus projetos. Até para o presidente Lula ele contou essa. Quando o chamavam para denunciar isso no plenário da Câmara, Jefferson saltava fora, desconversava. Afinal, aquilo fazia parte de seu macabro plano para desmoralizar e, se possível, acabar com o governo.

Segunda etapa do plano Jefferson (só do Jeff?).

Ele chamou seu cupincha Maurício Marinho e disse:

- Mauricinho, sabe que tu tens uma pinta de galã?

- Eu, chefinho?! 

- Sim, tu mesmo. E pra provar que estou falando a verdade, até já arranjei um papel pra tu num filme que estou produzindo. 

- Nem acredito! 

- Pois pode botar fé. Tu vais ser o meu Dimas Toledo lá nos Correios. 

- E cumé que eu faço? Cadê o script? 

- Taqui, ó - Jefferson entregou o roteiro da peça a Mauricinho.

Depois de dar uma corujada nos originais, Marinho aceita seu papel em "Três merrecas prum corrupto de terceira".

Marinho ainda contestou:

- Ô, chefinho, num é pouco demais não?! Só três merrecas!! Meus filhos vão reclamar! Lá na escola deles, os coleguinhas vão dizer: "Meu pai é mais corrupto que o teu!" Num dá pra ser três milhões não?! 

- Não! Aí, como é que a gente vai dar close na grana? Se for muita bufunfa, além de não caber no teu bolso, a gente daria muita bandeira, abrindo a pasta pra dar close na propina. Vai ser só três merrecas mesmo. Você pega, dá uma paradinha, a câmera discreta dá um close, em seguida, você coloca no bolso. 

- Mas essa produção já tem distribuidores? 

- Se ainda não tem mas vai ter. Vai ser a película do ano. Se duvidar, a gente ganha um Oscar de melhor canalhice do ano.

A película foi rodada. Os produtores entregaram o filme à imprensa. Estourou o escândalo das três merrecas nos Correios. Jefferson disse que aquilo foi coisa do Zé Dirceu para incriminá-lo. Marinho disse que estava só brincado. A nação se indignou. Jefferson aproveitou a "covardia" do Dirceu, fez que ficou indignado com o chefe da Casa Civil e resolveu contar "tudo" sobre o esquema de caixa 2 do PT. Falou até que aquilo era ainda pior do que simples esquema de financiamento de campanha:

- Esse dinheiro, na verdade, era pra compra de votos dos parlamentares da base do governo. O pagamento era feito regularmente. Portanto eu o batizo de "mensalão".

A oposição vibrou:

"Joga pedra no PT! Joga bosta no Delúbio, Dirceu, Marcos Valério e outros infames! Eles foram feitos pra apanhar!, foram feitos pra cuspir! Eles dão pra qualquer um, malditos petistas!!!"

Durante os seis últimos meses de 2005, a população brasileira teve que agüentar a mídia cobrindo CPIs, esculachando o governo Lula, e os parlamentares da oposição fazendo devassa nas contas do Marcos Valério.

Jefferson e Mauricinho saíram de cena.

Agora, faz mais de um mês, surgiu outro esquema de caixa 2. Desta vez o da oposição. O DIMASDUTO. A imprensa relutou para não apresentar o caixa 2 do PSDB. Ninguém queria falar nisso. Aqui e ali, alguém tocava no assunto, assim, pelas beiras. Os petistas pressionaram. Fizeram guerrilha na internet. Bombardearam as redações. Ninguém tava nem aí.

Ontem, 1° de fevereiro, finalmente, os telejornais apresentaram o caixa 2 do PSDB, o DIMASDUTO. Mas, pasme, o fizeram como se fosse VALERIODUTO, o caixa 2 do PT. Pasmou?! Bom, nesse caso, creio que você não conhece essa gente, esses que acham que o telespectador é a cara do Homer Simpson.

A coisa foi feita assim: nenhuma palavra sobre Serra (R$7.000.000,00), Alckmim (R$9.300.000,00), Aécio Neves (R$5.500.000,00) ou outro qualquer das planilhas de Furnas. Falava-se de Furnas, caixa 2, campanha de 2002, corrupção e o bufão Jefferson, o único que "assumiu" ter recebido dinheiro (R$75.000,00), conforme consta na planilha do caixa 2 de Furnas, no governo do intelectual Fernando Henrique Cardoso.

Sei que milhões de telespectadores neste Brasilzão não entenderam patavina. Não atinaram para o fato de que aquilo eram denúncias contra o governo FHC. Pelo contrário, tudo foi montado para induzir o grande público ao erro, aquelas pessoas que não lêem as colunas dos articulistas de plantão, milhões delas. Assisti a dois telejornais: BAND e JORNAL NACIONAL (este nem fez chamada na abertura do programa). Ambos trataram a matéria de forma idêntica: nada de Serra, nada de Alckmim, nada de Aécio nem de outro político qualquer que conste no rol dos que supostamente receberam dinheiro; exceto Goldman, que foi citado por ter espinafrado o governo Lula.

Nos jornais impressos, comenta-se e até se dá os nomes (nas planilhas constam uns dois caminhões deles), mas nos telejornais, que seria o fato tratado no atacado, para o grande público, nada! Se fosse valerioduto de verdade, teria: Lula (na cabeça), Dirceu (mesmo chutando cachorro morto), todos os governadores, senadores e deputados que, supostamente, receberam por fora na campanha de 2002.

As planilhas existem, tornaram-se públicas via internet, não dá pra esconder do público leitor, precisava-se dar uma satisfação a esse público que exige, para o governo FHC e seus aliados, o mesmo tratamento bombástico ("O maior esquema de corrupção do mundo!!!") que deram ao caixa 2 petista.

Jefferson foi lá fazer seu papel, o mesmo desde o início. Disse que recebeu 75 merrecas. Até parecia que ele estava sendo imparcial. Mentira, tudo mentira, teatro.

Na TV, fizeram-lhe a pergunta:

- Você acha que "alguém" mais na lista recebeu dinheiro? (grande pergunta!) 

- Não sei, pergunte a "eles", eu respondo por mim (foi nesses termos).

Mas esse "alguém" e "eles" não tinham nomes nos telejornais.

Ninguém pode duvidar que Jefferson foi lá, mais uma vez, fazer o seu papel, dar continuidade à explosiva denúncia que armou contra o PT no ano passado. Jefferson conhece bem o papel que desempenhou. As redações sabem o que fazem.

Talvez agora ele saia de cena de uma vez por todas. Apesar de já ter apresentado sua filha como candidata para as próximas eleições.

No jornalismo brasileiro sempre teve essa coisa: um papo para os letrados e semiletrados, nos jornais impressos; outro para o grande público, na televisão: "De Boner para Homer".


P.S.: Se alguém achar que alguma coisa neste artigo não bate com a verdade, vá reclamar nas redações dos telejornais, pois, baseado em suas veiculações, foi o que entendi.

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PressAA


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Dilma deve libertar inocentes e não perdoar os culpados

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Primeiro o R7 plantou a notícia, em seguida, os michês dos barões da mídia se encarregaram de elaborar ilações ambíguas.

Dizer no título que a presidente Dilma pode "perdoar e soltar os mensaleiros a qualquer momento", e, ao ler a matéria, o leitor vê que não é bem assim, que não existe essa de poder fazer uso da lei "a qualquer momento", isso é uma tremenda canalhice. Muita gente lê apenas os títulos. É isso que eles esperam, são esses os visados pelas redações.

Os sujeitos falam em "perdão".

Ora, perdão é para culpados, seus estúpidos!

Acompanhe:




23/11/2013 

Lei brasileira permite ao presidente perdoar e soltar mensaleiros a qualquer momento

Juristas acreditam, porém, que desgaste político inviabiliza adoção da medida por Dilma 
·         
Alexandre Saconi, do R7


Dilma poderia mandar soltar mensaleiros, mas hipótese é improvável Marcello Casal jr/10.11.2013/ABr


Se o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, endurece cada vez mais a vida dos condenados na ação, existe uma possibilidade — ainda que improvável e muito remota — para os mensaleiros se livrarem da cadeia.
A legislação brasileira permite que a chefe do poder Executivo, a presidente Dilma Rousseff, conceda o perdão, denominado graça, a qualquer condenado no País, o que poderia beneficiar os condenados no julgamento do mensalão.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, é competência exclusiva do presidente essa prática, geralmente oferecida em caráter excepcional para corrigir equívocos na aplicação da pena ou possíveis erros do Judiciário.


[PressAA: Já existem estúpidos falando de o quanto o Estado vai gastar com o tratamento de saúde de Genoino: “Tratamento de José Genoíno custará mais de 700 mil reais ao país!”. Como se Genoino tivesse pedido para ser preso, como se isso fosse um privilégio.]



[PressAA: A mídia empresarial não se interessa por noticiar visitas de verdadeiros companheiros dos petistas. Mas destacaram o Sarney, visto que se trata de um político pra lá de maculado. Devem estar pedindo que o Maluf também faça uma visita aos “colegas”.]

A possibilidade de o perdão acontecer é remota, segundo juristas ouvidos pelo R7. A própria presidente Dilma, em entrevista a rádios da região de Campinas (SP), nesta quarta-feira (20), declarou que não faria "qualquer observação, análise ou avaliação" sobre atos do Judiciário, em especial do STF.

[PressAA: Não tomar a decisão pessoal de avaliar os atos do Judiciário é opção da presidenta Dilma, provavelmente em função de possíveis consequências no âmbito das relações políticas (não propriamente eleitorais), visto que seu governo se realiza sob uma coalizão partidária, em que distintas correntes ideologias buscam atuar em comum. Também considere-se o fato de se evitar confrontos desnecessários com o Judiciário, bate-boca inócuo, provocados exatamente por aqueles que querem jogar lenha na fogueira. Porém, se a presidenta Dilma for acionada por ato legítimo de autoria da defesa dos réus, aí, sim, ela deverá exercer o direito e dever que o cargo lhe confere.]

Para Pedro Lazarini Neto, professor do Complexo Educacional Damásio de Jesus, essa possibilidade da graça presidencial aos condenados no mensalão é descartada.
— Não é possível fazermos isso. Se nós fizermos isso, haverá uma subversão da ordem do estado de direito. Aí, de repente, qualquer membro do PCC [Primeiro Comando da Capital] pode invocar este direito, dizer que é um preso político, dizer que é perseguido porque está ligado ao PT.
[PressAA: Sutis, é o que se pode dizer dessas praga de “especialistas” entrevistados para opinar sobre determinados assuntos. Primeiro, as frases "Não é possível fazermos isso." e Se nós fizermos isso” induzem o leitor a pensar que o tal professor aí é alguém muito influente no governo. Nós quem, cacique?! Segundo, ninguém falou que os réus iriam requerer a aplicação do direito constitucional, menos ainda qual o argumento da defesa, se esta cairia no absurdo de alegar que seus clientes seriam “presos políticos”. Tal alegação pode ser feita de maneira informal, baseando-se nas arbitrariedades cometidas e nos interesses subjetivos de gente golpista. Isso é tão somente uma conclusão baseada em realidades que transcendem aos fatos. Mas podem e devem sim os réus alegarem informalmente que são “presos políticos”; entretanto, oficializar tal argumento seria ingenuidade. Quanto a elementos do PCC ou do PSDB (caso estes venham a ser julgados e condenados pelos seus crimes), eles também podem, a qualquer momento, invocar esse direito, caso apresentem justificativas. Nada os impede, tenham os petistas requerido ou não tal direito constitucional.]
Para que o benefício seja concedido, ele deve ser pedido pelo próprio condenado, pelo Ministério Público, entre outras formas. Porém, Lazarini reforça que não há como o perdão ocorrer de maneira alguma, tendo em vista que há como interpretar como um crime político a condenação.
[PressAA: Não há a menor necessidade de tal alegação, a de “crime político”, basta apontar os erros ocorridos no julgamento da Ação Penal 470.]
A presidente poderia, em caráter extremo, conceder o indulto humanitário, onde, em caso de sofrimento ou doença severa do condenado, a presidente, por questão de humanidade, concederia a graça. Essa prática, porém, é vista apenas por juristas como possibilidade em raros casos.
O advogado Filipe Schmidt Sarmento Fialdini, do escritório Fialdini, Guillon & Bernardes Jr Advogados, lembra que muitas pessoas acabam confundindo a graça, que é exclusiva a uma única pessoa, com o indulto, que é um benefício concedido a várias pessoas. Este último costuma acontecer anualmente, próximo ao Natal.
— O indulto é coletivo. Eles certamente vão se beneficiar dele em um momento, a não ser que se beneficiem da graça antes.
Fialdini lembra que, no final do ano, o presidente da República costuma conceder o indulto coletivo para presos que cumpram determinadas condições. Entre elas, costumam estar o cumprimento de certa fatia da pena, a pena máxima do crime cometido não ser elevada etc.
— Próximo ao dia 20 de dezembro, o presidente faz um decreto de indulto, onde ele estipula os casos em que os presos podem pedir o indulto ou a comutação da pena. Por exemplo: Se já cumpriu um terço da pena, pronto, poderia ir para casa.
Vale destacar que o indulto não deve ser confundido com as saídas temporárias. O indulto permite que o condenado cumpra o resto da pena em liberdade. Já a saída temporária obriga que o sentenciado retorne à prisão após determinado período, como as saídas de dia dos Pais, dia das mães etc.
Veja o que diz a Legislação

Constituição Federal:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

Lei de Execução Penal:
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.

[PressAA: Mesmo com esses dispositivos legais, o tal professor  Pedro Lazarini Neto foi capaz de dizer que haveria “uma subversão da ordem do estado de direito”. Ora, vai fazer a cabeça dos teus alunos, vai aliená-los, que é esse o teu papel.]
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A matéria do R7 pariu coisa pior, mais esdrúxula.

Essa aqui, por exemplo:


Dilma pode soltar os mensaleiros a qualquer momento!


Por João Jorge Braga em 25/11/2013

Muita gente não sabe, mas a Constituição brasileira permite ao presidente da república perdoar e soltar presos condenados, se entender que suas condenações foram resultado de erros jurídicos, por exemplo. Isto está previsto no artigo 84 da Constituição Federal (Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (…)XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei…).

No caso dos mensaleiros a maioria dos juristas acredita, que Dilma Rousseff, apesar de poder fazê-lo a qualquer momento, não os perdoará, pois o desgaste político que tal gesto provocará certamente inviabilizaria toda e qualquer pretensão sua a se reeleger. Além do que faria de Joaquim Barbosa o grande herói da questão, por ter mandado os mensaleiros para a cadeia. Seria quase que como empossar o presidente do STF na presidência da república, diante de grande clamor popular.

A própria presidente Dilma, no dia 20 de novembro, em uma recente entrevista a algumas emissoras de rádio da região de Campinas (SP), declarou que não faria “qualquer observação, análise ou avaliação” sobre atos do STF referente à condenação e prisão dos mensaleiros.

Alguns juristas já se pronunciaram a respeito, dente eles o professor Pedro Lazarini Neto, que atua junto ao Complexo Educacional Damásio de Jesus, e entende que esta possibilidade do perdão presidencial aos condenados no Mensalão é praticamente descartada no atual momento. Disse ele:

“Não é possível fazermos isso. Se nós fizermos isso, haverá uma subversão da ordem do estado de direito. Aí, de repente, qualquer membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) pode invocar este direito, dizer que é um preso político, dizer que é perseguido porque está ligado ao PT.”

O fato é que por enquanto Dilma deixará que seus amigos cumpram suas penas como a lei determina. Resta saber se após a eleição a atitude da presidente será a mesma. Caso Dilma seja reeleita, ela pode perdoá-los, e, mesmo que se torne impopular com tal atitude, estará em seu último mandato mesmo, sem poder mais disputar a reeleição. E caso não ganhe a eleição, quem nos garante que não surja aquele pensamento “já que perdemos mesmo, vamos salvar nossos amigos”, e, nos “finalmentes” de seu mandato, Dilma acabe dando de Natal aos mensaleiros o perdão presidencial. Só nos resta esperar!

*João Jorge Braga é natural de Minas Gerais.

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PressAAO texto do cara faz o leitor imaginar que a presidenta poderia tomar a iniciativa. Vejamos o que o ele diz por conta própria: "No caso dos mensaleiros a maioria dos juristas acredita, que Dilma Rousseff, apesar de poder fazê-lo a qualquer momento, não os perdoará, pois o desgaste político que tal gesto provocará certamente inviabilizaria toda e qualquer pretensão sua a se reeleger. "
Bom, todo safado pensa que qualquer pessoa só toma uma atitude esperando retorno pessoal, benefício próprio. 
O sujeito insinua, sem muita sutileza, que a presidente Dilma é uma estúpida como qualquer golpista, deixando subentendido, não apenas analisando, mas sim sugerindo que ela trairia os seus eleitores, caso fosse reeleita, ou se vingaria, caso perdesse a eleição. 
Acontece que Dilma não faria nem uma coisa nem outra. Mas, infelizmente, é provável que os réus não requeiram esse direito. Digo infelizmente, porque, caso o façam e sejam legalmente atendidos, acontecerá, ao contrário do que se pensa, um aumento do prestígio da presidente Dilma.
Acredite quem quiser ou puder, mas uma medida dessas não mudaria nada, em relação à posição do eleitorado e do cidadão em geral, pois, ninguém duvide: o inconsciente coletivo está do lado de Dilma. O mais ignorante dos cidadãos (ignorante no sentido de estar sendo mal informado pela mídia empresarial) sente, há muito tempo, quem está com a verdade. Sabe que seria um ato justo.
O escândalo midiático do mensalão só conseguiu, até agora, tirar votos dos concorrentes golpistas entre si, ou seja, o escândalo só consegue, até o momento, fazer migrar votos de um lado para o outro entre extrema direita e extrema esquerda (os sectários, os fanáticos, os maldosos, os invejosos), ou mesmo entre seus próprio pares nas intrigas domésticas. É o que podemos observar nesses 8 anos do golpe branco chamado mensalão. A verdade pode ser observada analisando-se as pesquisas de opinião: Quanto mais eles batem nos governos petistas, mais o prestígio destes cresce. O perigo é o big stick engrossar, e eles partirem para o golpe armado, a luta sanguinária aberta, pois essa luta já acontece de forma acobertada: milhares de brasileiros morrem anualmente por motivos diversos e obscuros.
O texto parece ter sido escrito sob encomenda, desses que acabam circulando na internet como “corrente”. 

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Genoíno é suspeito de suspeita de infarto --- Joaquim Barbosa não é suspeito, assume o que faz --- Jefferson se ajoelha para não ficar de joelhos --- Aécio e seus amigos do pó voador --- Uma cachoeira de impunidade

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25/11/2013 

Joaquim Barbosa tropeça no mensalão do DEM

Quatro anos de impunidade do mensalão do DEM escracham o rigor seletivo de Joaquim Barbosa e o caráter da AP 470 como julgamento de exceção.



ArquivoAntonio Lassance

Uma decisão de Sua Majestade, a Rainha de Copas do Supremo Tribunal Federal, que responde pela alcunha de Joaquim Barbosa, acaba de criar um grave problema. Ao fazer a troca do juiz que cuidava da execução penal dos condenados da AP 470, em busca de alguém "mais duro", Barbosa tropeçou na Caixa de Pandora do mensalão do DEM. 


Ao escolher um juiz para chamar de seu, optou, por acaso,  por alguém que é filho de um alto dirigente do PSDB-DF. Pior: o pai desse juiz foi secretário do governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal, e é considerado por muitos como o mais fiel aliado do ex-governador após o escândalo que o derrubou. Arruda caiu flagrado na operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que revelou o que se tornou conhecido como o "mensalão do DEM".


A Caixa de Pandora, também por acaso, completa 4 anos exatamente nesta semana. Em 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal expôs um farto conjunto de provas materiais do esquema de desvio de dinheiro público. O próprio José Roberto Arruda foi pego com a mão na cumbuca, em um vídeo no qual recebia dinheiro vivo - se Barbosa não sabe, é a isso que se chama propriamente de "domínio do fato".


O DEM ficou com a pecha daquele mensalão, mas é bom lembrar que Arruda era egresso do PSDB, tendo sido líder do governo FHC no Senado. Renunciou para não ser cassado por um outro escândalo, o do painel do Senado. Retornou à política como deputado federal e, depois, como governador, eleito pelo PFL (atual DEM) e trazendo seu querido PSDB para seu governo. Chegou a ser cogitado para vice de José Serra, nas eleições de 2010, não fosse a Federal ter estragado tudo.


O contraste é gritante. Arruda continua livre, leve e solto. Ficha limpa, ele pode inclusive concorrer às eleições do ano que vem. Filiado ao Partido da República (de Waldemar Costa Neto e Anthony Garotinho), Arruda conversa sobre alianças para 2014, no DF, com o PSDB, o PPS e, como não poderia deixar de ser, o DEM.


Detalhe: o processo do mensalão do DEM foi desmembrado. O único que responde atualmente em instância superior é um conselheiro do Tribunal de Contas do DF. Com isso, a maioria dos denunciados, a começar por Arruda, responde a processo em primeira instância, não recaindo na Lei da Ficha Limpa, que exige condenação pelo menos em segunda instância.


Nesse sentido, os quatro anos de impunidade daquele que foi apontado como chefe do mensalão do DEM escracham o rigor seletivo de Joaquim Barbosa e o caráter da AP 470 como julgamento de exceção.


(*) Antonio Lassance é doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB).

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Nem a casa grande aguenta mais a prepotência do capitão do mato!

Leia Mais





(...)

Como se não bastasse, Barbosa determinou que o juiz titular da Vara de Execuções Penais do Dsitrito Federal, Ademar Vasconcelos, fosse substituído na condução do caso pelo juiz substituto Bruno André Silva Ribeiro, filho do ex-deputado do PSDB que atuou no primeiro escalão do governo Arruda, aquele político afastado do cargo em função da suspeita flagrada em vídeo do seu envolvimento no “mensalão do DEM”, ocorrido há quatro anos e ainda não julgado. A operação do substituição do juiz titular foi classificada pela Associação Juízes para a Democracia de “coronelismo eletrônico” e pelo presidente eleito da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) de “canetaço”.


Na segunda (25), o pleno da OAB, reunido em Salvador (BA), decidiu pedir explicações ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a regularidade da substituição do juiz. Na prática, exigiu que o órgão investigue o presidente da corte máxima do país, já praticamente isolado no seu autoritarismo. O próprio Ministério Público, em parecer do dia 19/11, já opinava que a condução da execução das penas deveria ficar a cargo do juiz Ademar, como antecipou Carta Maior na matéria “PGR quer decisão sobre Genoíno fora das mãos de Barbosa”.


No STF, entretanto, o assunto é tabu entre os demais ministros, que não se posicionam sobre ele. Nem uma palavra dos outros 10 ministros sobre as prisões irregulares, sobre a substituição do juiz, sobre a correria para prender uns e o esquecimento de determinar a prisão dos que continuam soltos, dez dias depois. Nem mesmo a não proclamação da decisão dos embargos em plenário foi contestada por eles. No mínimo estranho, na corte que se notabilizou pelos bate-bocas públicos entre os seus ministros. 

(Para ler completo, clique no título)

Batam! Batam nos governos progressistas! Batam no Lula e em Dilma! Batam! Usem  o Batman pra Bater! E eu vou bater pra tu, pra tu poder bater pra tua patota: Quanto mais vocês batem, mais o bolo cresce!

Arquivo

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Foi preciso o ex-presidente do PT ser internado às pressas com suspeita de infarto para que o presidente do STF deferisse parcialmente o pedido da defesa.


Comentário em Carta Maior destacado por PressAA:

Problemas do coração normalmente não aparecerem de repente e sim quando é conveniente. Coitadinho... Ele não sabia que tinha problemas cardíacos pois se soubesse não teria feito o que fez. Desculpa esfarrapada para livrar-se da punição. Talvez tenha ficado cardíaco com o excesso de abusos que cometeu usando o dinheiro roubado. Devia ser internado no SUS como a maioria do povo brasileiro. O dinheiro desviado indiretamente causou a morte de muitas pessoas sem recursos.


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Laudo médico diz que Genoino não precisa ficar em casa e que doença não é graveDocumento foi elaborado por junta médica da Universidade de Brasília (UnB)

  • ‘Faria tudo de novo’, diz delator do mensalãoEx-deputado Roberto Jefferson revela que, atualmente, passa pelo momento mais difícil de sua vida
  • Jefferson, que foi condenado a sete anos de prisão e cumprirá a pena em regime semiaberto, agradeceu à imprensa por ter 'chegado onde chegou':
    — Eu agradeço à imprensa, eu só cheguei até aqui porque vocês me ajudaram - disse, ao lado da mulher, Ana Lucia Novaes.




Aécio diz que prisões do mensalão não foram políticasPresidente do PSDB rebateu PT e fala em ‘provas contundentes’
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PressAA País - Cheiradão

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Polícia apreende helicóptero usado para o tráfico de drogas

A operação foi realizada pelas polícias militar e federal e 400 kg de cocaína também foram apreendidos


Foto: Divulgação
 Divulgação
Senador Zezé Perrela (PDT-MG) já foi presidente do time de futebol Cruzeiro, de Minas Gerais
Os 445 quilos de cocaína pura apreendidos neste domingo (24) pelas polícias Militar e Federal, em Afonso Cláudio, seriam enviadas para a Europa. Segundo o major Flávio Pereira Santiago, comandante da 2ª Companhia Independente da Polícia Militar, em entrevista à Rádio CBN Vitória, na manhã desta segunda-feira (25), a informação teria partido de um dos detidos na operação. 


Segundo informação da TV Gazeta, o helicóptero pertence à empresa Limeira Agropecuária, que pertence aos filhos do senador Zezé Perrella (PDT-MG), que já foi presidente do time de futebol Cruzeiro, de Minas Gerais. O advogado da empresa disse que o piloto usou a aeronave sem autorização e foi demitido nesta manhã.  


Um dos filhos do senador, o deputado estadual Gustavo Perrella, disse, em entrevista coletiva, na tarde desta segunda-feira, que ficou surpreso com a afirmação do transporte de drogas. Segundo o deputado, a informação que ele tinha era de que a aeronave iria para uma manutenção. Em princípio, a Polícia Federal descarta a participação da família do senador no transporte da droga.

Foto: Denilton Dias/O Tempo
Denilton Dias/O Tempo
O deputado Gustavo Perrella disse que desconhecia o uso do helicóptero para transportar drogas
O superintendente da Polícia Federal, Erivelton Leão de Oliveira, informou que o piloto disse em depoimento que não sabia que estava transportando drogas. Ele disse que tinha autorização para pilotar o helicóptero a qualquer momento e que foi contratado para realizar a viagem e receberia R$ 60 mil pela viagem. O piloto não informou quem o contratou.


Durante a coletiva, o superintendente da Polícia Federal, apresentou vídeo que mostra o flagrante da apreensão das drogas. Nas imagens, alguns homens desembarcam da aeronave. Um veículo branco e um homem com camisa verde aproximam da aeronave.


Os traficantes chegaram a tomar inciativa de trocar de roupa para despistar qualquer possibilidade de ser reconhecido. O valor total da droga é de R$ 10 milhões.




Ao todo, quatro pessoas foram presas e levadas para a Superintendência da Polícia Federal, em Vila Velha. Uma aeronave também foi apreendida. As investigações prosseguem agora com a Polícia Federal.


Em Afonso Cláudio, a Polícia Militar ainda faz buscas na região na tentativa de localizar outras pessoas envolvidas no caso.


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Helicóptero usado por traficantes para transportar drogas em Afonso Cláudio, apreendido em operação neste domingo. (Crédito: Bernardo Coutinho)
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O esquema foi desbaratado às 17 horas deste domingo (24). Um carro já aguardava a mercadoria no local para fazer o transporte.


De acordo com o major Flávio Pereira Santiago, comandante da 2ª Companhia Independente de Afonso Cláudio, o local onde o helicóptero foi apreendido já vinha sendo investigado há pelo menos 15 dias. O sítio teria sido comprado por um preço muito acima do valor real, o que gerou desconfiança dos moradores da região.


Durante as investigações realizadas pelo serviço reservado da Polícia Militar, era possível perceber um grande movimento de veículos no sítio.


"A comunidade é simples, de agricultores e gente humilde, quando compraram esse sítio, a própria população começou a desconfiar. Resolvemos investigar e, ao perceber a grande movimentação de veículos, fizemos um cerco maior. Quando o helicóptero se aproximou da propriedade, já tínhamos os policiais posicionados estrategicamente para fazer a abordagem", explicou o major


Foram presos no local o piloto, o copiloto e duas pessoas que estavam encarregadas do transporte da droga. Segundo o major, a droga foi trazida da fronteira para São Paulo, e da capital paulista para o Espírito Santo. Tudo indica que seja tráfico internacional de drogas.


Modelo


A aeronave apreendida é do modelo Robinson 66. Há pelo menos dez dias a PM realizava uma operação na região após receber a informação de moradores de que um grupo havia comprado uma fazenda na localidade, por um preço cinco vezes maior do que o de mercado. A desconfiança é de que o local estava sendo utilizado para tráfico internacional de drogas.


“A partir daí começamos a fiscalizar a região. Contamos com a ajuda do 14º Batalhão de Ibatiba. A vigilância foi intensificada nos últimos três dias”, explicou o major. Quando perceberam o envolvimento de um helicóptero, a PM pediu apoio do Núcleo de Apoio e Transporte Aéreo da PM (Notaer), que utilizou o seu helicóptero, o Hárpia. “Também solicitamos o apoio da Polícia Federal”, explicou o major.


A droga que estava sendo transportada no helicóptero estava embalada em tabletes, em diferentes cores, segundo o major. Logo após serem detidos, os presos foram encaminhados para a sede da Polícia Federal, em Vila Velha.
Fonte: A Gazeta
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[PressAA:O título correto seria: "Quatro meses depois de ser solto, Cachoeira curte vida tranquila e luxuosa ao lado da mulher"]
Envolvimentos em escândalos não intimidaram o bicheiro, que após cadeia já se casou, fez viagem milionária e teve momentos em família registrados nas redes sociais

Cachoeira é detido por dirigir bêbado e liberado após pagar fiança de R$ 22 mil

Bicheiro voltava de um show se recusou a fazer o teste do bafômetro exigido pela polícia

Do R7
Bicheiro foi liberado após pagar fiançaEstúdio Maria Célia Siqueira
O bicheiro Carlinhos Cachoeira foi detido por dirigir bêbado durante a madrugada deste domingo (28).

O contraventor tinha ido a um show do cantor Gusttavo Lima em Anápolis e, quando voltava para Goiânia, foi flagrado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Cachoeira estava com a mulher, Andressa Mendonça e mais dois amigos e se recusou a fazer o teste do bafômetro exigido pela polícia.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal de Anápolis, ele apresentava sinais claros de embriaguez como dificuldade de se equilibrar e um forte cheiro de álcool na boca.

A polícia disse que não encontrou bebida no interior do veículo.


A detenção ocorreu às 4 horas da manhã na BR 060, KM 40. Após o pagamento de fiança de R$ 22 mil, Cachoeira foi liberado do 6º Distrito Policial de Anápolis e responderá ao processo em liberdade. Sua carteira de habilitação foi apreendida pela Polícia Rodoviária e seu carro, um Kia modelo Cadenza, foi retirado da delegacia por um amigo.

Cachoeira foi preso no ano passado durante a operação Monte Carlo da PF (Polícia Federal), que o colocava como chefe de um esquema de exploração ilegal de jogos e corrupção de agentes públicos.

Com os desdobramentos da operação, o bicheiro foi condenado a 39 anos e 8 meses de prisão, mas obteve o direito a responder ao processo em liberdade em dezembro do ano passado. Atá conseguir a decisão favorável na justiça, Cachoeira esteve detido no presídio da Papuda, em Brasília, durante nove meses.


No ano passado, o Congresso Nacional instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar seu envolvimento com políticos que teriam se beneficiado de seus esquemas de contravenção, mas a comissão foi encerrada sem nenhuma conclusão.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Emir Sader: O poder e o caráter --- Jesus foi julgado e condenado com base na Teoria do Domínio do Fato --- O heliPóptero do Perrella caiu na esparrela da Polícia Federal --- Quem ou o que sustenta a plataforma eleitoral do seu candidato?

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O poder e o caráter 

(Fenomenologia de um burocrata)

Lenin gostava de repetir que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Corrompe material e espiritualmente.


por Emir Sader em 24/11/2013

A afirmação:  “Quer conhecer uma pessoa? Dá-lhe poder, para ver a força do seu caráter” vale para entender comportamentos na esfera da política nacional, mas também em outros marcos institucionais.

Gente que pregou sempre a socialização do poder, as direções coletivas, a construção de consensos mediante a discussão democrática e a persuasão, criticou sempre a violência verbal, a ofensa, o maltrato às pessoas – de repente vê um cargo de poder cair no seu colo,  revela falta de caráter, renega tudo o que aparentemente defendia, se encanta pelo poder e se torna um déspota.

O poder lhes sobe à cabeça e lhes invade a alma. Todas as frustrações e os complexos de inferioridade acumulados por não ter méritos para um protagonismo de primeiro plano, de repente irrompem sob a forma da prepotência, da arbitrariedade, da concentração brutal do poder, de mal trato das pessoas, do  uso do poder das formas mais arbitrarias possíveis.

Tem gente que se humaniza ainda mais quando assume funções públicas, aumenta sua modéstia, suas formas humanas de relação com as pessoas. Tem outras em quem o poder bota pra fora o que de pior estavam acumulando. Se transtornam, tornam-se monstros, que acreditam que o poder é um porrete, de que fazem uso a torto e a direito, contra todos.

Não conseguem conviver com pessoas que acreditam que lhes fazem sombra. Tem complexo de inferioridade, então acreditam que os outros o desprezam, não o levam a sério, não lhe reconhecem os méritos que acreditam ter.

Tem uma visão instrumental do poder, tanto assim que se desesperam quando se defrontam com pessoas que tem seu poder na moral, na legitimidade política, na capacidade intelectual – de que eles não dispõem - que não se vergam diante de ameaças, diante do poder do decreto, da arbitrariedade. Diante dessas pessoas, perdem o equilíbrio, se sentem pequenos, impotentes, desprezados.

Não conseguem conviver com a diferença. Diante de divergências, buscam fazer com que desemboquem na ruptura, valendo-se do poder formal dos decretos, das punições, da exigência de retratações formais. Não tem estrutura psicológica para conviver com as diferenças, para buscar coesão entre diferentes. Logo descambam para a violência, verbal e dos decretos.

Usam os espaços institucionais que detêm como se fossem propriedade sua, dispõem das pessoas, das coisas, dos recursos, como se fossem patrimônio pessoal. Fazem do cargo que tem, uma propriedade pessoal, desqualificando completamente o caráter publico que a instituição deveria ter.

Como sabem que tem um poder ocasional, pequeno, vivem depressivos, buscam esconder-se através de falsas euforias, mas que lhes tiram o sono, a calma.
Tratam mal  a todos a seu redor, fazem deles submissos, em lugar de ajudá-los a desabrochar, como outros lhe permitiram sair do anonimato e galgar posições.
Vivem cercados de subalternos, cinzentos, temerosos. Todos acumulando rancor e ódio contra ele, sonhando todo dia com a sua morte, a sua desaparição mágica e súbita. Sonham que ele desapareça, tanto o rancor e a humilhação que acumulam e sofrem. Ninguém gosta desse tipo de gente, o temem, o odeiam, o desprezam caladamente.

É uma gente medíocre, mas que tem uma ânsia profunda do poder. Como é profundamente inseguro, precisa da adulação, por isso vive e nomeia incondicionais para cercá-lo. De quem cobra palavras de adulação a cada tanto.
Como compensação do complexo de inferioridade que tem.

Alimentam o acesso ao poder durante 10, 20 anos. Quando chegam, se afogam com o poder, o transformam em poder absoluto. Quando deviam se realizar, se frustram, ficam menores, deprimidos, precocemente decadentes. O que deveria ser o ápice, é o fim.

Fazem o teatro de um suposto desapego ao poder, de dedicação não sei quantas horas ao dia às tarefas mais duras – e cinzentas -, mas se apegam ao poder como sua alma. Já não podem viver sem ele e suas prebendas.

Quando vai terminando o tempo desse poder, ficam desesperados, porque não conseguem mais viver sem esse poder, sem se dar conta que esse poderzinho é uma porcaria, um nada. E porque todos fora dali, que não dependem dele, lhe tem um imensa e generalizada rejeição, que é o que o espera quando não possa mais se proteger com as prebendas do poderzinho que tem hoje. Vão ser reduzidos às suas devidas proporções, de mediocridade e anonimato.

Porque o poder forte é o poder legítimo, fundado no convencimento, na ética, no reconhecimento livre dos outros, que ele não conhece. Porque esse tipo  de burocrata tem uma visão pré-gramsciana, acha que o poder é a violência, a força, a prepotência. Que pode levá-lo pra casa no bolso ou debaixo do braço.

Pobres diabos, devorados irreversivelmente pela mediocridade, pelas mentiras com que tentam sobreviver – mentem, mentem, mentem, desesperadamente -, em guerra contra os outros e em guerra consigo mesmos.

Lenin gostava de repetir que “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Corrompe material e espiritualmente.

Esses burocratas, corrompidos pelo poder, são discricionários, prepotentes, cobram dos outros, mas não permitem que cobrem dele. Cobram economia alheia, contanto que ninguém cobre seus desperdícios. Não agem com transparência, escondem seus passos e suas intenções.

Não amam, não sabem amar, nunca amaram. Gostam de si, tentam sobreviver, mal e mal, sem amor.

Reduzem tudo ao administrativo, porque não sabem pensar, tem terror a ter que se enfrentar a uma realidade que tivessem que decifrar, a argumentos que desnudassem sua falta de razões, suas arbitrariedades. Não sabem argumentar, não conseguem justificar as decisões absurdas que tomam, então vivem no isolamento, e no pequeno circulo cinzento dos que dependem dele. Fogem da discussão, da confrontação de argumentos, que é o que mais temem. Tentam reduzir tudo a prazos, normas, estatutos, punições, ameaças, promoções, expulsões. São burocratas perfeitos, idiotizados pela ativismo, que não podem parar, senão teriam que pensar e isso é fatal para eles.

Eles não entendem onde se meteram, deglutidos pela atividade meio – seu habitat, como burocratas que são, por natureza – não compreendem o que fazem, até mesmo porque é incompreensível, reduzidos às cascas formais de um conteúdo que lhes escapa, porque sua cabeça obtusa não lhes permite captar o que os rodeia, que eles pretendem aprisionar mediante decretos.

Se desumanizam totalmente pelo exercício frio da administração, que  creem  que é poder. São solitários, vivem fechados, os amigos se distanciam, perdem a confiança neles primeiro, o respeito depois.

Pensam que dominam tudo, com seus cronogramas e convênios, mas não controlam nada. Tudo acontece a seu redor, sem que eles saibam. Vivem num mundo vazio, que não podem parar, para não se dar conta que é vazio. Pulam no abismo para seu fim.

Não conseguem pensar-se a si mesmo sem esse poderzinho. Tentam perpetuar-se, pela inércia, porque fora desse lugar não são nada. Ali também não são nada, mas se enganam, se iludem, que são. Apodrecem no exercício das funções burocráticas e ai morrem.

São personagens que terminam como o canalha do Nelson Rodrigues: solitários, sem ninguém, agarrados ao único que lhe resta: a caneta e escrivaninha.

Os burocratas morrem em vida, afogados pela sua mediocridade. Passam pelo cargos sem pena, nem glória, esquecidos e desprezados por todos. Saem menores do que entraram. Se dão conta aí que já não serão nada na vida.

Essa a vida e a morte dos burocratas. A vida segue, feliz, sem eles.


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Fernando Soares Campos: Há muitos anos faço uma observação sobre a sentença de Lenin, creio que o poder não corrompe; revela o corrupto. Isto, apesar de o professor Emir Sader não expressar diretamente, ficou definido neste seu artigo: "Tem gente que se humaniza ainda mais quando assume funções públicas, aumenta sua modéstia, suas formas humanas de relação com as pessoas. Tem outras em quem o poder bota pra fora o que de pior estavam acumulando."

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Publicado em 28/11/2013

QUEM É O MELHOR AMIGO DO PERRELLA? O DO HELICÓPTERO?


O helicóptero que levava 450kg de cocaína é de um grande amigo de quem ?

Conversa Afiada reproduz importante entrevista do Azenha – Prêmio Esso de reportagem para televisão – com o piloto do helicóptero que transportava cocaína.

Os Perrella, pai e filho, são do PDT e do Solidariedade (?), mas não tem vôo próprio.

Eles voam na política mineira com a carta de navegação de alguém com autonomia de vôo muito maior do que a deles.

Ao Azenha, que pergunta: onde já se viu transportar “implemento agrícola” de helicóptero ?

(Depois, não deixe de ler tucanos reinstalam a virgindade no trensalão.)

PILOTO DIZ QUE FEZ DUAS LIGAÇÕES AO DEPUTADO PERRELLA ANTES DE VOAR








Topo, cena do Facebook de Gustavo Perrella; Joelson Mendonça (sugerido pelo Gerson Carneiro) fez o print do UOL, que identificou Zezé Perrella como senador do PT, quando é do PDT, ligado a Aécio Neves; notícia na capa de O Estado de Minas, com destaque para o “tenta complicar”(sugerido pelo Nuno).

por Luiz Carlos Azenha

O advogado Nicácio Pedro Tiradentes, que representa Rogério Almeida Antunes, disse esta tarde ao Viomundo que o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade-MG) mentiu ao dizer, em entrevista, que o piloto roubou o helicóptero que estava em nome da Limeira Agropecuária e foi apreendido em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, Espírito Santo, com mais de 400 quilos de cocaína a bordo.

A apreensão aconteceu domingo.

Nicácio, que foi contratado pelo pai do piloto, passou algumas horas com o acusado e saiu do encontro dizendo que Rogério era homem “de confiança” do deputado Perrella, tanto que ocupava um cargo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde não trabalhava. Segundo o jornal O Estado de Minas, o piloto era “agente de serviço de gabinete da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com salário de R$ 1,7 mil, Antunes está lotado desde abril deste ano na 3ª Secretaria da ALMG, presidida pelo deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT)”. O pedetista informou que Rogério seria demitido nas próximas horas.

De acordo com o advogado, o piloto fez duas ligações para o deputado Perrella antes de voar o frete. Ele sustenta que tanto o piloto quanto o deputado acreditavam tratar-se de implementos agrícolas. Disse também que o deputado estaria tentando “empurrar o pepino” para o piloto. Sugeriu que haveria a tentativa de livrar outro envolvido, pessoa “de posses” que acompanhava o vôo, mas não identificou esta pessoa, com a qual o advogado deve se encontrar ainda hoje para obter novas informações.



Além do piloto foram presos  o co-piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, o comerciante Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.

O advogado disse que a fazenda destino da carga era de propriedade do senador Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro e pai de Gustavo Perrella. Segundo o advogado, a propriedade está em nome da Limeira Agropecuária e teria sido comprada “por cinco vezes o valor” de mercado.

Nicácio Tiradentes informou que pretende entrar nas próximas horas com habeas corpus para tirar o piloto da cadeia.

“O deputado não poderia enlamear o menos favorecido pela sorte”, disse o advogado, se declarando “magoado”.

Segundo ele, o piloto “não fez nada sem autorização”. Para provar isso, Nicácio pretende pedir quebra do sigilo telefônico do piloto: “Deu duas ligações [para o deputado]. Aí que mora o perigo”.

PS do Viomundo: Como notou um leitor nos comentários, o Brasil é o único país do mundo no qual implementos agrícolas viajam de helicóptero
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Clique aqui para ouvir a entrevista.

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A lógica da plataforma eleitoral

Fernando Soares Campos

Todos os dias os três amigos aposentados se reuniam naquele bar. Invariavelmente, discutiam as notícias em destaque na mídia. Tudo acontecia como num ritual de confraria: Natanael lia o jornal e os amigos opinavam sobre os fatos. Quase sempre Bernardo discordava da opinião de Alcebíades, e Natanael costumava rebater os dois com um parecer, digamos, “inusitado”.

– A polícia estourou depósito com uma tonelada de maconha – informou Natanael.

– Salta essa, Natan – sugeriu Alcebíades. – Isso aí é rotina policial.

– Rotina na favela ou na fronteira do Paraguai. Mas não é todo dia que se descobre uma tonelada de maconha em fundo falso de ônibus da Viação Pássaros da Serra...

–Pera lá! – cortou Bernardo. – Logo a Pássaros da Serra?! Isso quer dizer que, sempre que levei minha família para finais de semana no litoral, viajamos em cima de uma carga de maconha!

Alcebíades emendou:
– Isso quer dizer que, depois de viajarem de ônibus, os passageiros da Pássaros da Serra podiam viajar num baseado, à beira-mar. Ora, deveriam liberar de vez a Cannabis!

– Sou contra a legalização da maconha! – quase gritou Bernardo.

Natanael abriu o jornal e fingiu que o lia enquanto falava:

– Vocês se lembram que, tempos atrás, nós comentamos sobre doação de campanha?

– Sim... – confirmou Alcebíades.

– O que tem uma coisa a ver com a outra? – quis saber Bernardo.

– Bom, é que a empresa Viação Pássaros da Serra é doadora de campanha de três deputados e um senador.

Bernardo, desatento ao que ele próprio falava, soltou o verbo:

– Votei num desses deputados e no senador exatamente por serem... – súbito, Bernardo engasgou; olhou para os amigos, que esperavam a conclusão de sua fala. – Bom... é que... esses camaradas são...

Natanael dobrou o jornal, colocou-o sobre a mesa e concluiu pelo amigo:


– Isso mesmo, Berná! Lógico que todos eles são... contra a legalização da maconha!

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Conto publicado em livro de autoria coletiva, organizado por Bruno Resende Ramos, Teixeiras (MG) - 2010.

Título: Livre Pensar Literário

Editora:  Nova Coletânea



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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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De Frente pro Crime: Tá lá um corpo estendido no chão, em vez de reza, uma praga de alguém --- Eles que são traíras que se desentendam!

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sábado, 30 de novembro de 2013

Beto Richa vai trair Aécio Neves?


Por Esmael Morais, em seu blog: A primeira facada nas costas do senador mineiro Aécio Neves veio nada mais nada menos de onde mais se esperava (sic): do próprio ninho.

O tucano Beto Richa, governador do Paraná, em evento promovido pela Faep (Federação de Agricultura do Paraná), hoje (29), diante de 2 mil agricultores, afirmou que o colega pernambucano Eduardo Campos (PSB), candidato à presidência da República, “é o melhor gestor do país”.

Não é o primeiro flerte entre Richa e Campos. O namorico vem sendo intermediado pelo ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), pupilo do governador paranaense, e pelo presidente do PSB no Paraná, Severino Araújo, amigo do falecido ex-governador Miguel Arraes - avô do pernambucano presidenciável.

Com dificuldades em alçar voo e com desempenho sofrível nas pesquisas, Aécio tem sido tratado no PSDB como “corno” — o último a ficar sabendo quando traído. Note que tomo emprestada a expressão “corno” do próprio tucano que a utilizou para descartar a ideia de palanques duplos nos estados com o Campos (clique aqui para relembrar).

Em sua visita ao Paraná, nesta sexta, Campos prometeu apoio do PSB à reeleição de Richa. Em contrapartida, é óbvio, Richa dará uma força para Campos. Nessa jogada, Aécio fica literalmente na mão, ou seja, vai sendo “cristianizado” pelo próprio PSDB.

Para quem não sabe ou não se lembra, “cristianização” em política é sinônimo de abandono. A expressão remete à eleição presidencial de 1950, quando o também mineiro Cristiano Machado (1893-1953) lançou sua candidatura à presidente da República pelo PSD – Partido Social Democrático – maior legenda da época.

Entretanto, a proximidade da vitória de Getúlio Vargas ( que concorria pelo velho PTB) fez com que o PSD em peso abandonasse Machado em apoio a Vargas. Portanto, quando se diz em política que alguém está sendo cristianizado, isso significa que esse candidato está sendo deixado pelos próprios companheiros.

Revista VEJA manda recado cifrado ao PT


Reportagem deste fim de semana da revista Veja é o primeiro disparo diretamente relacionado às eleições presidenciais de 2014; texto sobre a agência Pepper ataca, sem nomeá-lo, o jornalista Leandro Fortes, ex-Carta Capital. "A primeira aquisição da Pepper, com vistas a 2014, fechada recentemente, foi, como era de esperar, a contratação de um conhecido e experimentado especialista em difamação".

247 - Está oficialmente aberta a disputa eleitoral de 2014 e os exércitos começam a se posicionar. Neste fim de semana, a revista Veja, que tradicionalmente se alinha ao PSDB, desferiu seu primeiro ataque ao grupo que deverá atuar na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Mais precisamente, ao jornalista Leandro Fortes, que deixou a revista Carta Capital e foi contratado como consultor da agência Pepper, que atua no marketing político.

Na reportagem "A alma do negócio", não assinada, Veja ataca tanto a agência como o jornalista, que, segundo a publicação, teria sido contratado para comandar uma guerra suja na internet. Termina assim o texto:

"O PT reservou 10 milhões de reais para financiar a guerra suja na internet. A primeira aquisição da Pepper com vistas a 2014, fechada recentemente, foi, como era de esperar, a contratação de um conhecido e experimentado especialista em difamação – de adversários e até de aliados que atrapalhem os planos da turma".
(Para ler apresentação completa, clique no título)

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sintaxeamentos

 

comtextoalizandoações


supremacia*


"Quando a natureza de alguém prevalece sobre a educação recebida, o resultado será uma pessoa intratável.  Quando a educação prevalece sobre a natureza, o resultado será uma pessoa pedante.
 O que posso achar digno de nota em alguém a quem falta tolerância quando em uma alta posição?
 A menos que tenha o espírito dos ritos, ao ter coragem vai se tornar indisciplinado e ao ser íntegro vai se tornar
 intolerante."
 Confúcio

endireito não me esquerdo. e genuinamente entortando torço. e sem ponderar desequilibradamente pendo.
jeito nenhum. ora. absolutamente não. quem haverá de convencer-me? unmh... inútil. mesmo mis ou milhões nadianta. baboseira. aos amigos mudo aos inimigos surdo. reparem. braço fraco clava falsa. ôsh se não! sou assim. ambicionadamente destra.   
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*encantar-se – v.i ; escolher um canto e lá permanecer. ou solfejá-lo. definidamente.
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Leia também...

O poder e o caráter 

(Fenomenologia de um burocrata)

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Aldir Blanc detona circo da mídia no julgamento do mensalão


  - 29/11/2013

Os podres dos puros
Por Aldir Blanc (via Esquerdopata)
No momento em que escrevo, o delator Roberto Jefferson continua solto. Consta que o bravo tribuno Barbosinha disse: “Não tenho mais pressa”. Se isso for verdade, a Cega anda viciada e uns são mais condenados do que outros. Réus que pegaram regime semiaberto permanecem ilegalmente encarcerados.
O circo de mídia, imagens monótonas de ônibus e avião durante horas, com a repetição do mantra “…a prisão de José Dirceu e José Genoíno…”, no dia da proclamação da ré-pública, pelo amor de meus netinhos e bisneto, essas armações falam por si sós.
Em que Papuda está preso Mamaluff? Não acredito na Justiça brasileira. Se políticos foram presos por violar suas funções, o mesmo se pode dizer dos juízes. Sugestão: coloquem um tubo de gás no meio do Supremo. Vai pintar fedor…
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Mais Cafezinho...

A Máquina Não Vencerá o Homem!


Na segunda-feira, fazendo hidroginástica às três horas da tarde, um horário no qual a piscina fica apenas dignamente lotada, lá estava eu, fazendo movimentos patéticos com pernas e braços, rodeado de simpáticas senhoras com mais de 80 anos.
Não pude deixar de refletir sobre a condição humana, em como estamos ferrados. Eu, com menos de 40 anos, já repleto de lesões musculares que me deixam sempre perto da invalidez física completa (e sem direito a aposentadoria). E que me forçam a inventar, para mim mesmo, licenças médicas que, na verdade, se resumem a algumas horas de caminhadas no aterro, aulas de hidroginástica ou escapulidas à noite para um boteco sujo.
Pensei no Genoíno, torturado novamente, desta vez com muito mais precisão e maldade que antes, porque é uma tortura aplicada à sua honra, à sua família, à sua alma. E eu aqui, sem poder fazer nada, a não ser me aplicar em exercícios físicos que me permitam continuar trabalhando e sobrevivendo.
Ontem aproveitei também para conversar com um amigo, o Fábio Lau, do Conexão Jornalista, para desabafar que meu maior adversário hoje não é Ali Kamel e sim a minha própria saúde.
Trabalho desde os 16 anos em computador. Tornei-me, imagino eu, um dos digitadores mais rápidos do país. Uso todos os dedos e não olho o teclado. Nessa brincadeira, lá se vão vinte e dois anos escrevendo quase ininterruptamente. Escrevendo literatura, jornalismo, estatísticas, códigos de programação, propostas de publicidade, projetos para dominar o mundo, traduções.

(...)

Eu reproduzo abaixo outro documento bombástico. É o regulamento da Visanet. Este documento foi deliberadamente ocultado dos réus e da opinião pública até bem depois da aceitação da denúncia. É evidente que isso (esconder documentos) é um crime e representa mais um exemplo de cerceamento do direito à defesa.
Esse regulamento, sozinho, derruba a Ação Penal 470, porque ele prova duas coisas:
1) que os recursos do Fundo Visanet pertenciam à Visanet, uma empresa privada. Não era dinheiro público.
2) segundo o regulamento, cada banco sócio do fundo visanet tinha que escolher um gestor para autorizar as propostas de campanha publicitária e autorizar os pagamentos. A palavra final era da Visanet, sempre, mas os bancos também participavam do processo, mediante um gestor. No Banco do Brasil, esse gestor nunca foi Henrique Pizzolato. Ele não tinha nenhum poder para aprovar pagamentos à DNA, quanto mais transferir dinheiro sem a contrapartida dos serviços. Ele assinava memorandos internos. E, no caso em questão, a Procuradoria incriminou Pizzolato por causa de apenas 3 memorandos internos que ele assinou, mas que eram documentos sem nenhum valor deliberativo.
Eu sugiro aos leitores que assistam a esse vídeo, que acabei de editar, com um depoimento do próprio Pizzolato sobre a sua situação.
Em seguida, assistam a este outro vídeo, que traz um depoimento de Raimundo Pereira, editor da Retrato do Brasil, sobre o erro da procuradoria na questão do Visanet.

(Para ler artigo completo, clique no título)

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PSDB e Globo se unem para esvaziar o trensalão tucano

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre


Os caciques do PSDB se reuniram e chamaram a imprensa de mercado para repercutir suas queixas quanto às denúncias sobre corrupção de executivos das multinacionais Siemens e Alstom, além das acusações do Ministério Público Federal da Suíça. O chororô tucano é uma grande pantomima, em público e transmitido pelas televisões, bem como publicado pelos jornais de seus principais aliados, que são os magnatas bilionários e proprietários da imprensa de negócios privados.

O que se viu foi um verdadeiro show de manipulações e distorções da verdade e da realidade, de gente quando é pega com as mãos na botija e não tem outra saída, a não ser acusar terceiros, neste caso o Governo trabalhista e popular de estar por trás dos malfeitos tucanos. Tais políticos acusam, de forma cínica e inconsequente, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo de ter montado e se aproveitado de um dossiê para incriminar pessoas honestas, probas, éticas e sérias, a exemplo de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, além de outros, que fazem parte da confraria tucana.


(Para ler artigo completo, clique no título)
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No blog da redecastorphoto...


[*] Terry EagletonLondon Review of Books, vol. 35, n. 23 (2013), pp. 39-40
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Resenha de A Portrait of Thomas Aquinas [Um retrato de Tomás de Aquino], de TURNER, DenysThomas Aquinas: A Portrait, Yale, 300 pp, £18.99, 5/12/2013 (maio), ISBN 978 0 300 18855 4

Capa do livro de de Denys Turner, Thomas Aquinas: A Portrait

Nascido em 1225 ou perto disso, em Aquino, pequena cidade do sul da Itália, Tomás de Aquino frequentou a Universidade de Nápoles e, ainda na cidade, integrou-se à Ordem dos Dominicanos. Viajou então para o norte, para prosseguir seus estudos com Alberto, O Grande - também Dominicano - em Paris e Colônia. Foi nomeado palestrante e depois professor da Universidade de Paris e voltou a Nápoles para organizar ali a casa de estudos dos Dominicanos. Morreu em 1274, em viagem para Roma onde participaria do Segundo Concílio de Lion, mas bateu a cabeça num galho baixo de árvore e morreu. Foi canonizado 50 anos depois.

Richard Dawkins
O curso plácido da vida de Aquino contrasta fortemente com a magnificência de suas realizações. Esse frade taciturno, de cuja personalidade notável sabe-se muito pouco, está entre os maiores teólogos, só comparável a São Paulo e a Santo Agostinho. Das suas publicações, a pedra central é a assustadoramente grande Summa Theologiae. No seu estilo seco, ríspido, contido, esse formidável compêndio de teologia, metafísica, ética e psicologia vai desde as celebradas demonstrações, por Tomás, da existência de Deus, à vida moral, Cristo e os sacramentos. Hoje, a Summa é parte considerável dos fundamentos intelectuais da Igreja Católica Romana, embora jamais tenha gozado de tal prestígio, em seu tempo. Representava então apenas uma dentre várias escolas medievais escolásticas e em vários momentos foi objeto de muita controvérsia.


Para desconsolo de alguns padres tradicionais, Tomás de Aquino estava convencido de que o pensamento do pagão Aristóteles oferecia os recursos filosoficamente mais valiosos para expor a fé cristã, e foi por essa poderosa síntese, sobretudo, que Aquino conquistou seu lugar entre os imortais da filosofia. O conflito em torno de Aristóteles foi particularmente feroz na Universidade de Paris, onde muitos colegas de Tomás de Aquino abraçaram as doutrinas de Agostinho e do neoplatonismo, e consideravam o pensamento de Aristóteles incompatível com o cristianismo. O que Aquino fazia então era guerra por palavras, embora ninguém jamais suspeitasse, se considerado o estilo sem crispações, sempre em tom menor.

(...)

Se Tomas de Aquino depôs deliberadamente a pena, há um sentido no qual ele escolheu a pobreza do espírito, acima da realização do intelecto. Essas são duas virtudes caracteristicamente dominicanas. É importante entender que ele foi frade, não monge. Os monges, como os cistercianos e beneditinos, vivem vida de oração e trabalho reclusos, longe do mundo, e seus monastérios são construídos para ser enclaves de ordem, paz e estabilidade. Enraizados num só ponto, os monges visam à autossuficiência, criando as próprias granjas, mantendo escolas pagas, fabricando licores exóticos e coisas do gênero.

Frades, como os dominicanos e os franciscanos, ao contrário, vivem da mão para a boca, na miséria, como mendigos que dependem da caridade das pessoas comuns. Como os monges, também vivem em comunidades, mas, diferentes deles, perseguem a própria missão nas ruas. Os frades são sujeitos urbanos, os monges são, na maioria, rurais. O objetivo original dos frades é liberar a teologia dos claustros e colégios, para que se torne o que esse livro chama de “prática multitarefa nas ruas”. Os dominicanos, em particular, combinam oração e pobreza, como o próprio Jesus. Têm de ser livres de quaisquer posses; e têm de manter o celibato (para não terem de arcar com deveres domésticos), para poderem ir aonde sejam necessários, flexíveis, disponíveis para os que cheguem. Diferentes dos evangelizadores de televisão nos EUA, também têm de deixar claro àqueles aos quais servem, que, ali, eles nada ganham.

(...)

De um ponto de vista tomista, todo o ser é benigno. É bom em princípio, e o mal é uma espécie de não-ser. Em homens e mulheres, é a forma defectiva de existência dos que jamais acharam jeito de ser humanos.

Jacqueline du Pré
1945 - 1987
Os seres humanos vivem em amarga carência de redenção, como pode comprovar qualquer um que leia jornais; mas essa redenção não é rudemente imposta sobre eles na contramão do que desejem. Ao contrário, a natureza deles acolhe, hospitaleira, essa transformação profunda, e anseia por ela, mesmo quando eles nem são inteiramente conscientes disso. A vida moral envolve cortar através de densa camada de falsa consciência e de uma autoenganação pia após outra, para descobrir o que nós realmente, fundamentalmente, desejamos.

Deduz-se da visão do ser de Tomás de Aquino que vida boa é vida florescente, ricamente abundante. Quanto mais uma coisa é ela mesma, melhor se torna. Santos são os supremamente bem-sucedidos na exigente tarefa de ser humano, os George Bests e as Jacqueline du Prés da esfera moral. Moralidade não é questão de dever e obrigação (Turner lembra que o léxico moral tomista praticamente nem registra essas palavras), mas de felicidade e bem-estar.

(Para ler completo, clique no título)

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Deus e o Universo Holográfico


por Fernando Soares Campos
 
Uma coisa é a gente acreditar em um fato, outra coisa é acreditar que acredita. Ou ainda: uma coisa é acreditar na realidade que somos obrigados a acreditar, outra coisa é acreditar que acredita nessa realidade.

(...)

O homem à semelhança de Deus
 
Deus não é apenas essencialmente bom, ou o Bem, conforme entendemos essas palavras, ou de acordo com os significados que lhes atribuímos a nosso bel-prazer. Deus está acima do Bem e do Mal. Acontece que, entre nós, quando dizemos que alguém está acima do bem e do mal, queremos dizer que esse alguém é a personificação da arbitrariedade, com as inevitáveis associações ao que é violentamente despótico, atendente a interesses de caprichos pessoais. Porém, em se referindo a Deus como um ser acima do Bem e do Mal, quero dizer que Deus é perfeitamente justo, que a Justiça Divina não se limita a conceitos de bem ou mal, bom ou mau, certo ou errado, de acordo com os nossos interesses imediatos. Deus – não personificado – é a essência da própria Justiça Divina, e esta responde por todas as demais qualificações de Deus: onipresença, onisciência e onipotência. A nossa própria consciência é, por natureza, o repositório da Justiça Divina, entretanto ela é apenas uma entre todas as faculdades humanas em fase evolutiva, tanto que a Psicanálise identifica subsistemas, ou departamentos, da nossa consciência. Porém, mesmo embotada por falsos juízos alicerçados em preconceitos – estes, por sua vez, frutos do nosso desejo individual, coisa muito natural –, essa consciência em evolução pode assimilar que aquilo que para a nossa individualidade é bom ou mau, é o bem ou o mal, o certo ou o errado, pode apresentar-se com sentidos invertidos em outros indivíduos, ou seja, em outras consciências. Isso me parece tão evidente que acredito ser desnecessário expressar qualquer tipo de exemplo.
 
Somos a semelhança de Deus; não, iguais a Ele; apenas semelhantes porque caminhamos para a perfeição. E, graças à perfeição da Justiça Divina, nunca chegaremos lá, jamais seremos iguais a Deus. Ser igual a Deus seria descortinar o infinito (impossível), tendo, por assim dizer, vencido a eternidade (igualmente impossível). Seria o fim, seria a inércia total do processo evolutivo. Ponto final. A morte, no seu mais amplo sentido. Precisamos compreender que o melhor da luta não é a vitória, o melhor de qualquer luta que empreendemos é ela própria, a luta em si. Vida é luta constante, ininterrupta. A vitória representa apenas a dilatação momentânea do prazer, um prêmio fugaz, um orgasmo. Os passos de uma caminhada deveriam ser moderada e continuamente prazerosos. Inclusive os passos aparentemente dados à ré; aparente porque, em todos os sentidos, o movimento nos conduz ao infinito. Se pararmos com intenção de “meditar”, não estaremos propriamente estacionados, o ponto de parada, nesse caso, representa uma caminhada em direção ao microinfinito, ao infinitesimal. Paramos de contemplar o mundo exterior e nos voltamos para dentro de nós mesmos. Mas acho que não devemos, ainda muito jovem, nos enclausurar num mosteiro, numa caverna, ou reclusos no deserto ou no meio da mata, com o propósito de nos tornar ermitões, achando que assim seremos capazes de nos transformar em “sábios” gurus; mesmo que o faça com um computador interligado à internet e mantendo-se em interação ideológica com toda a Humanidade.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Entrevista de Miruna Kayano Genoino: "Se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga" --- Esquerda obscura: Síndrome de Estocolmo ou mera covardia?

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Adriano Vizoni/Folhapress
Retrato de Miruna Genoino, filha de Jose Genoino, preso no processo do mensalão, durante a primeira entrevista exclusiva que ela concede
Miruna Genoino, filha de Jose Genoino, preso no processo do mensalão, durante a primeira entrevista exclusiva que ela concede

De nosso colaborador-correspondente Raul Longo:

Dedico essa entrevista da filha de José Genoíno a todo idiota e todo canalha que por se considerar da Esquerda usa o discurso da Direita para parecer ser o mais ESQUERDÃO e não é merda alguma a não ser um covarde.

Imbecil ou canalha é antes de tudo um covarde que se tivesse um mínimo de vergonha na cara ao menos calaria a boca. Mas dignidade é algo que não conhecem e certamente não vão ler essa entrevista, pois a verdade incomoda e atrapalha a ilusão de serem as consciências políticas a que todos devem ter paciência de escutar e ler cada besteira dita ou escrita.

Não vão ler e se ler não irão acreditar porque sempre imaginam que toda gente é como eles mesmos são, mas ainda assim é para esses inconsequentes que distribuo essa entrevista da Miruna Genoíno:



01/12/2013 

'Esperança eu não tenho, meu pai não vai durar na prisão', diz filha de Genoino


Miruna Kayano Genoino se lembra com detalhes da tarde em que seu pai reuniu a família e comunicou: "Lula pediu para eu ser presidente do PT e vou fazer isso porque esse projeto precisa funcionar". O ano era 2002 e Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido eleito presidente da República.

Filha do deputado federal licenciado José Genoino, a professora de 32 anos diz que o pai não tem arrependimentos. O petista foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no mensalão e, segundo Miruna, acredita que, "se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga".

[PressAA: No nosso entendimento, esta introdução só tem um objetivo: o de fazer o leitor acreditar que Genoíno assume que foi uma espécie de "corrupto do bem". Ora, a frase de Miruna refere-se a sofrer injustiça, pagar injustamente, mas por uma causa nobre. Porém, conforme está colocado aí, dá a impressão de que Genoíno concorda com o preço pago pelo crime que teria cometido. Muito bem faz a Marilena Chauí, que aconselha que ninguém deve dar entrevista a essa gente. Não vale a pena. Marilena Chauí quebra o silêncio e critica comportamento da mídia “A única solução é uma mídia alternativa, que esse governo não tem e que precisa criar. Em resumo: nada a fazer em relação ao comportamento da mídia. A não ser o que eu tenho feito, que é a crítica. Não me relaciono com a mídia. Não dou entrevistas, não vou a rádios, não vou às emissoras de tevê, não escrevo nos jornais. Eu não quero. A minha liberdade determina que eu não faço isso e que eles não são meus soberanos. Podem ter o império que eles quiserem, mas sobre mim eles não têm.” ]

Genoino foi preso em 15 de novembro e levado ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir pena em regime semiaberto. Após uma semana, teve uma crise de pressão alta, foi levado ao hospital e de lá seguiu para a casa da filha Mariana, onde espera o Supremo Tribunal Federal analisar seu pedido de prisão domiciliar.

"Meu pai não tem esperanças de que isso aconteça", disse Miruna à Folha. Leia a seguir trechos da entrevista.
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Julgamento e prisão
O momento mais difícil para o meu pai foi quando ele foi condenado. Durante o julgamento ele tinha esperança de ser absolvido. [Os elogios de alguns ministros antes de condená-lo] só o deixavam mais irritado. Era como se fosse um afago para depois meter a faca. Isso, hipócrita.

A prisão não teve o elemento surpresa. Por um lado, quando chegou a notícia, conseguimos respirar. Estávamos vivendo uma situação insustentável com o cerco da imprensa, os repórteres e fotógrafos querendo tirar fotos de tudo. O que vivi como mãe não desejo a ninguém. Posso entender que queiram tirar foto dele se entregando, mas não entendo o desejo de tirar fotos de dois menores de idade indo visitar o avô [os filhos de Miruna têm 5 e 7 anos]. Quando chegou a notícia, foi quase "vamos começar com essa porcaria de uma vez".

Preso político
Meu pai está proibido de emitir opinião, de dar entrevistas, e dizem que ele não é preso político. Então por que ele não pode falar? É preso político, sim. Meu pai foi condenado porque era presidente do PT.

Lembro da vez em que ele se sentou na sala com a gente e falou: "Olha, o Lula pediu para eu ser presidente do PT e vou fazer isso porque esse projeto precisa funcionar".

Às vezes, eu penso que se a gente tivesse falado alguma coisa... Mas não, ele não tem arrependimentos. Nenhum. Ele fala que, se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga.

Saudade
Estou sentindo muita saudade dele, muita mesmo. Na semana passada foi a apresentação de dança da minha filha e só estava eu para assisti-la [chora]. E isso nunca mais vai voltar. Ele nunca mais vai ver essa apresentação.

É difícil porque tenho uma ligação muito forte com meu pai, e o que acontece com ele é como se estivesse acontecendo aqui [coloca a mão em cima do coração e chora ainda mais], como se ele estivesse dentro de mim. Aí a minha mãe vai tentando ajudar a gente. Ela fala: "Você não é ele". Quando tive meus problemas pessoais este ano, ela também falava para o meu pai: "Você não é ela, calma".

Doença
Em julho deste ano meu pai estava com minha mãe e meus filhos em Ubatuba [litoral de São Paulo] e passou mal [foi submetido à cirurgia para corrigir uma dissecção na aorta]. Eu estava viajando. Faço mestrado na Argentina, e passei a noite no avião sem saber se meu pai estava vivo ou morto.

O que mais dói é que foi tão difícil o que nos aconteceu naqueles dias, meu pai tinha só 10% de chance de sobreviver e, graças a Deus, ele venceu. Agora questionam se a gente está usando a doença dele como estratégia. Isso é muito duro porque, se eu pudesse escolher, mesmo com meu pai preso e a gente longe dele, se ele estivesse bem de saúde, eu escolheria isso.

'Querem nos destruir'
Só não larguei o mestrado por causa dele. Soube da aprovação dias depois da condenação [novembro de 2012]. Ele me disse: "Querem nos destruir e você não pode permitir. Você vai continuar lutando e fazendo as suas coisas porque não podem nos apagar".

Se você me perguntar quem é o sujeito do "querem", de cara vou falar que a mídia teve muito a ver com isso. Meu pai teve muitas decepções. Mas com a mídia ela foi devastadora, o coração dele começou a rasgar ali. Ele tem uma mágoa profunda, uma dor com tudo o que é publicado. Quando os jornalistas ficam lá fora de casa, essas manchetes, essa agressividade, esse recorte da realidade é um punhal para ele.

Vontade de morrer
Depois da cirurgia, meu pai se perguntou: "Por que a vida não me levou?" Ele não tinha medo de morrer, mas se questionou muito. Na época da ditadura, ele não tinha nada a perder, mas hoje ele tem os filhos, os netos e minha mãe.

Solidariedade
Lula, Dilma e o PT sempre tiveram solidariedade com o meu pai. E eu só estou falando isso aqui porque se tiver uma pessoa --e só uma-- que ache que ele esteja fingindo e, depois de ler essas minhas declarações, mude de ideia e se convença que ele está mesmo doente e precisa de cuidados, para mim já vai ser suficiente.

Laudo médico
Meu pai passou mal na Papuda e precisou ir para o hospital em Brasília. Ele teve uma alteração de pressão que durou dois dias. Nós tínhamos quatro laudos dizendo que a situação era grave. Quando chegou a junta médica do STF já era o final de dois dias no hospital. É claro que a pressão tinha baixado. Ali ele estava medicado e com a família.

Minha pergunta é: esses médicos foram na Papuda? Foram ver a alimentação do meu pai na prisão? Viram que na Papuda não tem plantão médico noturno? Foram ver? Não foram. E eles se sentiram autorizados a dizer que meu pai não precisa ficar em casa.

Companheiros de cela
Já falei que se eu tivesse mil vidas e durante todas elas eu ficasse dizendo "obrigada" não seria suficiente para agradecer ao José Dirceu e ao Delúbio [Soares] por tudo o que eles estão fazendo pelo meu pai. Porque se teve alguém que cuidou do meu pai foram o Zé Dirceu e o Delúbio.

Eles foram atrás de água mineral para o meu pai parar de beber água da torneira. Insistiram e a polícia levou. É por isso que meu pai deve querer ficar na Papuda caso o STF não dê a domiciliar. Eles não querem se separar.

Próximos dias
Esperança eu não tenho. O único dia em que minha mãe perdeu a cabeça foi quando ele passou mal e o médico disse que ele precisava ir ao hospital, mas o juiz não autorizou. Ela gritou, chorou, ficou nervosa, se descontrolou.

Quando as pessoas falam que ele vai ficar alguns meses no semiaberto e depois já pode pedir progressão da pena, penso que não sei como ele vai chegar. Em uma semana eu vi como ele piorou, como eu vou pensar em meses? Oito meses? Ele não vai durar isso na prisão. Não vai.

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Síndrome de Estocolmo ou mera covardia?

Fernando Soares Campos

Vá nessa, Celso Lungaretti, não apenas leia, mas diga alguma coisa se for capaz!

Você vem batendo em Dirceu e Genoíno há muito tempo, praticamente exige que eles “confessem” o que não fizeram: “Deveriam ter dito a verdade”. Então, Lungaretti, já que você gosta tanto da verdade, nós, que também a apreciamos, vamos lavar alguma roupa encardida.
Li seu artigo "E agora, Josés?", no Pravda, no qual você afirma:

Por Celso Lungaretti (*)
A prisão sempre foi um acontecimento normal na vida de um revolucionário. Nunca nos envergonhamos de ser presos por tentarmos abolir a exploração do homem pelo homem. Nem deveríamos: só os melhores seres humanos o fazem.
O constrangedor, no caso do Zé Dirceu e do José Genoíno, é estarem prestes a cumprir penas em função de um episódio de corrupção. 
Nunca concordei com a decisão de alegarem inocência, que é a mesma de quase todos os criminosos comuns. O homem das ruas imediatamente conclui que são culpados. 
Deveriam ter dito a verdade: que é praticamente impossível governar o Brasil sem comprar o apoio da ralé parlamentar, seja com Pastas e cargos, seja com grana. 
***
Ainda bem que você diz que é "praticamente impossível" e não "absolutamente impossível". Eu acredito piamente que os Josés a que você se refere não compraram o apoio do que você chama de "ralé parlamentar". Também não acredito que eles vão vender suas consciências na prisão.
Mas também não estou censurando você por não ter suportado a dor física da tortura tempos atrás e ter fingido entregar seus companheiros; até porque você fez muito bem em mentir para os seus algozes, informado onde seus companheiros estavam acampados, mas o fez por que sabia eles já haviam abandonado aquele aparelho. E eu acredito em você, não tenho por que duvidar.
Também não o censuro por ter se rendido e aceitado fazer o papel de arrependido, de confessar para a nação, através de rede (na época acho que era cadeia, ou reprodução de vídeo tape) de televisão, que se arrependia de ter participado da companhia e dos planos dos seus ex-companheiros. Não, Lungaretti, isso não é censura, nem eu estaria comentando isto aqui se você até o momento não continuasse demonstrando tal arrependimento. Sim, porque o que você está fazendo agora é mais grave que naquela época. Hoje ninguém está lhe forçando a condenar ex-companheiros de luta, você o faz voluntariamente.
Seus torturadores o colocavam diante das câmeras e colocavam diante dos televisores outros presos políticos. Depois do depoimento de vocês, os arrependidos (assisti a alguns desses depoimentos na tevê, no início dos anos 1970), perguntavam aos que assistiram se eles queriam fazer o mesmo papel e, com isso, sofrerem menos, pois suspenderiam as torturas e, talvez, lhes concedesse a liberdade. Muitos se negaram a aceitar. Mas ninguém está hoje lhe cobrando atitude de herói. Não, mas, por favor, também não se comporte como um covarde.
Se Dirceu, Jenoíno, Delúbio ou qualquer deles não suportarem a tortura, darão um jeito de fazer com que a informação chegue a nós, mesmo sob censura, como estão. E cabe a nós disseminar a verdade. Omitir-se diante da injustiça de que não somos vítima é mais que covardia, é conivência. Porém, nem mesmo sendo atingido diretamente, toda injustiça nos alcança, nos ameaça, nos torna potencial vítima da arbitrariedade de consciências dopadas.
Olha, Lungaretti, "Síndrome de Estocolmo" até que dá pra gente compreender, possivelmente ela pode se manifestar em pessoas extremamente sensíveis, piegas até, mas bem intencionadas; o que não consigo compreender é a contínua relação sadomasoquista entre torturadores e torturados. Só me faz acreditar que o sujeito é morbidamente masoquista, pusilânime, do tipo oprimido que quer ser opressor, ou, pelo menos, ele acredita que a força bruta consegue dobrar a todos, visto que por ela foi dobrado. 
Para afirmar que os governos petistas haviam comprado a "ralé" política com pastas, cargos ou grana, só se eles tivessem feito como Mário Covas, que contratava alguns canalhas vencidos, vendidos.

É só, não dá mais pra segurar, é melhor eu parar por aqui.
Para ler o artigo "E agora Josés?", clique AQUI. Mas não deixe de ler os comentários.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Te liga, Garanhão! Te cala, coisa ruim!

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Te liga, Garanhão! Te cala, coisa ruim!

Eu estava em casa, quando me informaram pelo interfone que um rapaz queria falar comigo:

― Se Fernando, ele falou que o nome dele é Tiliga. Pode subir?!
― É amigo do meu filho, mas fala pra ele que o João não está em casa.
― Já falei, eu vi quando o João saiu faz pouco tempo, mas ele disse que quer falar com o senhor.
― Então, tá, pode subir sim.

Cinco minutos depois o Tiliga, um jovem negro de 19 anos de idade, estava ali sentado no sofá.

― E aí, Tiliga, como vão as coisas?
― Manero, seu Fernando.
― Já voltou a trabalhar?
― Não... quer dizer, não com carteira assinada, como eu estava até bem pouco tempo, mas tenho feito uns bicos.
― Bicos? Que tipo de bico?
― O de sempre...
― De sempre?
― Sim, uns ganhos... O senhor sabe...
― Eu sei de quê?
― O João nunca lhe contou não?
― Contar o quê, Tiliga? Bom, ele já me contou que você plantou numa boca tempos atrás, mas que estava fora, não queria mais se envolver com o tráfico. E nós aqui ficamos contentes. Você voltou a atuar no ramo?
― Não, isso não. Tou fora, não quero mais saber disso, é muito perigoso. Trabalhei uns tempos naquele escritório que um amigo do João me apresentou. Mas os negócios andavam pra baixo, e tiveram que fazer uns cortes. Eu dancei.
― Aí resolveu fazer esses bicos... ou ganhos. É isso?
― Sim.
― Bom, espero que você esteja se dando bem, pelo menos faturando pro almoço e jantar...
― Às vezes dá pro gasto, o problema é quando tem que repartir com outras pessoas...
― Repartir?
― Sim, o senhor sabe...
― Peralá, Tiliga, dá um tempo nessa de que eu sei de tudo. Eu não tou ligado em quase nada do que você tá falando. Se quiser me explicar melhor, tudo bem, tou aqui pra ouvir.

Tiliga se levantou, foi até a sacada, deu uma sacada de leve no parque aquático, voltou e sentou-se novamente no sofá. Eu fui até a geladeira, peguei duas latinhas de refrigerante, servi uma a ele, abri a minha e beberiquei. Ele fez o mesmo.

― Seu Fernando, eu num vou negar pro senhor, eu tou numas paradas meio sinistras... é... O senhor sabe...
― Acho que sei! Você está fazendo treinamento para entrar pro Corpo de Bombeiros. É isso?
― Coé, seu Fernando! E eu não tenho estudo pra ser bombeiro!
― Então, me diga aí que parada sinistra é essa em que você anda se metendo.
― É depenar carro, dá bote no sinal de trânsito, fazer saidinha de banco... Essas paradas...

Ainda pensei em começar a fazer uma preleção moral, adverti-lo para as consequências daquilo em que estava se metendo, dizer que ele podia contar com o nosso apoio para enfrentar certas dificuldades, que não precisava se envolver com aquilo; mas notei que, se me adiantasse nesse sentido, provavelmente ele não ia me contar alguma coisa que eu estava percebendo que ele queria me dizer.

― Você sabe que isso é uma atividade muito perigosa, não é?
― Sei, seu Fernando, e sei que o senhor não aprova isso, não. Mas eu queria lhe contar uma coisa estranha que aconteceu nesses dias.
― Fique á vontade. Se isso vai lhe fazer bem...
― Num é nada demais, não, é só meio estranho.
― Melhor assim.
― O Bronca, amigo meu, foi quem armou a parada. Foi lá no Santos Dumont, no Aterro, o senhor conhece, né?
― Sim, conheço o Aeroporto Santos Dumont. Continue.
― O Bronca e mais outro parceiro dero cobertura. Um cara saiu do táxi, deixou a porta de trás aberta e uma mochila de marca, bacanona, em cima do banco e foi pagar a corrida. Ele nem me viu, dei o bote e parti pra Cinelândia. Nas passage ninguém desconfiou, todo mundo pensava que eu tava correndo apenas pra atravessar as ruas. Da Carioca pra cima, até a Frei Caneca, nem precisei correr. Aí peguei um busão pra Tijuca, subi o Borel e tava em casa.
― Bom, só espero que não acusem o Chico Buarque de ser o engenheiro dos planos de fuga de sua patota.
― Que foi que o senhor disse?
― Nada demais, esquece. Fale do ganho. Não vá me dizer que na mochila tinha pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador...
― Não! Nada disso! Mas tinha muita grana! Real e até dola!
― Dólar?!
― Sim, dola. Mas era mais real, só alguns dola. Também tinha muito papel, papel pra caramba!
― Documentos?!
― Não, era só papelada, muita coisa escrita, até conta de telefone, mas nada de documento, nem identidade, nem título, essas coisas não.
― Tinha cartões de crédito?
― Não, só dinheiro e papel.
― E por que você queria me contar essa parada? Só posso lhe dizer que está no caminho errado. Sei que você não esperava minha aprovação. Por que me contou?

Tiliga levantou-se mais uma vez, foi novamente até a sacada, olhou para os lados, esticou o pescoço para observar as janelas vizinhas, voltou, botou a mão no bolso, sacou uma folha de papel dobrada e me entregou. Sentou-se.

― Seu Fernando, eu queria que o senhor lesse isso aí. Minha prima leu tudinho, umas duas vez, a gente riu muito, de tão engraçado que é. A gente não entendeu por que alguém escreveu essas coisa, por isso eu trouxe pro senhor ler e me dizer o que entendeu.

A folha era nova, estava apenas muito amassada devido ao dobramento.

Li e também ri em alguns trechos.

― Veja bem, Tiliga. Isso aqui é uma carta de pessoas que também estão envolvidas em atividades criminosas, mas em paradas deles são muito mais sinistras que a de vocês.
― Foi mais ou menos o que a gente sacou, seu Fernando. Mas por que esse cara que escreveu não mandou pela internet? Podia também dizer tudo isso por telefone...
― Tiliga, a coisa aqui tá preta! A internet, os telefones não são meios de comunicação tão confiáveis. Num caso desses é melhor não se arriscar. Entrega em mãos é mais seguro.
― Eu também não confio em certas coisas. Tinha uns caras lá no morro que viviam botando foto deles na internet, tudo armado e com as minas deles. Isso é vacilação, os home foram lá e foi tudo em cana.
― É isso aí, Tiliga, você tá ligado, hoje não dá pra vacilar. Posso ficar com essa carta?
― Se o senhor quiser, pode ficar, pois pra mim num vale nada.

Tiliga se foi, e eu resolvi postar essa carta, pois não sei a quem eu poderia encaminhá-la. Sei que o autor deve estar preocupado, querendo resgatar o escrito ou, pelo menos, saber que destino tomou.

Aí está. Se é sua, pode vir buscar o original ou imprimir e mandar outro portador entregar ao destinatário.

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De: Pigs Migth Fly, Rio de Janeiro
Para: Garanhão, São Paulo.

Garanhão, seu filho de uma égua, você não passa de um parvo metido a intelectual. Seus planos fracassaram desde o início. Essa porcaria de escândalo do mensalão só tá dando tiro pela culatra! A meta era derrubar um por um os homens fortes do governo Lula, e a apoteose seria o seu impeachment, ou que ele chegasse ao final do mandato como uma goiaba podre espatifada à sombra da goiabeira, toda bichada.

Você é um incompetente!

Quando deflagramos o escândalo do mensalão, o sátiro, que vivia na esbórnia, estava assistindo filmes pornôs, então, mudou de canal, levantou-se foi até o seu gabinete e tomou a primeira atitude com total autonomia, coisa nunca antes acontecida desde que ele havia assumido o governo: demitiu o ministro das Comunicações, homem de confiança do Palocci. O ministro era conterrâneo e amigo de juventude da Jeany Mary Corner, a cafetina que havia voltado a liderar os negócios de cafetinagem de meninas de luxo para políticos e empresários em Brasília. Coisa que ela já fazia com muita competência há alguns anos.

A queda do ministro das Comunicações nem foi muito comemorada, mantivemos certa cautela, porque o que a gente queria mesmo era a cabeça do Palocci e do Dirceu, o resto era lucro, os vassalos do segundo escalão a baixo são chimpanzés que a gente abate e usa como ração pras nossas hienas.

Você, apesar de nossas advertências, insiste que o plano está dando certo, que tudo está perfeito, não vê que, em muitos casos, as porções de Agente Laranja que a gente despeja no Planalto atingem nossas próprias tropas de choque, eliminam muitos dos nossos guerreiros, são vitórias de Pirro, seu estúpido!

Mas, não, seu orgulho e egoísmo não permitem que você enxergue nada disso. O resultado é que, a cada mentira que plantamos, somos obrigados a criar outras e mais outras e tantas outras, cada uma por todas e todas por uma.

Falamos pra você que não deveríamos mexer com as cafetinas. Sabemos que as mulheres são mais perigosas do que pensamos. Veja só o que fizemos. Naqueles dias de júbilo pelo escândalo do mensalão, desbancamos, pela segunda vez, a Jeany Mary Corner. A primeira foi com a queda de Collor Mello, quando os negócios dela iam de vento em popa.

Aí, aquele anjo do mal se revoltou contra nós. E Lúcifer, seu protetor, fez todo mundo saber quem era a sua cafetina, quem fornecia prostitutas de luxo a você. Quem?! Quem?! Isso mesmo, tudo mundo hoje sabe, por exemplo, que aquela jornalista que você dizia que cheirava a cavala foi fornecida pelo nosso departamento de cafetinagem, e que o povo brasileiro foi quem pagou a conta.

Mas isso não é nada, o pior é hoje a gente ter que sustentar o filho dela, quando acreditávamos que era seu filho. A verdade é que você não passa de um corno da amante. Por sua causa, tomamos o golpe da barriga. É provável que exista entre nós alguns traíras, gente que desde o princípio sabia de tudo, mas ficou na encolha. Estamos de olho, desconfiamos até do nosso próprio diretor de jornalismo, um ex-ator de filmes pornô que um caça-talento nosso tirou da paulistana Boca do Lixo. Não podemos negar, menos ainda esquecer, que temos entre nós os mais habilidosos chantagistas do País. Muitos de nossos colaborares andam olhando atravessado para suas mulheres e filhos, comparam fisionomias, gestos, hábitos...

Agora estamos numa enrascada dos diabos. Nossa audiência despencou de 75 pontos tempos atrás para os minguados 25 de hoje. O povo já não assiste aos nossos telejornais como antigamente, os gatos pingados que ainda se ligam na nossa programação parece que estão assistindo e peidando. A cada rodada de pesquisas, Dilma sobe, os nossos caem.

Já tentamos de tudo. Nosso Batman justiceiro está fazendo seu papel. Nós aqui mantemos a filho dele como refém. O povo pede a prisão de todos os corruptos. Mas, como?! Não dá pra mandar pra cadeia gente como Aécio, Serra, Alckmin e tantos outros. Arruda, Cachoeira, Maluf e outros já deram sua cota de sacrifício. Estão todos felizes, sabem que nada mais pode lhes acontecer. O Jefferson é uma incógnita. Estamos tentando convencê-lo de que, se não tiver jeito, ele precisa se recolher a uma casa de detenção.Terá tudo nosso apoio, não será tratado como um Genoino qualquer.

A nós só interessa o espetáculo das prisões de petistas autênticos, nossos verdadeiros inimigos. Querem que a gente prenda um Palocci desses?! Tá louco, sô! Palocci não é um Dirceu qualquer. Querem que a gente prenda um Perrella, pai ou filho?! Esquece! Esses aí são do Exército do Rapé Branco da boca do Leoné!

E por falar em Leoné, esse sabia lidar com essa gente. Ele estava sempre advertindo: “Querem cheirar, cheirem. Mas deixem o povo se alimentar, seus demônios!”. Leoné costumava citar Tim Maia: “O Brasil é o único país onde prostituta tem orgasmo, cafetão tem ciúme, traficante é viciado, e pobre é de direita”.

Dirceu quando circulava entre os nossos fazia um papel de diplomata, era como o Lula, metido a conciliador, evangelizador. O Leoné, não, esse era uma espécie de satanás do bem.

Mas o que eu quero lhe dizer mesmo é que não devemos mexer com essa mulher aí. A Jeany Mary Corner já sofreu muito. Ainda muito jovem foi expulsa de casa só porque foi flagrada com o namorado se divertindo no quarto. Chegou aqui em São Paulo com uma mão na frente e a outra estendida. Nossas promotoras de eventos logo identificaram seu potencial, era carne de primeira, não podiam abandoná-la aos deus dará. Mas ela não gostava de ser explorada, preferiu fazer carreira solo, e depois montou sua própria equipe, com “As mais-mais da Jeany”.

Agora você imagine se uma dessas mais-mais resolve contar os detalhes de suas relações com seus clientes! Muitos deles são nossos parceiros. Comparado com que elas têm pra falar, as histórias de Bruna Surfistinha vão virar catecismo.


Te liga, Garanhão! 

Melhor: Te cala, coisa ruim!

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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Especial Mandela/Lula --- Jornal Nacional: FHC era amigo de Mandela desde criancinha --- Campanha PressAA: Joaquim Barbosa para presidente vitalício do STF

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Um dos encontros de Lula com Nelson Mandela em Maputo em 2008



O ex-presidente da África do Sul abriu uma exceção para receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula a comparou [Dilma] a Mandela"Uma parte da história da Dilma me lembra muito a do Mandela. Lembro-me uma vez que o Mandela me contou que só foi para o confronto porque não deram outra saída pra ele. O tempo passou e o que aconteceu: ele virou um dos maiores símbolos da paz e da união no mundo".

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MANDELA E LULA, O ENCONTRO


Os dois se encontraram hoje na casa de Nelson Mandela, em Maputo. É a casa em que Mandela mora com sua esposa, Graça Machel, viúva do líder pela luta da independência e presidente de Moçambique, Samora Machel.

Mandela machucou o joelho, por isso não pode ficar muito tempo em pé. Usa aparelho para surdez e bengala. Caminha com dificuldade. Na foto abaixo, ele chega apoiado no braço do presidente Lula.



Enquanto posava para as fotos, Mandela fez graça. Disse o seguinte:

"Estou muito honrado em receber um presidente. Na minha idade, eu deveria estar agora a cavar meu próprio sepulto. Na minha idade, não me reúno mais com presidentes. É uma grande honra poder recebê-lo. Machuquei o joelho, por isso não posso ficar muito tempo em pé. Mas se quiserem posso me sentar aqui no chão".


Lula ficou emocionado no encontro. Depois, em conversa com jornalistas, disse que Mandela representa uma das personalidades mais importantes do século 20. Lula também lembrou que teve o primeiro encontro com Mandela em Cuba, em 1992. E depois em 1994, na África do Sul.

Na foto abaixo, Mandela, Graça Machel, Lula e um dos filhos de Graça.


Os seguranças de Mandela pediram para não usar o flash na hora das fotos. Quando foi submetido a trabalhos forçados, durante sua prisão de 27 anos, Mandela era obrigado a quebrar pedras sob o sol. Na prisão não forneciam óculos escuros.


O reflexo do sol nas pedras prejudicou sua visão. Quando um flash dispara, suas pupilas demoram a voltar ao normal. É como se Mandela ficasse desnorteado.
Não sei se é fato. Foi o que me contaram.
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"Tive uma grata satisfação de fazer parte de uma geração que lutou contra o apartheid", disse Lula

05/12/2013 - 21h33 | Agência Estado
correiopontocom@rac.com.br

Foto: Cedoc/RAC
O ex-presidente comparou sua trajetória política ao líder sul-africano e disse que Mandela não conseguiu fazer muito pelo lado social, pois chegou tarde ao poder
O ex-presidente comparou sua trajetória política ao líder sul-africano e disse que Mandela não conseguiu fazer muito pelo lado social, pois chegou tarde ao poder










[PressAA: Dá um tempo aí! Lula não disse que Mandela era simplesmente "Pessoa extraordinária". Lula falou que "Mandela representa a perda de umas das figuras mais extraordinárias da humanidade. Na definição de Lula, ele foi alguém que passou 27 anos encarcerado e que deixou a prisão sem qualquer ressentimento." - Portal Terra - Direto de Diadema
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o seu pronunciamento em um evento em Diadema, na Grande São Paulo, pedindo um minuto de silêncio em homenagem ao ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que morreu nesta quinta-feira aos 95 anos. "Tive uma grata satisfação de fazer parte de uma geração que lutou contra o apartheid", disse.
O ex-presidente comparou sua trajetória política ao líder sul-africano e disse que Mandela não conseguiu fazer muito pelo lado social, pois chegou tarde ao poder, porém, conseguiu vencer uma realidade que não tinha lógica. "Não tinha sentido a maioria negra ser governada pela minoria branca. Acontecia comigo a mesma coisa", disse, ressaltando que não entendia o porquê dos trabalhadores, que eram maioria, não chegarem ao poder. "Nem sempre a maioria descobre que é a maioria."

Lula exaltou a trajetória de Mandela e disse que o "mundo perdeu uma das pessoas mais extraordinárias que eu já conheci". "Compensa conhecer a história do Mandela porque ele servirá de exemplo", reforçou. O ex-presidente disse ainda que Mandela merecia ter um bom descanso. "Se existe um lugar no mundo para a vida depois da morte, se existe um paraíso, o Mandela merece estar nele", afirmou. E brincando concluiu a sua "homenagem" dizendo. "E espero aprender o caminho (do paraíso) para ir atrás."

Lula participa na noite desta quinta-feira da inauguração da Escola Livre de Formação Integral "Dona Lindu", em Diadema. O centro de ensino, que busca atender até 5 mil trabalhadores por ano, com cursos de formação e qualificação profissional, é uma iniciativa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A escolha do nome da escola foi feita em homenagem à mãe do ex-presidente, Eurídice Ferreira de Melo, conhecida como Dona Lindu, por ter sido a responsável pela entrada de Lula no curso do Senai.
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Bono compara Lula a Mandela e pede Bolsa Família mundial


9 de Abril de 2013,

Conversa entre Lula e Bono, líder da banda U2, na tarde desta terça-feira (9), durou cerca de uma hora.

O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou, na tarde desta terça-feira (9), em Londres, com o músico irlandês Bono, líder da banda U2. A conversa entre os dois durou cerca de uma hora. Durante o bate-papo, sobre assuntos diversos, Bono pediu a Lula para transformar o Bolsa Família em um programa mundial.

"Você é hoje a única pessoa em condições de liderar uma cruzada internacional para transformar o Bolsa Família em um programa planetário, que atenda a todos os pobres do mundo! Vamos, eu me junto a você e fazemos isso juntos!", disse o cantor, segundo publicação do Instituto Lula.

Bono propôs uma parceria entre a ONG criada por ele, a ONE, que atua na África, e o Instituto Lula para promover programas contra a fome e a miséria em países africanos. O roqueiro pediu que Lula resumisse os programas de inclusão social realizados no Brasil durante seu governo, que permitiram que mais de 30 milhões de pessoas fossem retiradas do estado de miséria absoluta.

Para Bono, depois que o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela retirou-se da politica, por problemas de saúde, Lula se converteu no grande interlocutor mundial dos pobres. "Lula, você é o único interlocutor capaz de falar com capitalistas e socialistas, com dirigentes dos países ricos e com as lideranças do Terceiro Mundo", disse o vocalista e ativista social. (fonte/Foto:A Tarde).

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Blog do Bertoni

CAW homenageia Lula com prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos

7 de Novembro de 2012

O companheiro e ex-presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio LULA da Silca recebeu do CAW - Canadian Auto Workers (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Automobilística do Canadá) o prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos.


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FHC sobre Mandela: perdemos maior símbolo na luta pela dignidade humana

Fernando Henrique Cardoso faz parte do grupo criado por Mandela chamado "Elders", os Anciões


FHC postou foto em seu Facebook em que aparece com sua mulher, Ruth Cardozo, com Mandela e com a mulher do líder sul-africano, Graça Machel  Foto: Facebook / Reprodução
FHC postou foto em seu Facebook em que aparece com sua mulher, 
Ruth Cardozo, com Mandela e com a mulher do líder sul-africano, Graça Machel

Foto: Facebook / Reprodução

[PressAA: Não perdemos "simbolo da dignidade" coisa nenhuma, seu parvo caquético! Pelo contrário, Mandela era referência viva de luta pela dignidade. Agora, sim, ele é SÍMBOLO de luta VIVO em nossos corações e mentes.]

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[PressAA: Porém, muita gente ainda não perdeu seu símbolo vivaldino de luta contra a 

dignidade]




Publicado em 24/03/2011

FHC EXPÕE INVEJA DE LULA AOS AMERICANOS

Saiu na Carta Capital: “FHC: ‘Lula só quer manter sua popularidade’”.




Navalha
A inveja de Fernando Henrique se justifica plenamente.
Lula não almoça com o presidente dos EUA.
Fernando Henrique fala mal do Lula ao Cônsul americano.
Lula dá de 10 x 0 no invejoso.
Inveja, como se sabe, é santa: corrói o invejoso por dentro.



Clique aqui para ver o vídeo em que Clinton espinafra FHC em público e ele não defende o Brasil nem o Governo dele.
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Leitores-correspondentes PressAA:

De: Douglas Quina 
Data: 5 de dezembro de 2013 11:28
Assunto: Te liga, Garanhão! Te cala, coisa ruim!2013 12 05
Para: Fernando Soares Campos 
Cc: PT Mogi Guaçu <ptmogiguacu@yahoogrupos.com.br>



Fernando,
 
Parabéns. Uma das peças mais engraçadas que li ultimamente. Pena que só tenha graça para alguns, pois não é possível fazer humor para todos. Uma pérola!
 
Douglas Quina
Mogi Guaçu - SP

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De: Raul Longo <pousopoesia@gmail.com>
Data: 5 de dezembro de 2013 12:25
Assunto: ENC: I$enção e apartidari$mo

TESTE SEUS CONHECIMENTOS:

Se passar dessa fase é só responder a quantas doações do “Criança Esperança” correspondem as sonegações de imposto do “Brasil Desesperança” e você terá direito a passar uma tarde brincando de Jornalismo Alternativo ON LINE como Ali Kamel o diretor de jornalismo da Rede Globo que derrubou o jato da TAM!  


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De...



Prezado escritor Fernando, agradecemos e informamos, que foi colocado um LINK DE DESTAQUE para o seu texto "Te liga, Garanhão! Te cala, coisa ruim! ",  setor "ARTIGOS E CRÔNICAS". Este texto  ficará neste espaço durante 1 semana, ou até ser substituído por outro mais recente. Clique na página principal, setor "ARTIGOS E CRÔNICAS" e confira: http://www.paralerepensar.com.br#link_de_destaque


Abraços,
Albertino Fernandes (Construtor)

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Sobre "Te liga, Garanhão! Te cala, coisa ruim!"

Em 5 de dezembro de 2013 12:35, Brasilianas <hajapau@gmail.com> escreveu:

Jeanne Marie Corner, a Cafetina Oficial do Mensalão durante quatro horas passeou disfarçada pelos corredores do Congresso na companhia de Heloísa Helena, aquela que Zé Dirceu expulsou quando Duda Mendonça entregou o Mensalão numa boa...

Conta a moça que a cada chegada do carro forte que era distribuída por Simone Vasconcelos no Banco Rural, Jeanne era convocada com sua equipe de moças e moçoilos para a festa no 14º andar do Gran Bittar. A conta, confessou Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério, era paga por ele com grana do valerioduto. 

Na Mansão de Ribeirão Preto onde no Chefe Palocci esvaziava a casa na chegada da Karla, do time de Jeanne, as festas eram mais restritas. Mas deu no que deu... Antonio Buratti gamou na Karla e quis tirar a moça da vida. Arrumou um flat pra ela em BH. O Chefe mandou a moça voltar para sua banheira com pétalas de rosa... Francenildo, o caseiro, sabia que aquilo iria acabar mal. A história é manjada. Palocci se homiziou ao lado do gabinete de Lula, Thomaz Bastos, o criminalista-chefe do Regime, tentou mas com o sigilo do caseiro arrombado, não teve jeito...

Isto é PT. 
Tipo: se coçar sai pus.
Se teorizar temos uma versão de tropical-fascimo: culto ao Chefe, Estado como aparelho do partido, manipulação das massas....

É cana, malandro... E ainda falta muita gente!

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Nosso Editor-Assaz-Atroz-Chefe respondeu:

Eurico, é você?! Não acredito! E eu que pensava que você havia desistido, pendurado  as chuteiras.

Fico contente quando vejo que um velho... desculpe... um idoso... Tá bem, quando vejo que um amadurecido cidadão aposentado não está caído, down, e sabe que existe sempre um chinelo velho prum pé inchado. Bom, acho que, no seu caso, você deve preferir pantufas, pois aí no sul, mesmo no verão, sempre bate umas frentes frias estranhas, não é mesmo?

Mas veja que coincidência dos diabos! Acabei de dar um rolé na internet e voltei e revisar essas minhas mal-traçadas. Minhas?! Sei lá! Isso tá mais pra psicodigitação. 

Olha, se não fosse sua mensagem de ontem, eu nem saberia do recente caso envolvendo a Jeanne Marie Corner. Assisto pouco televisão, nem sei se trataram desse caso nos telejornais, parece que também não deram qualquer importância nos portais da imprensa empresarial. Mas vocês estão sempre em alerta, ligadões! Sentem o cheiro da notícia importante. 

Eu estava meio de saco cheio de falar sério. É bom descontrair, contar lorotas de vez em quando. E melhor ainda quando mandam a piada pronta. Aí é só enfeitar o pato.

Quando eu tiver um tempinho, vou pesquisar um pouco, vou ver quem são esses novos personagens de quem você acaba de me falar: Simone, Tolentino, Karla (se essa derrubou o tal de Buratti, deve ser muito boazuda!). Devem render um conto, talvez dois contos. Eu nunca me liguei em valores, mas é isso aí, eles devem valer alguma coisa.

Valeu!

Cordialmente
Fernando

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de: Movimento de Solidariedade e Justiça 
responder a: Movimento de Solidariedade e Justiça
para: Fernando Soares Campos



Boa tarde,
 
 
Nos últimos anos temos assistido a inúmeras discussões sobre a Ação Penal 470. Advogados, juízes, parte importante da sociedade civil, do meio acadêmico e até mesmo ministros e ex-ministros do STF, tem denunciado gritantes irregularidades e inconstitucionalidades no processo e no julgamento da AP 470.

Para aprofundar essas questões o Setorial Jurídico do PT/SP promove hoje, dia 04 de dezembro, o “Seminário sobre as inconstitucionalidades e irregularidades no julgamento sobre AP 470 pelo STF”.

O seminário contará com as presenças do Dr. Sérgio Sérvulo da Cunha, jurista constitucionalista, do Dr. Rodrigo Dall’Acqua, advogado criminalista e defensor de José Dirceu na AP 470 e do jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, autor do livro “A outra tese do Mensalão”.

 
Quando: dia 4 de dezembro - quarta-feira
Horário: 19:00 horas
Onde: Faculdade de Direito da USP - Largo São Francisco, 95
Sala dos Estudantes (entrada pela Rua Riachuelo)
Transmissão ao vivo no link: linhadireta.org.br
 
 
Abraços,
 
 
 
Movimento de Solidariedade e Justiça
 
 


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Alerta!

Estão querendo derrubar Joaquim Barbosa! Fazer dele um mártir!

Outros querem que ele saia numa boa, seis meses antes das eleições, e filie-se a uma legenda partidária de aluguel.

Em ambos os casos, o objetivo é o mesmo: transformá-lo em candidato a presidente da República.

Nós aqui somos a favor de sua manutenção como presidente vitalício do STF.

Queremos ver o que vão fazer com os processos dos mensalões do PSDB e do DEM.




OAB quer o impeachment de Joaquim Barbosa

03.12.2013
 
AB quer o impeachment de Joaquim Barbosa. 19333.jpeg
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou por unanimidade entre seus conselheiros federais, um documento onde cobra do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma rigorosa investigação sobre a conduta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, visando seu impeachment.


Por João Jorge Braga 

Nunca na história da instituição tal medida foi tomada, demonstrando o quanto a OAB está insatisfeita com as medidas e a conduta de Joaquim Barbosa, entendo que o ministro extrapolou todos os limites da razoabilidade pertinentes ao exercício de seu mandato e ao próprio regime democrático vigente no país.

Para a OAB, há muito tempo que Joaquim Barbosa já não age mais como um juiz e sim como um justiceiro, que utiliza seu cargo para fins políticos e até perseguir outros juízes. A OAB não perdoa a substituição, que teria sido sem uma razão plausível, promovida por Joaquim Barbosa do juiz responsável pela execução das penas na Ação Penal 470, Ademar Silva Vasconcelos. Especula-se que Joaquim Barbosa teria feito isto apenas para colocar em seu lugar o juiz Bruno André da Silva Ribeiro, filho de um dirigente do PSDB no Distrito Federal, partido para o qual alguns afirmam que o ministro nutre imensa simpatia e até certa conivência. Para a OAB a atitude de Joaquim Barbosa foi absurdamente desrespeitosa sob todos os aspectos, colocando-se acima de todos e da própria lei.
O que muita gente também se pergunta é se toda esta movimentação contrária a Joaquim Barbosa não seria por ele estar se destacando cada vez mais numa possível corrida presidencial. Hoje, todos sabem que Joaquim Barbosa ganharia de qualquer um dos infelizes candidatos que aí estão, inclusive de Dilma Rousseff, para o desgosto do PT que o indicou para o Supremo Tribunal Federal.

A verdade é que não querem que Joaquim Barbosa seja visto pelo povo brasileiro como o justiceiro que todos esperam há tempos que apareça. A prisão dos mensaleiros certamente foi a gota d'água no copo daqueles que não querem que nada mude no país. Mas o fato é que o povo está com Joaquim Barbosa e tentar tirá-lo só irá fortalecê-lo ainda mais. E digo mais, preparem a parede, pois só se ele não quiser, o próximo retrato oficial será o de Joaquim Barbosa.

Em tempo, o Exército brasileiro, temeroso da segurança do ministro, por decisão tomada pelo alto comando do Exército e pelo general José Elito, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, fará reforçada segurança ao ilustre ministro, conforme noticia o site Ucho.Info (veja a matéria aqui)

*João Jorge Braga é natural de Minas Gerais.
http://www.debatesculturais.com.br/oab-quer-o-impeachment-de-joaquim-barbosa/
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Mandela escapou da forca, alguns dos seus algozes hoje vertem lágrimas de crocodilo --- O Antigo Regime não perdoa Lula --- Dos Anões do Orçamento ao mensalão, golpes, traíras, assassinatos e câncer

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Winnie Mandela (E), Nelson Mandela (C) e Joe Slovo (D)


O Antigo Regime não perdoa Lula

30 de Dezembro de 2013 | 09:03 Autor: Miguel do Rosário
O Ministério Público Federal, através de um parecer assinado por Marcelo Antônio Ceará Serra Azul, entrou com uma ação de improbidade administrativa contra Lula. A mesma ação já havia sido anulada pela Justiça, mas o MP apelou, e trabalha para que a denúncia seja aceita pela Justiça.
Tudo muito bem, só que é importante a gente lembrar alguns episódios. E jamais esquecer que o Ministério Público, que tem a nobre missão de combater a corrupção e a incompetência administrativa, também tem seus problemas.
O MP tem muitos integrantes ilibados e valentes, mas há momentos em que aqueles que cultivam rancores políticos e se associam a forças partidárias conservadoras (para não dizer mafiosas), parecem predominar.
Serra Azul, o procurador que assina o parecer contra Lula, por exemplo, além do sobrenome de pirata, tem uma mácula em seu passado que, pelo jeito, ainda não se apagou por completo.
Ele acompanhava outro procurador José Santoro, quando este tentou pressionar Carlos Cachoeira, a entregar uma certa “fita” que poderia prejudicar José Dirceu.
O escândalo foi parar no Jornal Nacional (que tentou, mesmo assim, aliviar a barra de Santoro, ao lhe dar todas as chances de se explicar):

(O vídeo acima foi editado por mim para mostrar somente a parte em que Serra Azul é citado; a íntegra da matéria do Jornal Nacional está aqui).
Santoro não ocultava seus objetivos: atingir José Dirceu e “derrubar o governo do PT”.
O caso chocou parte da opinião pública, e obrigou o então procurador-geral da República, Claudio Fonteles, a entrar com uma representação contra três procuradores:
O coordenador criminal do Ministério Público Federal em Brasília, Marcelo Antônio Ceará Serra Azul, o procurador Mário Lúcio de Avelar, bem como o sub-procurador, José Roberto Figueiredo Santoro, que extrapolaram suas funções na investigação do caso Waldomiro, poderão sofrer desde a pena mínima de advertência até a máxima, que seria a demissão.
Os atos por eles praticados afrontam “ao princípio do Promotor Natural e improbidade administrativa na modalidade de violação do dever de lealdade para com a Instituição”, no entender de Cláudio Fonteles, procurador-geral da República, que, nesta quarta-feira (31/3), encaminhou à Corregedoria-Geral do órgão pedido de abertura de inquérito administrativo. (veja íntegra abaixo)
Segundo Fonteles, ao tomarem conhecimento, no dia 4 de fevereiro passado, das fitas gravadas da conversa entre Waldomiro Diniz e o bicheiro Carlos Cachoeira, que foram enviadas pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) com um pedido de investigação, deveriam ter encaminhado o material para o primeiro grau. “Eles invadiram atribuições”, afirmou.
Na época, a senadora Ideli Salvati foi à tribuna expressar sua suspeita de que Serra Azul estaria associado a Carlos Cachoeira, porque o procurador havia “anistiado” a Gtech, da qual Cachoeira era sócio, e jogado todo o peso do MP sobre a Caixa.
O próprio Dirceu também descobriu que Serra Azul entrara na Caixa para levar documentos, sem autorização judicial.
Uma rápida pesquisa nos permite descobrir que Serra Azul integrava o grupo de procuradores ligados à José Serra, do qual fazia parte Santoro, Mário Lúcio de Avelar; na Polícia Federal, o serrista mais conhecido era Marcelo Itagiba. Santoro, Avelar e Itagiba estiveram à frente, porexemplo, do caso Lunus, onde Serra conseguiu a proeza de extirpar pela raíz a candidatura de Roseane Sarney.
(Digressão: assista essa denúncia do deputado estadual Marcelo Freixo, que acusa Itagiba de ser um dos nomes mais constantes na CPI da Milícia, e que a milícia no Rio de Janeiro jamais cresceu tão rápido e matou tanta gente como quando Itagiba esteve à frente da secretaria de Segurança.)
A relação entre Serra Azul e Serra vem desde os tempos em que o tucano foi ministro da Saúde e montou uma espécie de “central de inteligência e contra-inteligência” no próprio ministério.
Matéria da Folha de 31 de outubro de 2001 informava que o empresário Alexandre Paes dos Santos, 47 anos, vivia um estranho pesadelo. Após comentar com uma jornalista sobre um esquema dentro do Ministério da Saúde para forçar empresários a colaborar no caixa de campanha de José Serra (seria um dos “mensalões” de José Serra?), o procurador Serra Azul apareceu na sua vida como um anjo vingador – em defesa de Serra. De possível denunciante, Santos passou a ser investigado.
“O procurador Marcelo Antonio Ceará Serra Azul, o ministro e o assessor, segundo Santos, estariam invertendo a situação. No lugar de investigarem sua denúncia de que existiria no ministério um esquema para forçar empresários a colaborar com a caixa de campanha presidencial de Serra, ele, Santos, é que passou a ser investigado por supostamente levantar suspeitas que visam obter benefícios para seus clientes.
O esquema do ministério seria, segundo o advogado Felipe Amodeo, um crime de concussão (extorsão ou peculato cometidos por servidor público no exercício da função). A acusação contra Santos é de tentativa de extorsão.”
Essas informações servem para alertar os cidadãos a olharem o Ministério Público com o mesmo grau de desconfiança que tem contra o Legislativo e o Executivo. O jogo pesado de poder e a corrupção estão tão entranhados no Ministério Público como em qualquer outra instituição. Com um agravante: os procuradores são como príncipes. Não passam pelo filtro do voto popular e gozam de uma blindagem e imunidade que nenhum parlamentar, ministro ou mesmo presidente da república, possuem.
Além disso, não é difícil observar, no seio do Ministério Público, a presença de uma mentalidade profundamente aristocrática, e um preconceito muito grande contra a classe política, vista como inculta, corrupta e incompetente. A figura de Lula, especialmente, por encarnar exatamente o oposto do perfil sociológico de um membro do Ministério Público, desperta um ódio irracional.
No julgamento do mensalão, esse ódio corporativo veio à tôna com muita força. Ao apresentar oficialmente a denúncia, Roberto Gurgel, não expõe somente os supostos fatos que deveriam levar à condenação: ele faz um discurso muito mais adjetivo do que substantivo. É um discurso de ódio e ressentimento. Como figura mais importante do Ministério Público naquele momento, Gurgel representava o neocoronelismo burocrático, já denunciado por Raymondo Faoro, cuja obra, ironicamente, é citada por Gurgel no discurso, mas sob um viés totalmente deturpado; Faoro antevira o golpe de Estado de 64 ao alertar que o coronelismo renascia disfarçado na burocracia.
O neocoronelismo burocrático, alertava Faoro, seria a maneira como as elites reagiam à democracia, sobretudo quando, após Vargas, perdem as prerrogativas de controlar (e fraudar) o processo eleitoral. Para setores da elite, a democracia implica em perda de poder. Por isso, o espírito de vingança, que perdura até hoje.
A perseguição de Serra Azul contra Lula, enquanto FHC é deixado em paz, reflete esse espírito vingativo e aristocrático do Ministério Público. FHC mereceu ser presidente, porque estudou na Sorbonne e fala francês. Lula não. Lula tem de pagar pelo crime de ganhar as eleições e governar o Brasil. Com o julgamento do mensalão, derrubaram alguns dos melhores quadros políticos do PT. Agora é a vez do próprio Lula.
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Lembre do escândalo dos Anões do Orçamento que completa 20 anos


José Carlos Alves dos Santos foi o delator do maior esquema de corrupção até então no País Foto: Reprodução


José Carlos Alves dos Santos foi o delator do 
maior esquema de corrupção até então no País
Foto: Reprodução
José Carlos Alves dos Santos – Era o responsável técnico da Comissão do Orçamento, e foi o delator do esquema, após suspeita de ordenar a morte da mulher, crime pelo qual foi condenado a 20 anos de prisão, mas está em liberdade condicional.  Ele relatou à CPI que sua mulher sabia do esquema, mas tinha conhecimento apenas das comissões, que variavam entre 20% e 30%.
Ricardo Fiuzza – Quando comandou a Comissão de Orçamento beneficiou uma de suas fazendas com dinheiro público. Escapou da cassação e morreu no final de 2005 por causa de um câncer.
João Alves – era o líder da quadrilha, tinha movimentação financeira 300 vezes maior que a compatível com sua renda de parlamentar.  Com os conhecimentos técnicos de José Carlos Alves dos Santos na Comissão de Orçamento da Câmara manipulava as emendas. Ele renunciou ao cargo para não ser cassado e perder os direitos políticos e morreu em 2004 por causa de um câncer de pulmão.(Para ler completo, clique no título)_____________________________
Wikipédia:

Anões do Orçamento



Trecho:
O ex-chefe da Assessoria de Orçamento do Senado, José Carlos Alves dos Santos, ao denunciar as irregularidades, fez desmontar o esquema. Mas ele próprio foi preso e acusado de assassinar a esposa, Ana Elizabeth Lofrano, que ameaçava denunciar os podres da máfia. Na casa dele foi achada uma mala com mais de US$ 600 mil.
A situação de José Carlos se complicou com a prisão de dois cúmplices, que mostraram o local onde enterraram o corpo de Ana Elizabeth, após a terem matado a golpes de pedra e picareta em novembro de 1992, na presença do marido. O assessor foi condenado a 20 anos de prisão. Em sua defesa, acusou os ex-deputados João Alves e Ricardo Fiúza como os verdadeiros mandantes do assassinato de sua mulher.
Na cadeia, José Carlos tentou o suicídio, mas foi salvo. Quase dez anos depois, já em liberdade condicional, amarga uma vida solitária e sem atrativos. Não frequenta mais as altas rodas a que estava acostumado e teve a aposentadoria cortada pelo Senado. Mas, ao contrário do que ocorreu com a CPI do PC, onde os personagens revelaram os bastidores dos crimes financeiros, muitos segredos dos "Anões do Orçamento" continuam guardados. José Carlos até hoje se nega a falar sobre o assunto.

(Para ler completo, clique no título)
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serialistas

As especialistas em séries

BRANCA DE NEVE E OS ANÕES DO ORÇAMENTO15/5, terça-feira, às 23hJOSÉ CARLOS DOS SANTOS E ANA ELIZABETH LOFRANO – 1992
José Carlos dos Santos era, por um lado, um industrial poderoso, dedicado à sua esposa e três filhos, e por outro, gostava de orgias e práticas sadomasoquistas. Embora sempre tenha tentado proteger sua família, seu lado selvagem o superou, a ponto de simular um sequestro para assassinar sua esposa, e supostamente ordenar que a enterrassem viva.





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[PressAA: Tá liberado para quem quiser contratar político, jornalista ou juiz]



 por  - 03/12/2013

genoino jovem
Não é a primeira vez que os brucutus prendem Genoíno.
[PressAA: Genoino não quer evitar cassação coisa nenhuma, seu abestalhado! Genoino quer evitar o espetáculo midiático e assassinato de reputação de qualquer pessoa que o defenda]





"Em seu estudo sobre Mirabeau, Ortega y Gasset define bem o perfil do estadista e de outros personagens clássicos da política: o pusilânime e o intelectual. O estadista só tem compromisso com a mudança do Estado. É capaz de alianças com o diabo, desde que permita a suprema ambição de mudar um país, um povo. Já o intelectual se vale todos os argumentos do escrúpulo como álibi para a não ação.Por Luis Nassif, no Jornal GGN

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Recebido por e-mail de nosso colaborador-correspondente jornalista André Lux:


“Enforquem Nelson Mandela”

Nessa época, Mandela era
chamado de "terrorista"
- por Mario Magalhães

Perdão pelo azedume, em meio aos festejos pelo grupo café-com-leite do Brasil na Copa, a preocupação com o possível oponente duro nas oitavas-de-final e o lamento por Nelson Mandela.
Não deveria, mas ainda me assombro com tanta hipocrisia, como agora, com a morte do velho líder negro sul-africano. 


Muitas das bocas que hoje tecem loas à memória do velho combatente são herdeiras históricas daquelas que, com a CIA e numerosos governos alegadamente democráticos, no passado nem tão distante, avacalhavam Mandela como subversivo e terrorista.

Margaret Thatcher e seus discípulos ainda são celebrados como a luz que livrou o Reino Unido das trevas. Se dependesse de alguns thatcheristas, Mandela não teria nem saído vivo da cadeia. É o que lembrei meses atrás, no comecinho do blog.

Em homenagem a Nelson Mandela, reproduzo abaixo o post, documentado com o cartaz acima. Nem todas as lágrimas na despedida são sinceras.

*

“Enforquem Nelson Mandela e todos os terroristas do Congresso Nacional Africano [ANC, nas iniciais em inglês]. Eles são açougueiros.”

O cartaz acima foi distribuído no Reino Unido no início da década de 1980, quando o líder negro sul-africano ainda amargava a prisão iniciada em 1962. A imprensa o atribuiu à Federação dos Estudantes Conservadores, vinculada ao Partido Conservador e sobretudo à primeira-ministra da época, Margaret Thatcher (1925-2013).

A senhora Thatcher também chamou Mandela de terrorista. O CNA era a organização política anti-apartheid à qual Mandela pertencia.

Mandela não foi enforcado e conquistou a liberdade em 1990. De 1994 a 99, presidiu a África do Sul, consagrando o fim do regime de segregação racial, a despeito da enorme desigualdade social que ainda persiste. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz. 

No momento em que Mandela, velhinho, está internado em estado grave aos 94 anos, não custa lembrar que, se dependesse de alguns estudantes britânicos ditos civilizados, ele estaria morto há muito tempo.

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Recebido por e-mail da rede de correspondente de Hélder Câmara:


SÁBADO, DEZEMBRO 07, 2013


O QUE MANDELA DEVIA A FIDEL: A VITÓRIA !

Fidel derrotou a CIA e os racistas em Angola e abriu espaço político para Mandela.


Antes que façam do Mandela um tucano


Atilio A. Boron, do jornal Pagina12, da Argentina (o Brasil não teve competência, sequer, para por de pé um Pagina12 …), lembra a dívida de Mandela a Fidel.


E que Mandela, como Dirceu e Genoino, aderiu à luta armada e, por isso, foi condenado à prisão perpétua.


Portanto, antes que o PiG (*) faça do Mandela o que tentou fazer do Déda – um bonitão, conciliador, que adorava ler poesia para as mulheres, e omitir sua historia trabalhista, ortodoxa …- vale a pena ir … à Argentina !


MANDELA Y FIDEL


Por Atilio A. Boron *


La muerte de Nelson Mandela precipitó una catarata de interpretaciones sobre su vida y su obra, todas las cuales lo presentan como un apóstol del pacifismo y una especie de Madre Teresa de Sudáfrica. 

(Para ler completo, clique no título)

No blog da redecastorphoto...


20/7/2005[*] Tony Karon (nos 87 anos de Nelson Mandela) [excertos]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Entreouvido na Vila Vudu: Muito bom que Moon of Alabamaque é voz respeitada (“A luta tem de continuar”) tenha distribuído esse artigo de 2005. Porque ontem, na roda de conversa, a Verinha-de-Lúcia disse assim:

Não entendi. Mandela nunca foi feminista, nem “verde”, nem “ético”. Nunca foi pacifista. Nunca disse que os operários pedalarem 40 km pra ir trabalhar de bicicleta seria solução “ecológica”. Nunca lhe passou pela cabeça que a “kurrupção” fosse o pior dos crimes. Pregou que os negros sul-africanos se armassem. Foi comandante de grupos armados. Foi declarado “terrorista” pelos EUA. Passou 28 anos na cadeia, porque os EUA e os sionistas lá o meteram e lá o queriam.
E agora... virou santo? Na primeira página do Estadão, como herói? Até o Trigo, aquela besta da GloboNews, parece compungidíssimo?! Como assim?!

Por pouco a Verinha-de-Lúcia não apanhou na bunda, porque o pessoal estava no clima do luto pautado pela TV.
Agora, tá tudo explicado: a Verinha-de-Lúcia é da tribo dos verdadeiros revolucionários mandelistas!
_________________

2ª-feira (18/7/2005), Nelson Mandela completou 87 anos e, cá nessas praias, eu às vezes sinto que ele continua preso, precisando de que o libertem de algumas fantasias bizarras que nada têm a ver com a história ou a política de Mandela.

Declaro aqui, para que todos saibam desde já: Nelson Mandela é o único político no qual algum dia votei; que o celebro como um gigante de nosso tempo e que mil vezes o declarei meu comandante (quase sempre, cantando, desafinado, cantos xhosa), ao longo dos dez anos durante os quais lutei no movimento de libertação dos negros na África do Sul. Por isso, provavelmente, o “Mandela” que tantas vezes encontrei nas fábulas da mitologia norte-americana me parece absolutamente irreconhecível. Comento aqui as duas das mais repetidas versões dessas fábulas:

Mandela inventado #1: “Como Gandhi, Martlin Luther King e Nelson Mandela…”

Quantas vezes ouviu-se essa frase, aplicada a algum político que, em algum canto do mundo, pregue o pacifismo contra regime assassino! Quem duvide, que pesquise no Google a exata frase (em inglês).

Compreendo a compulsão de associar figuras de grande autoridade moral, mas, aí, há erro importante. Nelson Mandela jamais foi pacifista. Quando a via da desobediência civil não violenta de Ghandi só gerou mais violência do estado, Mandela declarou:

Chega hora, na vida de qualquer nação, quando só há duas escolhas – submeter-se ou lutar. Essa hora chegou para a África do Sul. Não nos submeteremos e não nos resta escolha além de responder, pelos meios que haja, na defesa de nosso povo, nosso futuro e nossa liberdade.

Mandela teve papel de liderança na construção do braço armado do Congresso Nacional Africano, [1] e viajou pelo mundo para obter apoio e recursos; ele próprio recebeu treinamento para guerra de guerrilhas na Argélia, de comandantes da FLN que, pouco tempo antes, despachara de lá os franceses colonialistas.

 Fidel Castro e Nelson Mandela


Mas Mandela nunca foi terrorista: sob o comando dele, o braço armado do movimento só atacou símbolos e estruturas do governo da minoria branca e soldados de suas forças de segurança. Jamais atacou civis brancos ou outros não combatentes. E, o mais importante, Mandela sempre viu a ala armada do movimento como diretamente e essencialmente subordinada à liderança política.

Permaneceu, consistente e orgulhoso, sempre fiel a essas ideias. Mesmo quando oposição não violenta de massas tornou-se dominante, como orientação do Congresso Nacional Africano, nos anos 1980s, Mandela reafirmou sua conexão com a ala armada. Escreveu, de uma mensagem enviada clandestinamente de dentro da prisão, que: 

(...) entre o martelo da luta armada e a bigorna da ação de massas, o inimigo será esmagado.

(Claro que nem sempre funcionou assim – a luta armada jamais foi muito efetiva, e a ação de massas, combinada com sanções internacionais fizeram mais, para derrubar o regime do apartheid).
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"O historiador marxista britânico Perry Anderson considera Nelson Mandela e Lula como os maiores líderes populares do mundo contemporâneo, não apenas pelo sucesso das lutas a que eles se dedicaram – contra a discriminação racial e contra a fome -, mas também porque tocam em temas fundamentais das formas de exploração e de opressão do capitalismo. O apartheid terminou, fazendo com que Mandela ficasse como um dos maiores lideres do século XX. Lula projeta sua figura no novo século, na medida em que a sobrevivência do capitalismo e do neocolonialismo reproduzem a fome e a miséria no mundo." - Emir Sader - Mandela contra a escravidão

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4/12/2013Juan ColeInformed Comment
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

“Juan Cole erra tudo sobre Líbia e Síria. Mas, nisso, acerta: mataram Detroit”.
5/12/2013, Pepe EscobarFacebook
Trilha sonora sugerida: No Fun [Não é divertido, não tem graça] (Iggy and the Stooges). Ouça a seguir:



População de Detroit, de mãos dadas, reza para que não roubem suas aposentadorias 
e pensões
O juiz decidiu que a municipalidade de Detroit pode beneficiar-se do direito de falência e reestruturação financeira. Significa que as aposentadorias e pensões podem, pelo menos em parte, ser roubadas dos trabalhadores. (...)

A grande pergunta é se a bancarrota de Detroit e o declínio, que prossegue, são só uma rebarba, ou se nos dizem algo sobre o estado distópico em que os EUA estão-se convertendo. Parece-me que os problemas da cidade são as dificuldades do país como um todo, especialmente no que tenha a ver com desindustrialização, robotização, desemprego estrutural, crescimento territorial das propriedades totalmente gradeadas do 1% e o racismo. O prefeito convocou as famílias que ainda vivem no oeste da cidade, muito esvaziado, a se mudarem para o centro, para que possam ser atendidas. Soa-me como o pós-apocalipse. Vez ou outra, os bairros abandonados pegam fogo; em pouco tempo, 30 prédios viram fumaça em Detroit.

(Para ler completo, clique no título)

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Caros Amigos nas Bancas

Caros Amigos nas Bancas 
A Caros Amigos selecionou 46 DVDs para seus leitores. São documentários, clássicos do cinema e lançamentos. O próximo filme que você vai assistir talvez esteja na Loja Caros Amigos. Sinopse de "Capitalismo: Uma História de Amor": O documentário de Michael Moore explora uma questão tabu: Qual o preço que os EUA pagam por seu capitalismo? Há alguns anos, esse amor parecia muito inocente. Hoje, porém, o sonho americano parece mais um pesadelo quando famílias pagam o preço com seus empregos, casas e economias. Moore entra em lares de pessoas comuns cujas vidas viraram de cabeça para baixo; e parte para procurar por respostas em Washington e em toda parte. Ele encontra os sintomas característicos do fim de um caso de amor: mentiras, abusos, traição… e 14 mil empregos perdidos por dia. // Esse e outros filmes você confere e escolhe clicando na imagem

PressAAMichael Moore  é outro, passa o tempo todo gritando: "Quero meu dinheiro de volta! Meu dinheirinho suado!" - Tá bem! Dá o dinheirinho dele, pra ele comprar tudo o que é bugiganga! Good! Good! God is money! Dinheiro é bom, cara! Mas não compra tudo, menos ainda dignidade. Se dinheiro comprasse dignidade, essa corja que vendeu a nossa pátria a troco de propina, comprou mansões pra si e para os seus e presenteou outros com apartamentinhos em Miami, seriam os mais dignos cidadãos desta Nação.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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Dilma tá com o rei na barriga, e, com esse nhenhenhém todo, nós íamos pagar o pato ao pato manco --- Salieri não ama Deus

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O significado de alguns ditados populares, sem tapar o sol com a peneira

Sugerido por IV AVATAR
Do Blog Tok de História - Rostand Medeiros
Publicado em 16/01/2013 por 
Luís da Câmara Cascudo
Luís da Câmara Cascudo
Muitas vezes usamos certas expressões, mas não temos ideia do que elas significam.
São ditados ou termos populares que através dos anos permaneceram sempre iguais, significando exemplos morais, filosóficos e religiosos.
Tanto os provérbios quanto os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura.
Historiadores e escritores sempre tentaram descobrir a origem dessa riqueza cultural, mas essa tarefa nunca foi nada fácil.
O grande escritor Luís da Câmara Cascudo já dizia que: “os ditados populares sempre estiveram presentes ao longo de toda a História da humanidade”. No Brasil isso não é nenhuma novidade. Muitas vezes ocorrem expressões tão estranhas e sem sentido, mas que são muito importantes para a nossa cultura popular.
Veja aqui algumas dessas expressões ou ditados populares:
Bicho-de-sete-cabeças
Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.
Com o rei na barriga
A expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a uma pessoa que dá muita importância a si mesma.

Pagar o pato
A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício em troca.

Deixar de Nhenhenhém
Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.

(Para ler mais, muito mais, clique no título)


O Genro de FH e o Pires pediram só R$ 250 mil por Libra? E ainda abrem a boca para dar palpite?

edital

21 de outubro de 2013 
Um amigo liga e me diz que não pode ser verdade a informação que dei no post anterior de que parte da área onde está o campo de Libra já tinha sido leiloada – e depois devolvida – como diz hoje a Agência Reuters tivesse sido oferecida por apenas R$ 250 mil no Governo Fernando Henrique.
É verdade.
Não posso garantir a informação da Reuters, é claro, mas se é correto que o Bloco Marítimo 4 da Bacia de Santos – e pelos mapas de localização é – tinha parte sobreposta à atual área de Libra, foi, sim.
E aqui está a prova, no edital da ANP, que reproduzo na imagem acima.
A ANP, na ocasião, era chefiada por David Zylbersztajn, genro de Fernando Henrique Cardoso e tinha em sua cúpula o senhor Adriano Pires, hoje o bam-bam-bam das Organizações Globo e do Instituto Milenium para assuntos de petróleo.
Já que a nossa mídia está ouvindo os dois deitarem falação – negativa – sobre o leilão de Libra, porque é que não lhes pergunta sobre a venda, a preço de banana, de parte de sua área?
Em tempo, era tão barato que, mesmo com esse preço, a Agip arrematou a área por R$ 134 milhões, ágio de 53.564%!
Viva a imprensa brasileira!
PS: Por sugestão de leitores e piedade do governador do RS, acrescentei um esclarecedor “FH” ao Genro
Por: Fernando Brito

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As críticas ao leilão do campo de Libra

Coluna Econômica - 22/10/2013

Para entender melhor as críticas ao leilão do campo de Libra.

O que norteou o projeto foi a percepção de que as riquezas do pré-sal se constituíam em um risco ou uma oportunidade para o país.

Risco se o país se deixasse contentar apenas com a receita petrolífera.

A oportunidade consistiria em utilizar o pré-sal para desenvolver a indústria nacional e criar uma competência interna no mercado de águas profundas; e para gerar recursos para áreas centrais de cidadania, como a educação.

***

Para atingir esses objetivos, foram criados diversos mecanismos:

1. O sistema de partilha, pela qual o Estado participará diretamente da receita auferida com a exploração dos poços.
2. A criação de uma empresa à parte, a Pré-Sal Petróleo, para administrar os contratos de partilha e receber a parcela da União, seguindo o modelo norueguês.
3. Percentuais de conteúdo nacional na construção das plataformas.
4. A operação sendo exclusivamente da Petrobras, para garantir o pleno domínio sobre as informações e sobre a produção.
5. A garantia legal de que a maior parte da receita dos campos licitados será aplicada em educação.

***

Esses pontos continuam contemplados nos leilões de campos petrolíferos. As críticas são de outra ordem.

Do mercado, partiram as críticas de que as restrições afastariam os grandes players internacionais, reduzindo a competição e os lances pagos. Para se obter o lance máximo, teria que se abrir mão de todos os princípios originais. Para se manter os princípios originais, teve que se abrir mão de um pagamento maior.

Portanto, foi uma questão de escolha.

Os concorrentes – Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC – juntaram-se em um único consórcio e deram o lance mínimo, oferecendo 41,67% à União. Outros 40% do capital são da Petrobras. Tecnicamente, 81,67% do petróleo extraído ficarão com o país.

***

Houve críticas e interpretações algo desconexas. De um lado julgou-se que a preponderância de empresas chinesas marcariauma nova postura geopolítica nacional. Falso! As razões foram puramente comerciais.

Na outra ponta, a interpretação de que, sendo empresas estatais, o estado chinês poderia atropelar contratos com o Brasil. Conspiração por conspiração, os Estados Unidos já montaram diversas operações no Oriente Médio para defender suas petrolíferas.

***

Onde está o problema?

A operação será toda da Petrobras. Os sócios entraram apenas com capital. Havia dificuldade da Petrobras se endividar mais, para assumir sozinha a operação. Mas a própria Pré-Sal Petróleo poderia ser capitalizada, entrando como investidora.

Este ano, a União enfrenta restrições fiscais momentâneas. Superadas, a exploração de Libra poderia ter sido exclusivamente da Petrobras.

Serão 35 anos de exploração do campo. Internamente, na Petrobras, admite-se que as reservas poderão ser superiores aos 8 a 12 bilhões de barris anunciados.

Nas últimas três eleições, a Petrobras foi o mais eficaz argumento brandido pelo PT. A ponto de, em 2006, o candidato Geraldo Alckmin ter se fantasiado com camiseta de estatais para deter os boatos de que privatizaria as empresas.

Em 2014, o governo terá que encontrar outro discurso.

Os posts mais lidos no blog Luis Nassif Online na segunda (21): 
Rostand Medeiros mostra as delícias do falar brasileiro reunidas pelo antropólogo Câmara Cascudo




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22/10/2013 

Libra dará ao Estado brasileiro mais de R$ 1 trilhão

O leilão de Libra confirmou o potencial de uma parceria estatal majoritária na exploração do maior campo do pré-sal.

por: Saul Leblon 


O leilão de Libra confirmou o potencial de uma parceria estatal majoritária na exploração do maior campo do pré-sal brasileiro, conforme analisou Carta Maior em editorial nesta 2ª feira.
 
Juntas, a Petrobras (com uma fatia de 40%) e as estatais chinesas (20%) ficaram com 60% do consórcio vencedor do certame.
 
Mas o leilão  trouxe ainda uma surpresa que amplia o espaço de  autonomia brasileira no processo de exploração e produção.  Duas petroleiras  privadas, Shell e Total, arremataram outros 40% do consórcio.
 
Juntas, elas não ameaçam a supremacia estatal sino-brasileira. Mas criam uma margem de manobra que salvaguarda a Petrobras do risco de se tornar refém do poderoso parceiro asiático.
 
A presença significativa das múltis anglo-holandesa e francesa, ademais, veio esfarelar o mantra do jogral conservador que antes do leilão corneteava a urgente revisão do modelo de partilha,’ por seu ‘fracasso'  em atrair  capital estrangeiro ao ciclo do pré-sal. 
 
Como se vê, um jornalismo fraco, a serviço de interesse fortes.
 
Em pronunciamento em rede nacional, depois do leilão, a Presidenta Dilma Rousseff  fustigou, com números, o pessimismo  vaporizado em torno do pré-sal. "Libra dará ao Estado brasileiro mais de R$ 1 trilhão', disse a Presidente e lembrou que a maior parte dessa riqueza tem destino certo:  'Todo o dinheiro dos royalties e metade do excedente em óleo, no valor de R$ 736 bilhões, serão investidos, exclusivamente, 75% em educação e 25% em saúde’, reiterou Dilma.
 
Leia a íntegra do pronunciamento da presidente.

(Para ler pronunciamento, clique no título)

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No blog da redecastorphoto...


20/10/2013[*] Lawrence DavidsonInformation Clearing House
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Cidade Medieval e suas várias guildas de trabalhadores
No século 18, o ocidente mudou do mercantilismo para o capitalismo. O mercantilismo era o sistema econômico que dava aos governos amplos poderes regulatórios sobre o comércio, sobretudo para garantir um equilíbrio comercial favorável. Também permitia que se organizassem poderosas guildas de trabalhadores, e protegia as indústrias domésticas. Mas a Revolução Industrial pôs fim ao mercantilismo e trouxe ao poder uma categoria de comerciantes que desejavam poder operar livremente, sem qualquer supervisão pelos governos.

Com o tempo a visão de mundo capitalista acabou por converter o “livre mercado” em fetiche, e passou a ver o governo como, no máximo, um mal necessário. Qualquer regulação era vista como equivalente à escravidão, e o papel do estado ficava reduzido a manter a ordem interna (polícia), defender o reino (militares) e fazer cumprir contratos (as cortes). Qualquer tipo de intromissão do governo nas questões sociais era reprovável, porque, como se dizia, promoveria a preguiça entre os pobres – ou foi esse o mito conveniente que então se implantou. A real razão pela qual era preciso manter num mínimo absoluto a ação do governo sempre foi que a então ascendente classe comercial temia – de fato, odiava e maldizia – os impostos.

Na Europa, as racionalizações pró-capital permaneceram basicamente seculares, buscando maximizar a eficiência, em nome do lucro. Mas nos EUA, onde praticamente nenhum bem ou nenhuma felicidade acontecem que não sejam da responsabilidade de um Deus que tudo vê, as racionalizações seculares passaram rapidamente a ser complementadas com a noção do desejo divino. Deus desejava liberdade econômica sem regulações e que prevalecesse o estado mínimo.

(Para ler artigo completo, clique no título)

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Recebido por e-mail da redecastorphoto...

Car@s amig@s: acompanhei de perto artigos e comentários referentes ao leilão de Libra ocorrido ontem e vencido por um consórcio liderado pela Petrobrás.

Fiz meus pequenos comentários em minha página no Facebook. Mas, ao ler os jornalões da burguesia logo cedo hoje fiquei impressionado com uma coisa: nenhum deles falavam que a União lucraria além de 75% (nas minhas contas apurei esses números, mas posso ter me enganado, pois a presidente Dilma menciona mais de 85%).

Assim, decidi escrever um artigo comentando mais os números e menos os aspectos políticos e mesmo ideológicos que envolvem esse debate apaixonante. Mas, trato também disso, sob o aspecto da geopolítica eu poucos têm abordado por esta ótica.

Mando aqui o endereço onde podem lê-lo no portal Vermelho da qual sou colaborador assíduo desde 2002.


Espero que gostem e se gostarem, publiquem em suas páginas pessoais. Sei que é tema que instiga e aguardo sua opinião.

Abraços fraternais em tod@s
Prof. Lejeune Mirhan
Sociólogo, Escritor e Arabista 

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De: Julio Cesar Montenegro Bastos <jcmontenegro@globo.com
[jornalista - Fortaleza - CE]


Data: 21 de outubro de 2013 09:22






Para: fernando Soares Campos <fernando.57.campos@gmail.com>



li no assaz atroz que você escapou cedo
da padronização do aprendizado
arrebanhando em volta  dum mestre
ENTRONIZADO
alunos subindo de grau em degrau
até papel REGISTRADO
habilitando PORTADOR
receber de CRIADOR
prapagar criado
 
na ritualizada trajetória
tropeçamos em repetidos ditos
escritos
ao pé da letra
por cabeças conSAGRADAS
prometendo vitórias em guerras
suficientemente justas
pra conter nossos  corpos
 
concretaMENTE civilizados
confrontamos selvagens medidos
por tradicionais padrões
herdados de patrões
reguladores de EXCLUSÕES
via religiões
missões
prisões
ficções
transFORMADORES
de HUMANOS valores
 
quem  sabe como máquinas
sem afeto amigo
poupassemos energia
dos feitos inimigos 
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Marcha Turca - Wolfgang Amadeus Mozart

Versão Pop


Mozart - Turkish March - Marcha Turca - Original



Antonio Salieri


O italiano Antonio Salieri compôs dezenas de óperas.



"Matei Mozart. Eu matei Mozart.” O italiano Antonio Salieri compôs dezenas de óperas, deu aulas a alguns dos maiores compositores da história e inspirou sonatas de Beethoven. Mas seu nome é lembrado por essa frase, que ninguém sabe se ele proferiu mesmo ou se não passa de um boato maldoso.





Salieri deu aulas para Beethoven e fez mais sucesso que Mozart. Se um deles tinha razão para ter inveja, pasme, era Mozart

(Para ler completo, clique no título)

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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Professor Carlos Lungarzo: crime político, crime comum e crime de lesa-humanidade --- Celso Lungaretti e o caso Maurício Hernandez Norambuena

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Em vista dos inúmeros casos "polêmicos" em relação a processos de extradição de asilados, republicamos hoje o brilhante artigo do nosso colaborador professor Carlos Alberto Lungarzo. Reproduzimos também artigo recente de Celso Lungaretti, outro colaborador desta nossa Agência Assaz Atroz. Lungaretti trata do caso "Maurício Hernandez Norambuena", que, segundo ele, "continua preso em condições desumanas na Penitenciária Federal de Campo Grande, submetido ao famigerado Regime Disciplinar Diferenciado".

Leiam e, se tiverem interesse nos assuntos, escrevam para os autores. Já tivemos vários casos de leitores interessados em diversos assuntos aqui expostos e dispostos em nossos arquivos; brasileiros e estrangeiros que nos solicitam contato com os autores, a fim de sustentarem suas teses em diversas áreas do conhecimento, inclusive para auxiliar na elaboração de defesa em ações jurídicas.

Bom proveito.

Fernando Soares Campos
Editor-Assaz-Atroz-Chefe

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Quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Que tipo de crime você já cometeu? - O professor Carlos Alberto Lungarzo explica



A Extradição do Major Manuel Cordero 
Após a extradição do genocida Cordero, alguns setores compararam seu caso com o de Battisti. Embora estes ataques estão diminuindo muito (por causa do desgaste que o mesmo ódio produz), quero rascunhar algumas idéias sobre a diferença entre crimes políticos e crimes contra a humanidade. Agradeço às redes a máxima difusão possível desta nota.

Carlos Alberto Lungarzo (*)
No dia 23/01/2009, o major (dito “coronel”) reformado do exército uruguaio Manuel Cordero Piacentini foi extraditado para a Argentina, com base no compromisso do governo desse país de fornecer-lhe a assistência médica em função da qual pedia a suspensão da extradição. Cordero está indiciado por crimes de lesa humanidade cometidos especialmente contra uruguaios exilados durante a ditadura argentina (1976-1983).

Alguns setores aproveitaram para comparar a extradição de Cordero com a de Battisti. Não é meu propósito polemizar sobre isso. Quando uma infâmia é transformada em objeto de polêmica, os polemistas conferem valor a algo que deve ser ignorado. Aliás, as mensagens de ódio contra Battisti estão diminuindo muito, porque, difundidas em forma de violenta cascata, acabam esgotando a modesta capacidade cognitiva de seus próprios autores.

Entretanto, é necessário que os conceitos tortuosos que fundamentam esses discursos sejam esclarecidos, porque muitas pessoas de boa fé podem ter dificuldades para avaliar sua verdadeira índole.

Poucos brasileiros, incluindo pessoas informadas, conhecem os detalhes do maior genocídio em países ocidentais desde maio de 1945: o do Cone Sul (1968-1982). Menos ainda são os que conhecem os bastidores da Operação Condor, na qual Brasil envolveu-se parcialmente. Já saber quem foi Manuel Cordero é mais difícil ainda. É tal o numero de genocidas, torturadores e criminosos de lesa humanidade que forneceram os exércitos e as polícias da América do Sul, que mesmo os ativistas de Direitos Humanos temos dificuldade para identificar os de maior patente. Confesso que soube quem era o major Manuel Cordero há pouco tempo.

Por outro lado, muitas pessoas honestas e lúcidas podem encontrar complicado diferenciar os conceitos envolvidos nestes problemas: por exemplo, os chamados “crimes” políticos, os crimes comuns, e os crimes de lesa humanidade apresentam zonas de superposição e ambigüidade. As instituições que deveriam esclarecer têm contribuído a aumentar a já grande confusão. Nega-se a condição de crime político (que passa a ser rotulado como crime comum) quando o réu é um inimigo, ou alguém é “gratificado” para destruí-lo, como aconteceu no caso Battisti.

As corporações militares (com raríssimas exceções em alguns países ultrademocráticos) qualificam às vezes de crime político aos crimes contra humanidade, como racismo, genocídio, tortura, matança massiva de crianças, estupro serial, etc. Observem que disse “às vezes”. Na maioria das vezes, eles não acham que esses atos sejam crimes: pelo contrário, os consideram feitos heróicos, em defesa da fé, da raça, da nacionalidade, da tradição, do sangue, da terra e outros fetiches. É bem conhecido que os nazistas queriam evitar a multiplicação de certos grupos étnicos ou culturais, matando seus membros na infância. Seus equivalentes latino-americanos não ganharam a notoriedade dos nazistas, porque as grandes potências os protegeram, mas não porque fossem menos sanguinários.

Só um exemplo. Quando o genocida Alfredo Astiz, que comandava um navio durante a Guerra das Malvinas, foi capturado pela Grã Bretanha, depois de ter-se rendido e esmolado misericórdia aos “inimigos”, o reino da Suécia o reclamou imediatamente. Ele estava indiciado nesse país pelo homicídio de uma adolescente escandinava em território argentino. O governo britânico não o entregou, como era sua obrigação moral. O manteve como prisioneiro e o liberou depois do fim da Guerra. Um país formalmente democrático se fez cúmplice da proteção de um criminoso de lesa humanidade, mesmo quando reclamado por um governo irretocável, porém, sem força suficiente para ser escutado.

A confusão entre extraditar um responsável de crime político e um autor de crime comum ou de crime contra a humanidade é incrementada pelos grupos dominantes. Quando o ditador Stroesnner recebeu asilo no Brasil, num dos muitos atos repulsivos do governo Sarney, alguns argumentaram que ele era um governante e, portanto, um político. Logo, seus crimes eram políticos!

A idéia de crime político, da qual quase todos têm certa intuição, não está até hoje formulada de maneira precisa e objetiva. Obviamente, não pretendo resolver o problema em algumas páginas, mas quero pelo menos dar algumas sugestões iniciais.

Crime em Geral e Crime Comum

A palavra “crime” tem uma carga emocional e moral muito forte. Induz a pensar em homicídio, assaltos, grandes fraudes. Entretanto, um crime é uma forma de delito (ou seja, da violação de uma lei) que, por causa de seus efeitos, é castigado pelo poder público com perda da liberdade ou da vida. Os outros delitos (como violação de uma lei de trânsito) são considerados, na maioria dos casos, infrações.

Sendo o crime também um delito, ele viola alguma lei, ou seja, uma convenção aprovada por um corpo legislativo. Desde as origens da sociedade organizada, essas convenções (leis) visam proteger as classes dominantes e favorecer a exploração dos setores pobres. Para que tivessem maior força, durante os vários milênios de poder teocrático, os crimes foram considerados pecados, ou seja, transgressões a “leis” religiosas.

Portanto, nem todo crime viola uma lei natural. Falando por alto, leis naturais são aquelas cuja observância garante aos humanos os direitos que derivam de sua condição biológica, física e social, e cuja privação os degrada. As leis naturais são conhecidas desde a Antigüidade, e aparecem com toda sua força moral na tragédia Antígone, de Sófocles, onde uma moça se nega obedecer a lei para obedecer sua consciência. O jurista Ulpiano dizia que os direitos naturais são aqueles “que foram dados a todos os animais, não apenas aos homens”.

As leis naturais são as que respeitam os Direitos Humanos básicos: à vida, à integridade física e psíquica, à liberdade, à subsistência, à dignidade, à opinião, à educação, etc. Não dependem de convenções nem de lobbies políticos, mas da natureza humana. Elas poderão mudar quando o ser humano mude. Se algum dia os humanos não precisarem mais comida para viver, então, o direito a alimentação não será já um direito básico. Por enquanto, ele é fundamental, e a violação de leis convencionais para manter este direito (como o ato de roubar comida) é totalmente legítima.

As leis que protegem o direito natural foram adotadas lentamente, na medida em que a humanidade se tornou mais igualitária, menos teocrática e militarizada. Essas leis não estavam no direito positivo antes da Revolução Francesa, e ainda são minoria na quase totalidade dos paises. O direito que reclamavam os fazendeiros alemães de prender um camponês que roubasse lenha de seu feudo para combater o frio (um dos principais problemas sociais concretos que tratou Marx na Gazeta do Reno (15/10/1842)), não é um direito natural: aliás, é um direito contra a natureza.

Vale a pena ler esta jóia da literatura sociológica, um trabalho de qualidade inusitada para a época:www.marxists.org/archive/marx/works/1842/10/25.htm 

Os crimes comuns são aqueles que seus autores cometem para obter alguma vantagem para si ou para seu grupo de pertinência, são atos egoístas, que teoricamente prejudicam pessoas ou grupos “inocentes”. Assalto, roubo, e venda de drogas são típicos crimes (ou delitos) comuns: o autor procura o lucro. Mas também atos violentos sem sentido podem ser crimes comuns: por exemplo, um homem ciumento que bate em sua mulher por ter mantido relações sexuais com outro cara, também tira proveito de seu crime. Não obtém lucro, mas satisfaz necessidades doentias de posse, exclusividade, autoritarismo, fanatismo moral ou místico, etc.

Satisfazer uma patologia pode considerar-se um proveito pessoal (imediato), mesmo que suas conseqüências destruam gradativamente a personalidade do executor. Portanto, mesmo sem obter lucro, agressões familiares, brigas de trânsito, hooliganismo, estupro, vingança, são crimes comuns. Sociedades atrasadas, baseadas no patriarcalismo, a superstição e a ignorância, ainda tratam esses crimes como se fossem atos dignos. Em sociedades mais avançadas, já faz tempo que alguns deles foram questionados, mesmo sob governos tirânicos. Por exemplo, na França de Louis 13, promulgou-se uma lei condenando os duelos.

A introdução do humanitarismo no direito começou a diferenciar entre delitos que supõem uma misteriosa “vontade criminosa” do autor (como aquele que decide assaltar um banco para ficar rico) da necessidade de algumas pessoas que cometem delitos para manter sua subsistência e a das pessoas próximas. Por exemplo, um cidadão com um filho doente pode roubar antibióticos, porque em sua escala moral, a saúde e vida de seu filho estão acima do lucro do lojista. Esta não é a escala dos empresários e, na maioria dos casos, tampouco a dos julgadores e políticos.

O Brasil decidiu inventar uma categoria especial de crime comum, o crime hediondo, um conceito difuso e subjetivo que os julgadores aplicam a qualquer ato que produz asco, como seu nome indica. Pode ser um homicídio cruel, ferimentos graves, sequestros, mas, em 2003, soube-se que um tribunal acusou de crime hediondo os que contrabandeavam cosméticos falsos desde o Paraguai.

Estes absurdos podem ter sido casuais, mas, no caso Battisti, serviu para que o relator aplicasse a hediondez ao réu, aproveitando que os legisladores que redigiram a lei 9474 incluíram os esotéricos “crimes hediondos” entre os proibitivos de refúgio. A ministra Carmen Lúcia observou que esse conceito não existia nem no próprio Brasil, quando se cometerem os crimes carregados a Battisti, mas o relator não escutou.

Crimes Políticos

Crime político não é o mesmo que crime cometido por um político, nem crime com intenção política, como confusamente definem certas leis e constituições. Se assim fosse, os nazistas condenados em Nuremberg deveriam ter sido absolvidos em sua totalidade, e também os líderes dos etnocídios em Bósnia e Ruanda.

Observe, primeiro, que “crime” político é um ato político que as classes dominantes (contra as quais está dirigido) qualificam de crime. Assim, fala-se em alguns países de “crime de opinião” ou “crime de ideologia”. De fato, somente uma lei iníqua pode qualificar opiniões, crenças e valores pessoas de crime ou delito. Então, a violação dessas leis (como fez a Antígone grega) é um ato positivo para o progresso humano. Mas, um crime humanamente positivo parece um sem sentido.

Portanto, o que se pode considerar crime político é a violação de leis que, em si mesmas, não são totalmente iníquas, mas podem ser violadas quando existe um objetivo que, de acordo com certos parâmetros (como a resistência à opressão), deve ser entendido como “mais valioso que o respeito à lei”.

Por exemplo, a lei que proíbe roubar bancos não é iníqua. Entretanto, durante a Segunda Guerra, milhares de resistentes de diversos países (Noruega, Dinamarca, Holanda, Polônia, França, Grécia, etc.) atacaram bancos para enfraquecer o poder financeiro do invasor nazista.

A intuição sobre “crime político” é bastante forte na maioria dos casos, mas carecemos de uma especificação formal adequada. Minha opinião é que, para ser “crime político” e, portanto, invulnerável à extradição e merecedor de asilo, um delito deve cumprir, pelo menos, estas condições:

1. Deve consistir numa ação exercida por cidadãos ou grupos contra um governo, sistema ou estrutura de estado que é considerada pelos atores como opressiva, ilegítima, desumana, etc.

Pode estar dirigida também contra estruturas privadas de repressão que possuem um poder paralelo ao estado, como empresas de segurança, jagunços, gangues de fazendeiros e empresários, esquadrões da morte, etc.

2. Deve possuir um esquema ético-ideológico que permita definir seus objetivos em função dessa luta contra a opressão.

3. Não pode desenvolver uma violência maior que a estritamente necessária para proteger seus militantes e para avançar na ocupação de objetivos, mas não deve atingir inimigos que estejam neutralizados. Por exemplo, em alguns países, grupos considerados de esquerda executaram pessoas que já estavam rendidas, como no caso do partido Naxalite, na Índia, do ETA, na Espanha, e do IRA, na Irlanda. Esses crimes não são políticos; de acordo com sua índole, podem ser comuns ou contra a humanidade, embora estejam envolvidos numa atmosfera política. A comissão destes crimes, porém, não autoriza a qualificar a ação total do grupo como terrorista. Já a execução de alguns torturadores pelo MIR em 1974 no Chile, foi um crime político em estrita defesa. Nenhum grupo resistente tinha infra-estrutura para impedir a continuação da tortura, sem executar os torturadores. 

(Para ler a crônica do professor José Ribamar Bessa Freire, clique em "O Professor de Tortura")

(Há uma polêmica entre as organizações de DH sobre este tipo de crimes, mas existe consenso em que morte de genocidas e torturadores, quando não podem ser detidos por outros meios, é crime político. Anistia Internacional considera que estes crimes não transformam seus autores em “prisioneiros de consciência”, porque o uso da violência vai além da consciência e da ideologia, mas reconheceu em numerosos casos como “prisioneiros políticos” a pessoas que usaram violência defensiva.)

4. No desenvolvimento de uma luta contra a opressão, os oprimidos não podem transgredir leis do direito natural. Ficam proibidas: (a) Mortes desnecessárias, que não sejam em legítima defesa, direita ou não. Por exemplo, as execuções atribuídas a “justiça revolucionária” são mortes desnecessárias e constituem crimes comuns. (b) Aplicação de tortura, em qualquer caso. (c) Humilhação ou desrespeito com os prisioneiros. (d) Negativa de atender as necessidades dos prisioneiros, na mesma medida em que são atendidas às necessidades dos resistentes: alimentação, saúde, proteção do clima, lugar onde dormir, ocupação e lazer, quando seja possível.

5. Os grupos resistentes devem se autodissolver (ou reestruturar) logo que sejam obtidos seus objetivos. Não devem eternizar-se como forças militares, e devem entender seu uso da violência como necessidade transitória.

Alguns grupos de resistentes (como o setor original dos Montoneros, na Argentina) adotaram as hierarquias e os fetiches da alienação militarista, e alguns de seus atos não podem ser considerados crimes políticos. Em particular, a vocação pela morte típica das corporações armadas deveria privar aos grupos resistentes dos benefícios dados aos autores de crimes políticos. A degradação de grupos dissidentes ao nível dos próprios perseguidores os desqualifica imediatamente.

Crime de Estado e Crime de Lesa Humanidade

Então, brevemente: um crime político deve ter como meta a resistência contra certa forma de poder que, desde sua perspectiva ideológica, os atores consideram opressivo. Além disso, deve ser exclusivamente defensivo ou organizativo, precisa manter-se contrário a qualquer forma de tratamento cruel, e não deve adotar qualquer forma de militarismo.

É uma falsidade grosseiramente espalhada pela direita (muito comum no Brasil, quando Tarso Genro concedeu refúgio a Battisti) que a esquerda considera crimes políticos só os que são cometidos por seus membros. 

Os opositores de um sistema opressivo são quase sempre de esquerda, mas também há resistentes de direita. Com efeito, um regime pode ser considerado opressivo por setores de esquerda e de direita, ao mesmo tempo, mesmo que isso aconteça por motivos diferentes.

Neste sentido, Cuba é um cenário de múltiplas variedades de crime político.

Os opositores que tentam derrubar o governo da Ilha para estabelecer uma democracia tradicional aliada aos Estados Unidos são de direita. Os desertores do exército cubano cometem delitos políticos e merecem a mesma proteção que os que fogem de regimes de direita. Do ponto de vista humanitário, a opressão exercida pela esquerda é um desvio, e não pode ser considerada como um tratamento justo contra a direita.

Mas, o regime cubano também tem opositores de esquerda. São os que exigem a instalação de um governo verdadeiramente socialista com uma democracia popular, como estava nos projetos de Che Guevara e Camilo Cienfuegos, eliminando as hierarquias partidárias e burocráticas e promovendo uma igualdade absoluta.

Já os terroristas, como Posada Carriles, Fernando de Montejo, o grupo Alfa 66, e pessoas ou organizações que produziram várias catástrofes humanitárias (explosão de hotéis e aviões, assassinatos em massa) são terroristas, e seus crimes são crimes contra a humanidade.

Pode parecer esquisito, mas outro caso que ilustra a diferença é o nazismo. O golpe tentado por Hitler em Munique em novembro de 1923, foi um delito político. Seu objetivo era derrubar o governo da República de Weimar e impor um sistema fascista como o da Itália. A meta não era louvável, mas o que caracteriza o crime político não é sua “virtude”, mas a percepção que seu autor possui do regime contra o qual se pronuncia. A motivação ideológica do futuro Führer foi atacar um sistema que, de acordo com seus padrões ideológicos, os nazistas achavam opressivo.

Entretanto, todos os outros crimes cometidos pelo nazismo desde a Noite dos Cristais são crimes de lesa humanidade, misturados com crimes comuns.

Por sinal, o ministro Tarso Genro afirmou que daria refúgio a um fugitivo fascista cuja extradição era pedida por Itália, desde que não tivesse cometido crimes contra a humanidade. Ele rejeitou o refúgio e o governo italiano parece não continuar insistindo, o que faz supor que aquele pedido de extorsão foi uma máscara para dissimular a animosidade contra Battisti. Mas, o que importa é que o ministro ofereceu refúgio a um fascista.

Outro exemplo é o de Anistia Internacional. Durante os Anos de Chumbo, o governo italiano prendeu e submeteu a tortura a centenas de militantes de esquerda. Para manter aparência de objetividade, também prendeu alguns fascistas que depois foram liberados. Nossa organização pediu a liberdade de um desses fascistas que foi mantido preso durante anos, por desentendimentos entre os setores que apoiavam o governo.

Mas, que são, então, os crimes contra a humanidade?

São crimes que atendem, pelo menos, as seguintes condições:

1. São cometidos pelo poder estabelecido. Por isso, constituem um caso particular de crimes de Estado. Ou então, seus autores são grupos paralelos de poder: ligas de empresários, traficantes de armas, latifundiários e ruralistas, bandas organizadas de para-policiais e para-militares. No exemplo de Cuba, o grupo Alfa 66, e outros grupos terroristas de grande impacto, são sustentados (embora não façam parte dele) pelo governo dos Estados Unidos.

2. Quando exercidos por um estado, seu objetivo é a dominação política, e a aniquilação dos opositores (o termo “aniquilação” foi oficialmente usado pelo governo da viúva de Perón, na Argentina, em 1974, e aceito pelos demais partidos). Quando exercidos por um grupo terrorista paralelo, procuram aniquilar a estrutura de um estado considerado inimigo.

Por exemplo, o massacre em Pando, Bolívia, em setembro de 2008, foi promovido pelos governadores departamentais (estaduais), apoiados pelas corporações e os colonos ricos. Trata-se então, de um crime de estado, onde o autor não é o governo central, mas as autoridades locais.
3. Consideram as vidas humanas descartáveis, sem que importe a pessoa específica e seu grau de envolvimento nos fatos. Podem gerar democídios (crimes massivos de pessoas indesejadas, sejam ou não inimigos), etnocídios (homicídios massivos de etnias), chacinas terroristas, e, em geral, massacres onde as vítimas podem ser quaisquer, desde que exteriores ao grupo que as pratica, etc.

Nesse caso, o objetivo é apenas demonstrar poder e infundir terror, como faz a maioria dos exércitos com a população civil de países em guerra. Na prática, quase todo corpo militar comete crimes de lesa humanidade. O fato de que os nazistas sejam considerados criminosos especiais contra a humanidade, se deve ao planejamento minucioso de seus crimes, o alto impacto quantitativo e o fato de que fossem aplicados sobre a população branca da Europa. Crimes similares e piores foram cometidos contra índios e negros até hoje, sem que houvesse nenhum tipo de punição. Esse é o principal motivo que torna os militares de cerca de 120 países em inimigos radicais dos DH, pois estes direitos proíbem a matança de civis e o terror bélico.

4. Aplicação de formas cruéis e desumanas de tratamento, com o objetivo de mostrar poder, satisfazer necessidades psicopáticas dos executores (que são, em sua maioria, personagens altamente doentios) e infundir terror. Tortura é o mais aberrante crime contra humanidade, porque visa apenas produzir sofrimento.

É importante ter em conta que nenhum crime comum pode ter o efeito destrutivo de um crime contra a humanidade. Por exemplo, uma enorme gangue que assalte bancos dificilmente poderá matar, ao longo de toda sua vida criminosa, mais de 100 pessoas. Um pequeno exército pode fazer vários milhares de vítimas em poucas horas.

A comissão de crimes contra a humanidade está influenciada pelo sistema político ao qual aderem os autores. Mas, essa influência não é estrita. Países com democracias antigas e estáveis, como os Estados Unidos, cometeram crimes de lesa humanidade em altíssimo grau na Coréia (1950-1953), no Vietnam (1964-1975) e em outros lugares, fantasiados do que os militares chamam “dano colateral”. Aliás, o próprio partido nazista ganhou o poder por eleições, embora logo em seguida se transformasse em ditatorial.

Agora já sabemos a diferença entre as duas extradições. Cordero é um autor de crimes contra a humanidade. Envidou esforços para eliminar exilados uruguaios morando na Argentina, o que incluía algumas dúzias de seqüestros com desaparições definitivas, alguns homicídios explícitos, centenas de sessões de torturas e vários estupros.

Battisti é autor de delitos políticos, chamados “crimes” pelo aparelho repressivo brasileiro-italiano. Talvez suas ações e as de seu grupo não fossem as mais adequadas para o objetivo libertador que se propunha a esquerda italiana da época. Entretanto, os esquerdistas, esmagados entre o fascismo ressuscitado, por um lado, e pelo neo-stalinismo, pelo outro, encontraram nesses grupos violentos o único nicho de atuação.
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Carlos Alberto Lungarzo foi professor titular da UNICAMP até aposentadoria e milita em Anistia Internacional (AI) desde há muitos anos. Fez parte de AI do México, da Argentina e do Brasil, até que esta seção foi desativada. Atualmente é membro da seção dos Estados Unidos (AIUSA). Sua nova matrícula na Organização é o número 2152711. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
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NÃO PODEMOS NOS OMITIR FACE À TORTURA CONTINUADA DE NORAMBUENA!!!

Celso Lungaretti (*)

Um bom companheiro me escreve chamando a atenção para o caso de Maurício Hernandez Norambuena, que continua preso em condições desumanas na Penitenciária Federal de Campo Grande, submetido ao famigerado  Regime Disciplinar Diferenciado.

O site da Campanha de Solidariedade (acesse aqui) lista algumas características do confinamento a que Norambueno vem sendo submetido há quase 10 anos:
  • cela de 3x2 metros, banheiro incluído;
  • duas horas de banho de sol por dia num pátio pequeno;
  • visitas de três horas permitidas somente aos irmãos;
  • nenhum acesso aos veículos de comunicação; 
  • possibilidade de receber apenas um livro por semana;
  • nenhum contacto com os outros reclusos.
Mas, é do professor Carlos Lungarzo, tradicional defensor dos direitos humanos que teve atuação destacada no Caso Battisti, a melhor descrição do RDD, num artigo (acesse aqui) sobre a permanência de rigores medievais nas prisões brasileiras:
"O RDD é um simples sistema de tortura, que se diferencia do clássico por não haver utilização de ação direta sobre o corpo da vítima, mas cujos efeitos são comparáveis.
O RDD restabelece oficialmente a tortura, (...) só que sob a hipocrisia de evitar a palavra tortura. Os efeitos dolorosos (que são procurados pelo torturador) estão todos presentes no RDD: isolamento de som, ausência de luz natural ou hiperluminosidade, bloqueio de funções motrizes com a mecanização de todos os movimentos do preso (como portas que são abertas de fora, e que impedem o detento girar uma maçaneta, contribuindo para a atrofia muscular), perda da noção de tempo e obliteração da memória em curto e médio prazos, o que acaba mergulhando a pessoa numa autismo irreversível.
 ...A prisão perpétua normal pode acabar algum dia. Mas ninguém pode repor-se de um suicídio ou de uma psicose profunda irreversível".
E há mais. Segundo Júlio de Moreira Batista, colunista da revista Crítica do Direito (veja aqui), Norambuena está sendo VÍTIMA DE UMA GRITANTE ILEGALIDADE:
"Em dezembro de 2003, foi sancionada a Lei n. 10.792, que instituiu o Regime Disciplinar Diferenciado. Norambuena foi imediatamente transferido para a Penitenciária de Presidente Bernardes, e submetido a tal regime...
Ainda de acordo com a lei, o RDD só pode ser aplicado por até 360 dias, até o limite de um sexto da pena aplicada. Aqui vem a parte mais gritante da história: Norambuena está no RDD há quase 8 anos ininterruptos [o artigo é de 2011, mas a situação continua exatamente a mesma], e nada faz o Estado brasileiro para suprimir esta ilegalidade!
Não bastando as restrições temporais à aplicação do RDD, previstas na Lei n. 10.792/2003, o art. 112 da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/84) prevê a progressão para o regime semi-aberto após o cumprimento de 1/6 da pena, o que, no caso de Norambuena, deveria ter acontecido em 2007".
TAL TRATAMENTO É CRUEL, DISCRICIONÁRIO, ABERRANTE, INCONCEBÍVEL E INACEITÁVEL, pouco importando a quem se aplique. NINGUÉM MERECE!

A esquerda brasileira, todos sabemos, faz restrições a Norambuena. Ele pegou em armas contra a ditadura de Augusto Pinochet e não as depôs quando sua pátria se redemocratizou. Em dezembro de 2001, liderou em São Paulo o sequestro do publicitário Washington Olivetto, cujo resgate seria em dinheiro (uma heresia para os antigos combatentes da luta armada no Brasil, pois só admitíamos o recurso à prática hedionda do sequestro em circunstâncias extremas, para salvar companheiros da tortura e da morte -- "vida se troca por vida" era nosso lema). Foi preso em fevereiro de 2002.
As sementes de Torquemada frutificam no Brasil

Mas, mesmo na hipótese de que o sequestro de Olivetto visasse apenas à obtenção de recursos para a subsistência do grupo de foragidos, NÃO PODEMOS ADMITIR A TORTURA NEM DE PRISIONEIROS POLÍTICOS NEM DE PRESOS COMUNS, SEJAM LÁ QUAIS FOREM AS CIRCUNSTÂNCIAS, EM HIPÓTESE NENHUMA!

Então, exorto novamente os companheiros e os cidadãos com espírito de justiça a tomarem uma firme posição, colaborando com a campanha para o cumprimento da sentença de Norambuena em condições aceitáveis numa democracia, além de exigirem a imediata extinção do fascistóide RDD.

Outra possibilidade a ser considerada é a execução imediata, por motivos humanitários, da extradição de Norambuena para o Chile, já autorizada pelo STF mas postergada para depois do término da pena brasileira. Lá também ele terá sentença a cumprir, mas não em cárceres que parecem haver saído da imaginação doentia de um Torquemada.

     * jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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Eventual processo de extradição de Pinto Molina deve seguir longo rito

27/08/2013 
Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Um eventual pedido de extradição, feito pelo Ministério Público da Bolívia, deve levar a um processo relativamente longo até ser julgado no Brasil. Pelo rito que envolve o tema, o pedido tem de ser encaminhado pela Justiça da Bolívia à Embaixada do Brasil em La Paz (a capital), que o envia para a representação diplomática boliviana em Brasília. Depois,  segue para o Superior Tribunal de Justiça, que julga pedidos de extradição.
Porém, a situação do senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, que ficou quase 15 meses abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz, é considerada atípica. É que o atual status do boliviano é de asilado diplomático e não político. A diferença é que no caso do asilo diplomático, ele é concedido quando a pessoa está em território brasileiro (no caso de Molina era a embaixada brasileira).
O procurador-geral interino da Bolívia, Roberto Ramirez, disse que o Ministério Público boliviano analisa “tudo o que se refere às normas internacionais e nacionais para ver quais são as opções" sobre o eventual pedido de extradição de Pinto Molina, que está há três dias em território brasileiro. As autoridades bolivianas dizem que o senador responde a mais de 20 crimes por corrupção e desvios de recursos públicos.
Em entrevista à Agência Brasil no domingo (25), Pinto Molina negou as acusações. Ele disse ser vítima de perseguição política, por fazer oposição ao governo do presidente Evo Morales, e negou haver qualquer tipo de prova contra ele na Justiça.
Pinto Molina ficou 455 dias abrigado na embaixada brasileira na Bolívia desde que pediu asilo político ao Brasil, em 28 de maio de 2012. Porém, para deixar a Bolívia era preciso salvo-conduto, autorização do governo boliviano, que negava o documento.  Na sexta-feira (23), o parlamentar deixou a embaixada com o auxílio da representação diplomática brasileira.
O boliviano chegou no último sábado (24) ao Brasil, por Corumbá (MS), onde se encontrou com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Os dois voaram em seguida para Brasília.
Edição: Graça Adjuto
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» Leia também:
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Entretanto, sobre processo de extradição, existem argumentos pra todo gosto, como o que se segue:


Planalto exige punição de diplomata brasileiro e pode extraditar o senador boliviano Roger Molina

Jogo sujo – Como antecipamos na edição desta segunda-feira (26), o diplomata Eduardo Saboia, que comandou a operação de fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil será punido. O ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, está sendo pressionado pelo Palácio do Planalto para encontrar uma forma de punir Saboia, que teria desrespeitado não apenas uma determinação do próprio Itamaraty, mas também uma ordem da presidente Dilma Rousseff, que reza pela cartilha da esquerda latino-americana.

Eduardo Saboia foi chamado às pressas à capital federal, onde teve de se explicar com seus superiores hierárquicos. A pressão sofrida por Antonio Patriota é tamanha, que o diplomata que ajudou Roger Molina na fuga poderá ser afastado por questões de saúde ou colocado na chamada “geladeira” do Itamaraty. Certo é que de punição Saboia não escapará, apenas porque usou a lógica e salvou a vida de um perseguido político que estava asilado na embaixada brasileira há mais de quinze meses. O primeiro passo para eventual punição é um processo administrativo, que será precedido por investigação para apurar o ocorrido na embaixada em La Paz.
A política externa brasileira tem suas contradições. Quando Manuel Zelaya se refugiou na embaixada brasileira em Honduras, depois de entrar no país ilegalmente, o Palácio do Planalto tentou negociar uma forma de o golpista voltar ao poder. Durante as negociações, a representação diplomática brasileira transformou-se em SPA de luxo de Zelaya.
O mais interessante é que o governo brasileiro aceita a presença de agentes cubanos e representantes das Farc em território nacional, mas não causará surpresa se extraditar Roger Molina para a Bolívia, apenas para agradar o presidente cocalero Evo Morales. Sem contar que a Presidência da República ignorou a recomendação do Supremo Tribunal Federal para extraditar o terrorista italiano Cesare Battisti, por se tratar de um integrante da esquerda. Já Molina, que faz oposição a Morales, pode acabar em uma prisão da capital boliviana.
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Especificamente sobre o caso Zelaya, dá pra começar o debate lendo...


Miriam Leitão, a tricoteuse tupiniquim

23.09.2009 | Fonte de informações:

Pravda.ru





Fernando Soares Campos

Míriam Leitão, em sua coluna no Globo Economia, condena a diplomacia brasileira por ter acolhido o presidente deposto por golpe militar em Honduras, Manuel Zelaya. A Leitão global vai de tricotadeira a padre de cadafalso, condena e aparentemente consola o condenado, fazendo-o ver que é merecedor da pena que lhe deve ser aplicada. Desde muito tempo a Leitão sugere um golpe contra o governo Lula.

Vejamos o que diz Leitão numa "nota de repúdio"à diplomacia brasileira. Sempre que ela se refere ao golpe ou a uma possível invasão da Embaixada como alguma coisa "supostamente" errada, segue-se nova frase ou período iniciado pela cunjunção adversativa "mas". É como se a Leitão classificasse o que foi dito anteriormente como alguma coisa sem grande importância. O que vale para ela é o que vem depois do "mas..."

Observe que o texto da Leitão não resiste a uma análise, mesmo que superficial:

(Para ler completo, clique no título)

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Leia também...



Presidente uruguaio é hábil com oposição, mas 

tem dificuldades na base governista




[Editor-Assaz-Atroz-Chefe: Breve contarei a história de minha tentativa de ir para o Uruguai, aos 16 anos de idade, com o propósito de me juntar aos tupamaros. Eu e Arley, o "calango", sobrinho de um major do Exército.]
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Seriam esses também presos políticos de acordo com a brilhante exposição do professor Lungarzo?:


de:
 Jamie Choi - Avaaz.org 
para:
 "fernando.56.campos@gmail.com"
data:
 18 de outubro de 2013 13:22
assunto:
 Presos em uma cadeia na Rússia
enviado por:
 bounces.avaaz.org
assinado por:
 avaaz.org

Você se juntou a esta lista ao assinar a campanha "Obama: Retire o Embargo a Cuba" em 2009-04-17. Esperamos que você continue conosco! Veja aqui nossa última campanha: 

Cara comunidade da Avaaz,


Ana Paula e 29 integrantes do Greenpeace estão presos em uma cadeia na Rússia por terem organizado um protesto contra a exploração russa de petróleo no oceano Ártico. Mas a nossa comunidade pode libertá-los se ajudarmos o Greenpeace a construir um enorme apelo mundial mirando os maiores parceiros globais da Rússia. Vamos chegar a 1 milhão de assinaturas para soltar os 30-do-Ártico - assine agora clicando abaixo: 


Ana Paula é uma brasileira de 31 anos que queria protestar pacificamente contra os planos da Rússia de exploração do petróleo no Ártico. Agora, ela e os 29 tripulantes do navio do Greenpeace Arctic Sunrise, estão detidos em uma prisão russa sem nenhuma perspectiva de serem soltos. Mas podemos dar a ela e sua tripulação um verdadeiro bote salva-vidas.

A equipe do Greenpeace, alguns em confinamento solitário, corre o risco de passar 15 anos na prisão por conta de falsas acusações de pirataria. Qual foi o crime? Pendurar uma bandeira em uma plataforma de petróleo russa para protestar contra a perigosa perfuração em águas profundas em um dos lugares mais bonitos e frágeis do planeta. Muitos governos ocidentais já se manifestaram, mas agora Ana Paula e o Greenpeace estão pedindo à comunidade da Avaaz para ajudar a construir um verdadeiro apelo global.

Juntos podemos pressionar alguns dos mais fortes parceiros comerciais e políticos da Rússia -- Brasil, Índia, África do Sul e União Europeia - para pedir a libertação dos 30-do-Ártico.Vamos reunir 1 milhão de assinaturas para libertar Ana Paula e seus amigos. Quando atingirmos essa meta, a Avaaz projetará seus rostos em importantes locais públicos para manter esta história nas capas dos jornais: 
http://www.avaaz.org/po/free_the_arctic_30_loc/?bWduJab&v=30420 



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Leia também...



Vestido de urso, ativista contrário ao Greenpeace é detido na Rússia

Manifestante confrontava ambientalistas durante protesto em Moscou.
Nesta 6ª completa um mês que 30 pessoas ligadas a ONG estão detidas.



Policiais da Rússia prenderam nesta sexta-feira (18) um manifestante vestido de urso polar que confrontava ativistas do Greenpeace durante ação realizada pela ONG em Moscou, na Rússia.
A ação lembra que 30 ativistas estão presos há um mês após protesto realizado no Mar do Norte para proteção do Ártico.

Segundo a agência de notícias France Presse, o manifestante “anti-Greenpeace” portava uma placa escrita “o Ártico precisa de ecologistas, não de ecoterroristas”.
Nesta sexta, vários países realizaram protestos pedindo a libertação dos ambientalistas presos, incluindo a brasileira Ana Paula Maciel.
No Rio de Janeiro, 30 ativistas vestidos com macacões laranja, cor tradicional de roupas de detentos, e utilizaram algemas durante ação realizada na Praia do Leblon, Zona Sul da cidade.
O grupo de 30 pessoas, 28 ambientalistas e dois jornalistas, ficou detido no navio, sendo posteriormente conduzido a um tribunal de Murmansk. Lá, foram colocados em celas provisórias.

Eles foram acusados formalmente pela Justiça russa por pirataria e, se condenados, podem cumprir penas de até 15 anos de prisão. Os ativistas procedem de 19 países: Brasil, Rússia, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França.
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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Robirina, a Robin Hood da Amazônia --- O Enem, a estratificação social e a luta de classe --- O Homem Virusviano

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"Mau Dia Brasil" e o ódio pelo Enem


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

Nos próximos sábado e domingo, dias 26 e 27 de outubro, vai ser realizada a quinta edição do novo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). O exame é o segundo maior do mundo, com 7.105.903 candidatos inscritos, e já incluiu mais de um milhão de jovens pobres, negros, indígenas nas universidades públicas, até então reduto das classes média tradicional e alta, ou seja, da burguesia. No mundo, somente a China tem um exame de inclusão social ao ensino público maior do que o do Brasil.

Aos que ficam a ouvir e ler as notícias negativas sobre o Enem repercutidas pela imprensa de negócios privados, salutar se torna também informar que o Enem tem apenas a finalidade da avaliar o ensino médio. Já o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) serve como processo seletivo, que tem como base as notas dos candidatos do Enem. O processo é tão democrático que possibilita aos aprovados consultar as vagas disponíveis das faculdades e universidades, bem como saber dos inúmeros cursos que são oferecidos.

Contudo, ligo a televisão e me deparo com o Mau Dia Brasil, da Rede Globo. Vejo e ouço dois dos porta-vozes da Casa Grande, os apresentadores Chico Pinheiro e Ana Paula Araújo, a noticiar sobre o Enem. Eles tem um ar de deboche e acionam os apresentadores de São Paulo e Brasília para também participar da matéria sobre o exame que incluiu centenas de milhares de brasileiros na universidade pública e, consequentemente, elevou a autoestima de milhares de brasileiros, sendo que muitos dos filhos de famílias pobres são os primeiros de tantas gerações a ingressar em um sistema educacional que privilegiava aqueles que no decorrer de suas vidas estudantis frequentaram escolas particulares, caras e tradicionais.

Os governos trabalhistas de Lula e Dilma efetivaram uma rede de proteção social no que diz respeito à educação. E é isto o que mais incomoda a Casa Grande de tradição escravocrata. “Como pode — ela se pergunta — pobres, negros, índios e portadores de necessidades especiais frequentarem a mesma escola que eu frequento há mais de cem anos?” E eu respondo: “Pode!” O que não se deve aturar é preconceito de coxinha metido a besta e que pensa que o País é um lugar VIP para os “bem nascidos”.

Por isso, temos matérias cretinas como a apresentada pelo Mau Dia Brasil, que se esforça ao máximo para desqualificar e desconstruir o Enem, que é um exame democrático, justo e de inclusão social, a exemplo do Bolsa Família, do Luz para Todos, do Previdência Social, do Saúde da Família, do Rede Cegonha, do Brasil Alfabetizado, do Mais Educação, do Brasil Sorridente, do Minha Casa Minha Vida, dentre outros programas, que visam combater a miséria, a pobreza e incluir, definitivamente, grande parte da população brasileira no mercado de emprego e de consumo.

Contudo, com o propósito de concretizar esse processo, urge fazer com que o brasileiro estude para que possamos, em futuro próximo, transformar o Brasil em uma nação de classe média, porque para o socialismo ser implementado em um país capitalista, grande e diversificado como o Brasil, torna-se imperioso enfrentarmos um processo lento, que demanda tempo e convencimento, por se tratar de uma doutrina econômica e política que requer rompimento com o establishment, e, por conseguinte, iniciar-se uma nova ordem política, econômica e social.

O objetivo é transformar a sociedade. Entretanto, torna-se necessário distribuir riquezas e propriedades, de forma equilibrada, pois que o desejo é diminuir a distância entre pobres e ricos e, por sua vez, realmente edificar um estado de bem-estar social. Porém, as classes sociais abastadas e proprietárias dos meios de produção e serviços reagem aos avanços conquistados pela maioria da população. A reação é levada a efeito pelos partidos políticos de direita e de suas caixas de ressonância materializadas em diversas mídias, principalmente na imprensa de mercado, que por muito tempo teve em suas mãos o monopólio da informação.

A imprensa que sataniza os partidos, os políticos, os grupos sociais e as instituições que, porventura, não rezam por sua cartilha reacionária, conservadora e de caráter hegemônico. A imprensa do pensamento único e que se nega a dar direito de resposta a quem é difamado e caluniado. A mesma imprensa do jornalismo meramente declaratório e que se recusa a ouvir o outro lado, procedimento que qualquer jornalista iniciante sabe que tem de ser feito para que o leitor, espectador ou ouvinte possa formular seu juízo de valor para comparar as diferentes versões e, por seu turno, discernir sobre os fatos e as realidades acontecidos e repercutidos.

Informação e educação caminham juntas. São irmãs siamesas. E é por saber disso que os grupos econômicos privados tentam controlar os meios de comunicação e sabotar programas de governo e projetos de país que visem, sobretudo, emancipar os povos e em especial o povo brasileiro vítima de uma burguesia perversa, egoísta, provinciana, preconceituosa e de passado escravocrata. A burguesia entreguista e colonizada, bem como arrogante e prepotente com os mais fracos, ao tempo que vergonhosamente subserviente e aduladora daqueles que ela considera ser suas cortes. A burguesia brasileira tem a alma prostituída, além de um incomensurável e inenarrável complexo de vira-lata.

Por isso, ela tem de ser duramente combatida para que o Brasil avance e se torne realmente um País para todos os brasileiros. E a revolução começa pela educação pública, de boa qualidade e aberta para todos que nascem neste colosso tropical que é o Brasil. Se não há espaço e nem meios no momento para a efetivação de uma revolução socialista, que se faça as reformas necessárias para que o povo seja inserido no contexto do consumo e do estudo, pois se as pessoas estudam e consomem elas, por si sós, darão conta de providenciar a melhoria na qualidade de suas vidas, bem como vão ter discernimento do País que elas querem para seus filhos e as gerações vindouras.

A educação é a revolução. E sem justiça social não há paz. As reformas estão a acontecer desde 2003 quando o presidente Lula sentou na cadeira da Presidência da República, bem como a presidenta Dilma Rousseff continua a caminhar na mesma trilha do desenvolvimentismo e do trabalhismo. Somente por intermédio da educação faremos com que a ignorância e o egoísmo dos que reagem contra a inclusão social sejam derrotadas.

Quando os áulicos da Casa Grande de forma sistemática criticam açodadamente o Enem e tudo que gravita em torno dele, a exemplo do Sisu, do Fies e do Prouni é sinal que tais programas estão em um caminho certo, sem volta ao passado e que desagrada, sobremaneira, as “elites” brasileiras associadas aos grandes capitalistas, aqueles que defendem a diminuição do estado, a venda do patrimônio público e que quando metem as mãos pelos pés correm como cachorrinhos esfomeados a pedir comida para salvar o que restou de seus patrimônios, sem, contudo, esquecer de enviar para os paraísos fiscais os milhões que ainda lhes sobraram, pois conquistados por meio de sonegações.

Vinte e dois milhões de pessoas estão a ser atendidas pelo Governo trabalhista. Os programas reduziram em 13% as desigualdades sociais. Além disso, 13,8 milhões de pessoas são atendidas pelo Bolsa Família, o que ajudou, e muito, para que o Brasil diminuísse em mais de 55% a pobreza e a extrema pobreza em apenas uma década, segundo o relatório “A Década Inclusiva (2001/2011): Desigualdade, Pobreza e Políticas de Renda”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e produzido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011 (Pnad).

O Brasil cumpriu a meta do milênio no que concerne à diminuição da pobreza em apenas dez anos, o que era previsto para ser realizado em um tempo de 25 anos. E aí vem a direita e os que se associaram aos inquilinos desse campo político e ideológico reacionário e violento para afirmar, sem qualquer responsabilidade do que falam, que vão fazer mais e melhor, sendo que quando estiveram no poder não fizeram nada, pois nem acesso ao emprego o povo brasileiro teve nos tempos do vendilhão da pátria, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, aquele que foi ao FMI três vezes, humilhado, pois de joelhos e pires nas mãos a mendigar esmolas, porque quebrou o Brasil três vezes.

Todos esses fatores, além de muitos outros não citados neste artigo, favorecem o que os economistas estruturalistas, desenvolvimentista e o próprio presidente Lula chamam de ciclo virtuoso, que fomentou e ainda fortalece a economia interna, que por sua vez ajudou o Brasil a não sentir muito a crise internacional de 2008. A crise que derreteu as economias de países europeus e prejudicou enormemente os Estados Unidos e o Japão, bem como mostrou, inapelavelmente, que o neoliberalismo é uma doutrina que colocada em prática tem por finalidade concentrar renda e riqueza, apostar na jogatina dos mercados de capitais, favorecer os rentistas e prejudicar quem produz para beneficiar os banqueiros e os governos dos países ricos, que determinam como o sistema mundial hegemônico deve proceder, a fim de sugar as riquezas dos países periféricos e emergentes, além de explorar a mão de obra barata dos povos pobres, em forma de rapinagem e pirataria.

Voltemos ao Mau Dia Brasil. Chico Pinheiro e Ana Paulo Araújo, além de os “âncoras” de Brasília e de São Paulo falavam sobre o Enem de mais de 7 milhões de inscritos em tom de pilhéria e desdém. A reportagem anunciada por Chico Pinheiro e veiculada na tela das Organizações(?) Globo iniciou assim: “No próximo final de semana, sete milhões de estudantes vão fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio. Desta vez, o Ministério da Educação promete um exame sem sobressaltos”.

A partir da chamada, a matéria passou a falar dos “sobressaltos”, evidentemente com o propósito de superdimensionar os erros e equívocos acontecidos em anos anteriores, e, consequentemente, desqualificar para diminuir a importância do Enem e, por seu turno, fazer com que milhões de pessoas, ainda jovens e em formação, passem a ter a sensação de insegurança, além da calar em suas mentes e corações a desconfiança de um processo escolar excepcional, que deveria ser valorizado e admirado, pois se trata de um exame complexo, com um número de inscritos que supera a população de vários países, a exemplo do Uruguai, e que por sua grandiosidade os erros que aconteceram são infinitamente inferiores em relação às suas virtudes.

E o narrador da matéria global sabotadora dizia: “Em 2009, a prova foi furtada em uma gráfica (...)”. Mas o senhor Chico Pinheiro, editor-chefe do Mau Dia Brasil “esqueceu” de lembrar que a prova foi roubada na gráfica da “Folha de S. Paulo” por um contratado dela. Tal pasquim de direita é aquele diário que emprestava, na ditadura militar, seus carros para os torturadores na década de 1970, e que, na maior cara de pau e cinismo, publicou o ocorrido do furto da gráfica como manchete de capa do jornal. Depois a pseuda reportagem relembrou as “falhas” do Enem em 2010. Neste ano, alguns inscritos foram vítimas de vazamentos sobre seus dados pessoais. Uma professora de Remanso (BA) teve acesso às provas e repassou para seu filho. O fato foi relato por um professor de cursinho de Petrolina, que denunciou o ocorrido. Porém o Mau Dia Brasil mais uma vez não mostrou essa ocorrência.

Além disso, ainda em 2010, um dos cadernos da prova continha erros. A gráfica RR Donnelley, a maior do mundo, assumiu as falhas e declarou ao governo e ao público que houve erros de impressão em 0,3% das dez milhões de provas. É isto mesmo: dez milhões de provas e 0,3% de erros. A empresa considerou que o índice de erro é pequeno e que está dentro de uma margem esperada para um processo industrial de larga escala. Contudo, a imprensa superdimensionou novamente, porque os barões magnatas que controlam as mídias no Brasil fazem política, tem lado e escolhem candidatos, sempre os de e da direita.

A falha virou um “escândalo” de gigantescas proporções e quase tais magnatas fecham as portas do Ministério da Educação e terminam de vez com o Enem com a finalidade de impedir o acesso dos pobres à universidade pública. Seria cômico se não fosse trágico e ridículo, porque o “escândalo” não colou. E sabe por quê? Porque os milhões de alunos candidatos sabem que o Enem inclui, é justo, público e democrático, bem como compreendem que a imprensa burguesa, corporativa e sectária defende os interesses empresariais, dos ricos e que luta contra a distribuição de renda, de riqueza, além de ser contrária à independência do Brasil e à autonomia do povo brasileiro.

Em 2011, o Enem foi novamente alvo de irregularidades e patifarias, ou seja, o boicote e a sabotagem continuavam. A finalidade era mais uma vez esvaziar e desqualificar o exame, com o apoio e a cumplicidade, evidentemente, da imprensa comercial de caráter golpista. Alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, tiveram acesso a quatorze questões. A Polícia Federal investigou e constatou que o vazamento poderia ter acontecido em um teste formulado pelo Inep realizado em 2010. Apenas 639 provas foram invalidadas em um contexto de milhões de provas aplicadas pelo Enem em todo o Brasil. Pronto! Mais uma vez os porta-vozes da Casa Grande e os mensageiros da dor e da agonia transformaram o vazamento em outro “escândalo” de proporções planetárias.

Contudo, o Chico Pinheiro e a Ana Paula Araújo e seus colegas de Mau Dia Brasil não tocaram neste assunto. Óbvio. Eles fazem um jornalismo mequetrefe, porque aproveitaram uma concessão pública para fazerem suas assertivas ao tempo que não dão o direito de alguém do Ministério da Educação rebater tais vilanias, manipulações e mentiras. Creio que essas pessoas pelo menos não devem pensar, lá com seus botões, que elaboram e efetivam um jornalismo de verdade e isento e imparcial para falar dos fatos e das realidades. Será?

Bem, já em 2012 e apesar de toda a propaganda contra o Enem, as inscrições superaram todos os números, pois um verdadeiro recorde até então. Quase 6,5 milhões de candidatos se inscreveram e com isso o Governo trabalhista percebeu que o Enem é como massa: quanto mais apanha, mais a massa cresce. Neste ano, as fraudes, as trapaças e as sabotagens foram evitadas. Entretanto, em 2013, as falsas polêmicas retornaram, e os motivos eram concernentes aos métodos de correções das redações, considerados demasiadamente permissivos ou tolerantes. Um aluno escreveu como redação uma receita de miojo, o que gerou descontentamento a quem não passou. O Governo trabalhista reconheceu o erro e tratou rapidamente de não permitir que aconteça tais fatos novamente. Quem o fizer, não passará na prova. Ponto.

As provas a serem realizadas neste fim de semana vão ter um enorme e sofisticado esquema de segurança. Todavia, a humanidade é a humanidade e sempre alguém vai tentar burlar a segurança e, consequentemente, fraudar as provas e assim prejudicar a imensa maioria que presta exames de forma legal e honesta, além de sonhar com dias melhores, principalmente aquele que nasceu em berço da classe pobre e que espera, geração após geração, formar-se em uma faculdade, apesar do ódio elitista pelo Enem.

Contudo, o Mau Dia Brasil e o restante da imprensa de negócios privados estão à espera de falhas, fraudes e até mesmo que algum criminoso, a serviço de “sujeitos ocultos”, consigam criar um novo “escândalo”, e, por seu turno, dar oportunidade de a imprensa burguesa repercuti-lo com estardalhaço, com o propósito de mais uma vez dizer ao povo brasileiro que o Enem não presta. Afinal, o que presta para tal imprensa de desejos inconfessáveis são os cursinhos e os colégios, as faculdades e as universidades particulares sem qualidade comprovada e pagos a peso de ouro com o suor dos trabalhadores e dos pais de milhões de jovens que não tiveram acesso ao ensino público superior. Mas não vai adiantar, pois o número é este: 7.105.903 candidatos. Sorry periferia. É isso aí.


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24 de outubro de 2013 



247 - A divulgação, pelo 247, de que Reinaldo Azevedo, um dos símbolos do neoconservadorismo brasileiro, será colunista da Folha (leia aqui), obrigou o jornal a antecipar a novidade a seus leitores. 
Reinaldo, fiel escudeiro de José Serra, escreverá às sextas-feiras e, assim foi apresentado pela Folha:
Formado em jornalismo, Reinaldo Azevedo, 52, foi editor-adjunto de Política do caderno "Brasil", coordenador de Política da Sucursal de Brasília da Folha, redator-chefe da revista "Bravo!" e diretor de Redação da revista "Primeira Leitura". Desde 2006 mantém um blog no site da revista "Veja". Publicou, entre outros livros, "Contra o Consenso" (2005) e "O País dos Petralhas" (2008).
"Firmei com a Folha o compromisso firmado com os meus leitores e que vigora na minha relação com a Veja': escrever o que penso, segundo os fundamentos da democracia representativa, a única que reconheço, e do Estado de Direito", diz Reinaldo.
Além dele, o time de colunistas será reforçado também com outra voz que integra os quadros do Instituto Millenium, um centro que irradia ideias de centro-direita e é apoiado por grupos de mídia como Abril, Globo e, agora, a Folha. Trata-se do sociólogo Demétrio Magnoli. "Meu programa é explodir o senso comum. Escrever contra o óbvio, contra as verdades estabelecidas, especialmente nestes tempos em que a linguagem política foi esvaziada", diz Magnoli.
A contratação da dupla, especialmente de Reinaldo Azevedo, caiu como uma bomba no jornal e foi muito mal recebida por diversos profissionais de peso que atuam na Barão de Limeira. Para muitos jornalistas da casa, o leitor da Folha é predominantemente conservador, mas não é um radical de direita, disposto a seguir a linha do colunista de Veja.com.
Para compensar, a Folha resgatou a coluna de um ex-colaborador, o jornalista Ricardo Melo, que já foi ligado a grupos de esquerda. Nesta condição, Melo foi apresentado pela Folha aos leitores para sinalizar um suposto equilíbrio:
 Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil "Liberdade e Luta" ("Libelu"), de orientação trotskista.
De acordo com Melo, "vivemos hoje um momento de grande transformação na política brasileira, com a entrada de novos atores no jogo. Minha intenção é acompanhar tudo isso, sempre mantendo uma ótica social".
Para o diretor de redação, Sérgio D'Avila, o novo elenco "reforça o compromisso com o pluralismo e amplia o já variado quadro de colunistas do jornal".
Não é verdade e até as pedras da Alameda Barão de Limeria sabem disso. Com o peso que tem e seu radicalismo que já se tornou quase caricatural, Reinaldo Azevedo marca um ponto de inflexão na história da Folha. Será um militante radical contra o PT e a esquerda brasileira, em pleno ano eleitoral.
O navio adernou à direita (leia mais aqui).
(uma curiosidade: nas eleições de 2010, quando Ricardo Melo era colunista da Folha e apontava dificuldades para José Serra, Reinaldo o tratava como "gafanhoto"
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23 outubro 2013


O que nem Dilma e nem Marina estão dizendo


"Nhenhenhém não é suficiente para construir 
uma sociedade justa, sei muito bem disso. Então, deixem de lengalenga e vamos trabalhar!"



“Dilma e Marina, os dois principais nomes para 2014, estão falando da questão da desigualdade social – o maior desafio do país e do mundo — sem tocar no ponto central dela.


O ponto: você não faz nada de realmente expressivo contra a iniquidade se não 
cobrar mais impostos dos mais ricos. Poucas semanas atrás, o Nobel da Economia Robert Schiller disse exatamente isso.


Schiller disse temer que o mundo fique ainda mais desigual, e exortou os governos 
a taxar mais os ricos. Não por gostar dos ricos, ele disse, mas para que as coisas 
não fiquem ainda mais malucas.


No Brasil, não se trata nem de fazer os ricos pagarem mais impostos. Estamos um passo atrás. Trata-se de fazê-los pagar impostos. O caso de sonegação comprovada 
da Globo na compra dos direitos da Copa de 2002 é exemplar. Passados meses 
desde que documentação denunciadora apareceu num vazamento de alguém da Receita, nada aconteceu.


Repito: nada. Absolutamente nada. Nem a Globo pagou – em dinheiro de hoje, a dívida é calculada em 1 bilhão de reais – e nem, ao que se saiba, o poder público 
se movimentou para cobrar e punir.


Na Europa e nos Estados Unidos, há um empenho dos governos em fechar o cerco 
a práticas das grandes corporações catalogadas como “legais mas imorais”, a maior das quais é criar subsidiárias em paraísos fiscais com o único objetivo de não pagar 
o imposto devido.


É o que no Brasil se chama, eufemisticamente, de “planejamento fiscal”.
Empresas como Google, Amazon, Microsoft e Starbucks estão sofrendo um forte 
cerco fiscal nos Estados Unidos e na Europa. Vários governos têm divulgado o 
quanto faturam e quanto pagam de imposto. São taxas fiscais irrisórias, na faixa 
de 5%, ou às vezes até menos.


Na Inglaterra, até escritórios especializados em oferecer “planejamento fiscal” a grandes empresas estão sendo investigados e, não raro, caçados.


Fora tudo, o uso de paraísos fiscais gera uma enorme desigualdade. Os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. Para manter as contas em ordem, os governos avançam sobre pensionistas, viúvas etc – a parte mais fraca. E a história contemporânea mostrou que os mais fracos cansaram de ser espremidos, e foram 
para as ruas protestar.


Na sociedade mais avançada do mundo, a escandinava, a fórmula do sucesso é exatamente cobrar mais impostos dos ricos.


No Brasil, é um tema proibido. A direita não fala nada, por razões óbvias: é beneficiária da desigualdade. E a esquerda tem medo do poder da plutocracia. 
Quem perde, com isso, é a sociedade.


Veja Dilma e Marina, por exemplo. Dilma afirmou que o leilão de Libra vai contribuir poderosamente para a construção de uma sociedade “mais justa e com melhor distribuição de renda”. A intenção é boa, mas sem cobrar mais imposto dos ricos 
nem 100 Libras vão resolver a tragédia da iniquidade nacional.


Marina, no Roda Viva, foi sabatinada sobre sua visão tributária por Maria Christina Pinheiro, do Valor.


A maior alíquota no Brasil é de 27,5%, disse Maria Christina. (Na Escandinávia, é cerca de 50%.) Marina pensa em mudar isso?


Loquaz o tempo todo, a ponto de ignorar as tentativas frustradas do mediador do programa de abreviar as respostas, Marina desconversou e logo mudou de assunto.

Enquanto os políticos brasileiros não enfrentarem a verdade – o Brasil é uma espécie de paraíso fiscal para quem pode mais, e isso tem que mudar urgentemente – falar em sociedade justa vai ser pouco mais que uma questão retórica.”


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A rede de Marina


22.10.2013 

Pravda.ru



No último dia 16 de fevereiro, Marina Silva anunciou o lançamento da Rede Sustentabilidade, seu partido em construção. Muitos questionamentos já têm sido feitos às propostas apresentadas nessa ocasião pela ex-senadora acriana, que vem defendendo uma "nova forma de fazer política", um "novo tipo de partido", assim como um "novo tipo de militância". As críticas têm conseguido demonstrar que Marina abusa de conceitos vazios para elaborar um discurso que tenta agradar ao maior número de eleitores. Também já se destacou a presença, nessa rede, de empresários como Guilherme Leal e Maria Alice Setúbal, apoiadores da campanha eleitoral de Marina à presidência da república em 2010, e a integração de outros políticos, como Heloísa Helena, a esse movimento de "renovação ética".

Mas a verdadeira rede de Marina é muito mais ampla e foi sendo construída ao longo de sua trajetória política. Alguns dos elementos centrais dessa trama não farão parte do seu novo partido, mas foram fundamentais para a construção do projeto político que dá sustentação à atuação pública de Marina Silva e à criação da Rede Sustentabilidade.
Nesse mapa de relações pessoais de Marina, Chico Mendes é a primeira pessoa que deve ser destacada. Afinal, foi a luta dos seringueiros, da qual Chico era uma das principais lideranças, que deu maior projeção à então professora de história e sindicalista, que havia feito parte do movimento estudantil na Universidade Federal do Acre. Ligada às Comunidades Eclesiais de Base que, assim como os movimentos sociais urbanos de Rio Branco, foram importantes para fortalecer a organização e a resistência dos seringueiros na floresta, Marina também participou da criação da CUT e do PT no Acre, ao lado de Chico Mendes e tantos outros.
A partir dessa relação com Chico, outras duas figuras centrais entraram na rede de Marina: a antropóloga Mary Allegretti, que colaborou com a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, e Steve Schwartzman, antropólogo norte-americano, ligado à ONG Environmental Defense Fund (EDF).
Eles foram os principais responsáveis pela projeção internacional da imagem de Chico Mendes (a partir de sua famosa viagem a Washington para denunciar os impactos das obras da BR 364 ao Banco Mundial) e pela tentativa de transformação de seu legado político radicalmente anticapitalista - com fundamentação teórica marxista - apenas em uma luta pela preservação da floresta. Em um extremo quase caricato, chegou-se a apresentá-lo como uma versão amazônica do "pacifismo" de Mahatma Gandhi.
A promoção desta "metamorfose" ocorreu logo após o assassinato de Chico, momento em que esses atores que haviam se aproximado do movimento dos seringueiros, especialmente Mary Allegretti, intencionalmente buscaram dissociá-lo das lutas sindical e pela reforma agrária. A partir das relações que estabeleceu enquanto atuava como "apoiadora" dos povos da floresta nos anos 1980, a antropóloga construiu na década seguinte uma carreira como consultora de projetos para a Amazônia financiados por instituições e agências internacionais. Figura dos bastidores do movimento ambientalista, Allegretti foi elemento importante nas negociações para implantação do PPG7 (Programa Piloto do G7 para proteção das florestas tropicais do Brasil, gerido pelo Banco Mundial, que orientou várias políticas do Ministério do Meio Ambiente). Entre outras coisas, contribuiu para a articulação do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), um grupo de ONGs e movimentos da Amazônia que deveria acompanhar as discussões e negociações dos projetos do PPG7 (essa articulação de ONGs, criada em 1993, teve Fábio Vaz de Lima, marido de Marina Silva, como seu secretário-executivo entre 1996 e 1999).
Essa imagem de um Chico Mendes "ambientalista" também foi habilmente apropriada ao longo dos anos 1990 pela Frente Popular no Acre (PT e partidos aliados), assim como por Marina Silva. (Especialmente quando foi eleita para o Senado, ela assumiu nacionalmente a identidade de ecologista e "seringueira", embora já vivesse há vinte anos na cidade de Rio Branco). Depois do assassinato de Chico, além de adotar o discurso da sustentabilidade, os grupos que então eram considerados as organizações de esquerda do Acre fizeram uma aliança fundamental para suas conquistas políticas posteriores: tornaram Jorge Viana, jovem herdeiro de uma tradição política familiar associada à ditadura militar, a principal liderança do PT no estado. Candidato a governador em 1990, quando levou a disputa ao segundo turno, foi eleito prefeito de Rio Branco em 1992. Nessa época era ainda comumente reconhecido como "filho do Wildy" (Wildy Vianna das Neves foi deputado estadual pela ARENA entre 1967 e 1979, e deputado federal entre 1979 e 1987. Seu cunhado, Joaquim Falcão Macedo, tio de Jorge, foi governador do estado entre 1979 e 1983, indicado pelo general Ernesto Geisel).
O desempenho eleitoral de Jorge Viana conseguiu ajudar a eleger Marina ao Senado em 1994, o que o faz figurar como um elemento de destaque em sua rede de relações políticas. Em pronunciamento de 1998, quando comemorava a chegada da Frente Popular ao governo do Acre (uma aliança entre 12 partidos, entre eles o PSDB), assim como a eleição de Tião Viana, irmão de Jorge, para o Senado, Marina demonstrou sua admiração pela capacidade de articulação do novo governador: "Carismático, convincente e seguro, ele foi capaz de buscar aliados e apoiadores até mesmo em setores historicamente hostis à esquerda e ao Partido dos Trabalhadores" [1].
Em 2001, o material de divulgação elaborado pelo gabinete da senadora comemorava as realizações dos primeiros anos de governo de Jorge Viana (no qual seu marido, Fábio Vaz, possuía cargo estratégico), destacando que: "Foi-se o tempo em que a 'turma do Chico Mendes' e empresários - principalmente madeireiros - eram como água e óleo. As coisas amadureceram nos últimos 15 anos, o mundo girou, o Acre está mudando, a 'turma do Chico' chegou ao poder e pôde concretizar suas ideias. Aplacaram-se radicalismos. Viu-se que é possível negociar diferentes interesses com ética e conhecimento técnico. (...) Por incrível que pareça, há madeireiros, pecuaristas e petistas sentados à mesma mesa." [2]. Com esse tipo de declaração, Marina Silva ajudou a legitimar - utilizando levianamente o nome de Chico Mendes - um governo que conseguiu agradar tanto parte da antiga esquerda quanto a direita acriana, não tendo representado nenhuma ruptura significativa com a ordem política anterior.
Defendendo essa atuação da Frente Popular, Marina foi reeleita senadora em 2002 (quando Jorge Viana foi reeleito governador) e, em 2003, assumiu o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula. Nesse período passam a se destacar em sua rede outros atores, que já vinham atuando no Acre e se relacionavam com Marina em seu mandato anterior no Senado. Assim, esse momento não marca o início, mas a consolidação de um projeto, o fortalecimento de uma proposta específica de desenvolvimento para a Amazônia, defendido por esses indivíduos e organizações desde o início da década de 1990.
O principal pressuposto dessa abordagem é o de que a floresta precisa ter um valor econômico para ser preservada e incentivos financeiros devem ser criados para que os indivíduos se abstenham de destrui-la. Propõe-se uma "economia verde", em que as forças de mercado (com suas "falhas" devidamente corrigidas) proporcionem um uso sustentável dos recursos naturais. Trata-se de uma clara ofensiva do capitalismo neoliberal sobre a Amazônia. E essa é a lógica de fundo dos projetos do PPG7 (mencionado anteriormente), que definiram as principais políticas para a região nos últimos vinte anos, numa atuação integrada entre financiadores internacionais (Banco Mundial, USAID e agências europeias de "auxílio ao desenvolvimento") e ONGs. Estes agentes trabalharam em "parceria" com o governo da Frente Popular no Acre (mas também em outros estados da Amazônia Legal) e com o Ministério do Meio Ambiente, antes mesmo da gestão de Marina Silva. Afinal, Mary Allegretti já era Secretária de Coordenação da Amazônia no MMA no governo FHC, durante a gestão de Sarney Filho.
Marina deu continuidade a esse trabalho, em conjunto com sua equipe. Nela destacam-se ao menos três pessoas, que ainda hoje possuem função estratégica na rede de Marina: os engenheiros florestais Carlos Antônio Vicente e Tasso Azevedo e o biólogo João Paulo Capobianco. O primeiro foi Secretário de Florestas e Extrativismo do estado do Acre, no governo de Jorge Viana, cargo que tinha importância central na proposta de desenvolvimento sustentável da Frente Popular: a promoção do manejo madeireiro nas florestas acrianas. No MMA foi, primeiramente, diretor do Programa Nacional de Florestas (cargo que depois veio a ser assumido por Tasso Azevedo) e passou a ser assessor direto da ministra. Quando Marina voltou ao Senado, Carlos Vicente a acompanhou como assessor parlamentar. Foi exonerado do cargo em 2010 para se dedicar à campanha eleitoral de Marina, pelo PV. Ao fim do mandato da senadora, foi destacado para trabalhar na criação do Instituto Marina Silva.
Tasso Azevedo, antes de entrar no MMA, era diretor executivo do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA), trabalhando com a atribuição de um "selo verde" (o FSC) aos produtos provenientes do manejo florestal. Como Diretor do Programa Nacional de Florestas, fez parte da equipe que conseguiu fazer com que o Congresso aprovasse, em poucos meses, a polêmica Lei de Gestão de Florestas Públicas, que autoriza a sua concessão para exploração pelo setor privado e cria o Serviço Florestal Brasileiro, do qual Tasso Azevedo foi o primeiro Diretor Geral[3]. Tanto Carlos Vicente quanto Tasso Azevedo possuem relação com a ONG IMAZON (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), uma das principais promotoras do manejo madeireiro na Amazônia (incluindo o Acre), que defendeu a aprovação da referida lei.
O terceiro elemento importante na equipe de Marina no Ministério do Meio Ambiente é João Paulo Capobianco, que foi Secretário de Biodiversidade e Florestas e, ao final, Secretário Executivo do MMA. Capobianco é tido como um dos "mentores" da divisão do IBAMA, que levou à criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), órgão do qual ele foi o primeiro presidente. Servidores do IBAMA chegaram a acusar Marina e Capobianco de promoverem o sucateamento da fiscalização ambiental no Brasil. Quem acompanha a atuação do ICMBIO na Amazônia pode dar razão a essas denúncias.

Atualmente, Capobianco preside a ONG Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), da qual também fazem parte Marina, Maria Alice Setúbal, Guilherme Leal e Ricardo Young. Foi o coordenador da campanha de Marina à presidência em 2010. Faz parte do conselho consultivo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e é membro do conselho de administração da Bolsa de Valores Sociais (Bovespa Social). É também pesquisador associado do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), uma das principais ONGs responsáveis pela defesa da criação de sistemas de venda de serviços ambientais na Amazônia (como exemplo, o mercado de créditos de carbono por desmatamento evitado, conhecido pela sigla REDD).
O vice-presidente do conselho deliberativo do IPAM é Steve Schwartzman, aquele que, junto com Mary Allegretti, levou Chico Mendes aos Estados Unidos. Schwartzman segue atuando no Environmental Defense Fund (EDF), onde trabalha com o tema das florestas tropicais "e incentivos econômicos para proteção florestal em larga escala". E também Marina Silva, desde 2011, faz parte do Conselho Consultivo do IPAM. Essa ONG, contudo, já estava integrada à sua rede enquanto era ministra de Meio Ambiente, tendo ela participado de debates organizados pelo IPAM nas reuniões da ONU sobre o clima. A parceria com a organização é fundamental também para o estado do Acre, que aprovou em 2010 uma legislação pioneira para promover a venda de serviços ambientais, quando Binho Marques, amigo de Marina desde os tempos da faculdade de História, era governador. Ainda mais interessante é observar que, enquanto Marina participava dessas conferências da ONU como ministra, Binho participava como representante do Acre e era acompanhado por Fábio Vaz de Lima, coordenador da área de desenvolvimento sustentável do governo estadual depois de ter deixado o cargo de assessor parlamentar do senador Sibá Machado.
Nesse período o governo do Acre não só criou uma legislação extremamente avançada para a comercialização de "serviços ambientais", como ainda estabeleceu um importante acordo para a venda de créditos de carbono com o governo da Califórnia, nos EUA. Neste processo, Fábio Vaz também é uma figura fundamental, do mesmo modo que Steve Schwartzman, já que sua ONG americana, o EDF, aparece nas negociações como "representante da sociedade civil". Tendo permanecido no governo de Tião Viana como secretário adjunto da SEDENS (Secretaria de Estado, de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis), atualmente o marido de Marina é o principal responsável pela estruturação da agência criada para promover a venda de créditos de carbono no Acre. Observando a trajetória política de Fábio Vaz é possível perceber que sua atuação, realizada nos bastidores, sempre foi estratégica para o governo da Frente Popular do Acre, mesmo depois do afastamento de Marina Silva do PT.
Assim, embora a ex-senadora acriana possa buscar dissociar sua imagem da herança deixada ao Acre pelos governos de Jorge e Tião Viana e Binho Marques - especialmente em um momento no qual a Frente Popular e sua proposta de desenvolvimento sustentável passam por um grande desgaste -, a rede de relações que os aproxima demonstra a artificialidade dessa tentativa. É bastante estranho que Marina venha anunciar que seu partido em construção optará por um novo tipo de política quando laços tão fortes a unem à velha forma oligárquica de governar.
As críticas que Marina tem feito a Jorge Viana, pelo fato de este ter sido relator no Senado da proposta de alteração do Código Florestal e não ter atendido as solicitações dos ambientalistas, não parecem tão duras. E, se olharmos com calma, a "turma de Marina" acabou sendo beneficiada por alguns dos dispositivos da nova lei. Pouca gente percebeu a aprovação do que Gerson Teixeira, presidente da ABRA (Associação Brasileira de Reforma Agrária), chama de "armadilha fundiária e territorial contida no Novo Código Florestal", resultado da articulação entre setores ambientalistas - esses da rede de Marina - e o capital financeiro, "com reverência da bancada ruralista" [4].
Teixeira se refere ao regramento constituído pela lei para amparar e promover o mercado de pagamento por serviços ambientais (PSA), utilizando como principal moeda a chamada "Cota de Reserva Ambiental" (CRA), destinada a "compensar passivos" (áreas desmatadas irregularmente) até julho de 2008. Dito de outra forma, os proprietários de terras com "excedentes" de Reserva Legal estão autorizados a comercializá-los em Bolsa. E os que não possuem área de Reserva Legal suficiente podem recuperá-la através de plantio e regeneração ou adquirir as CRAs no mercado. Além desse esquema, o Código Florestal também prevê a possibilidade de remuneração dos proprietários pela manutenção das APPs (Áreas de Preservação Permanente), das áreas de Reserva Legal e as de uso restrito, que poderá ser feita pelo mercado nacional e internacional de redução de emissões de carbono. Como afirma Teixeira, essa nova legislação, além de ser "mais um golpe contra a reforma agrária no Brasil", pode transformar o "patrimônio natural do país em alternativa especulativa para o capital financeiro".
Pensando de forma distinta, os representantes do IPAM (ONG que tem Marina Silva como associada honorária), no documento que elaboraram com "contribuições para o debate" no Senado, intitulado "Reforma do Código Florestal: qual o caminho para o consenso?", defendem a adoção desses mecanismos de incentivos econômicos como forma de "recompensar aqueles que buscam a conservação florestal". E outros parceiros de Marina devem também ter ficado satisfeitos com a criação desses instrumentos de "incentivo positivo". É o caso, por exemplo, do empresário Guilherme Leal (da Natura Cosméticos, seu vice na chapa da candidatura à presidência em 2010), que é membro do Conselho da Biofílica Investimentos Ambientais, a "primeira empresa brasileira focada na gestão e conservação de florestas na Amazônia a partir da comercialização dos serviços ambientais". No mesmo Conselho encontram-se figuras como Haakon Lorentzen (presidente do Grupo Lorentzen, fundador da Aracruz Celulose, acionista controlador da Cia de Navegação Norsul, a maior empresa privada brasileira de transporte marítimo) e José Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho). A Biofílica já trabalha (segundo seu site na internet) na área de compensação de reserva legal criada pelo Novo Código Florestal, realizando a "formatação e transação de instrumentos de compensação de modo a solucionar o passivo de proprietários rurais".
Para fomentar o mercado de Cotas de Reserva Ambiental (CRAs), o país já conta com uma "bolsa de valores ambientais". Criada em dezembro de 2012 para a negociação de contratos ligados ao meio ambiente, a BVRio é uma ONG que tem em seu Conselho Consultivo a participação dos governos estadual e municipal do Rio de Janeiro. Em sua plataforma de negociação de ativos ambientais, a BVTrade, já estão sendo negociadas as "moedas verdes" do Código Florestal (as CRAs), através de contratos de desenvolvimento e entrega futura, tendo em vista o fato de que a lei ainda necessita de algumas regulamentações. Os criadores da BVRio, os irmão Maurício e Pedro Moura Costa, sócios da empresa E2 Sócio Ambiental, estimam que o "mercado de devedores ambientais pode gerar negócios de R$ 100 bilhões e R$ 500 bilhões, dependendo do custo médio das transações"[5].
Pedro Moura Costa, presidente executivo da BVRio, tem em seu currículo o desenvolvimento do primeiro projeto de certificação de crédito de carbono do mundo, na Ásia. Em 1997 fundou sua antiga empresa, a EcoSecurities, que se tornou líder mundial na venda desses créditos e foi comprada pelo banco de investimentos JP Morgan em 2009. Além da BVRIO, a E2, nova empresa de Pedro Costa, está desenvolvendo um programa de pagamentos por serviços ambientais no município de Paragominas, no Pará, em parceria com o IMAZON (aquela ONG da qual fazem parte Carlos Vicente e Tasso Azevedo, como relatado anteriormente, e também o próprio Pedro Moura Costa).
A E2 ainda integra uma "plataforma de investimentos para a região amazônica" denominada Guardiãm, "fundada por um grupo de profissionais que incluem investidores, empresários, executivos e líderes na causa amazônica", entre os quais se pode destacar Caio Túlio Costa (co-fundador do UOL, secretário de redação e ombudsman da Folha de São Paulo), Henri Philippe Reichstul (que foi presidente da Petrobrás) e dois dos principais integrantes da rede de Marina Silva: Tasso Azevedo e João Paulo Capobianco. Ao que tudo indica, as pessoas desse grupo não apenas conhecem como poucos o caminho para um lobby eficiente no Congresso Nacional e nas Assembléias Estaduais, conseguindo fazer aprovar legislações favoráveis a seus interesses. Eles parecem possuir também a capacidade "admirável" de aproveitar ao máximo as possibilidades criadas por essa estrutura jurídico-institucional que ajudaram a construir.
As possibilidades de negócios criadas pelos novos mercados de ativos ambientais também têm chamado a atenção do agronegócio, que identifica as vantagens financeiras de adotar essa "fachada verde" proporcionada por iniciativas como a da BVRio. É o que vem deixando claro a própria porta-voz dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Outro "prócer" do agronegócio, o senador Blairo Maggi, já tinha aderido à defesa do mercado de carbono em 2009, quando ONGs que trabalham em conjunto com o IPAM na divulgação desse mecanismo na Amazônia lhe apresentaram as vantagens econômicas que ele poderia trazer aos latifundiários do Mato Grosso. Talvez um dos maiores expoentes do "agronegócio verde" no Brasil, em 2011 o Grupo Maggi fez sua primeira venda de "soja responsável" (um lote de 85 mil toneladas), com o "selo verde" atribuído pela WWF (num programa de "certificação ambiental" realizado em parceria com Bunge, Cargill, Monsanto, Nestlé, Shell, Syngenta, Unilever, etc) [6].
É possível que Marina Silva ainda não tenha integrado Kátia Abreu e Blairo Maggi diretamente a sua rede, mas a WWF, ONG certificadora de soja e cana-de-açúcar, está nela há bastante tempo. Em 2008, Marina recebeu do Príncipe Philip da Inglaterra (o marido da Rainha), a Medalha Duque de Edimburgo de Conservação, o prêmio mais importante concedido por essa organização internacional. Em 2012, foi a vez da ONG receber um certificado de reconhecimento do governo da Frente Popular do Acre, "entregue a personalidades e instituições que auxiliaram na construção da história local", na data em que se celebrou o aniversário de 50 anos do estado[7].
A rede de Marina é mais complexa do que pode parecer à primeira vista. É menos sustentável do que quer fazer crer o "ambientalismo de mercado" promovido por seus integrantes. Está mais envolvida com as transações políticas tradicionais do que quer deixar transparecer a ex-senadora acriana, com seu discurso em defesa da ética e da novidade. A criação de seu partido, apresentada como a busca pela realização de novos sonhos, não pode apagar o fato de que a ascensão política de Marina e a projeção internacional de seu nome ocorreram à custa de sonhos e projetos de outras pessoas, os quais foram sendo destruídos nesse caminho. Essa profunda transfiguração faz com que Chico Mendes, aquele que apareceu no início dessa história, não tenha mais lugar na rede de Marina, a despeito das tentativas cínicas de associação de seu nome às "soluções" do capital para a crise ecológica, já que o líder seringueiro lutou contra esse sistema até o fim de sua vida. Marina encontrou outro rumo, outra "turma", só não percebe quem não quer enxergar.

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[1] Pronunciamento no Senado Federal, em 15/10/1998. Disponível em:
http://www.senado.gov.br/atividade/pronunciamento/detTexto.asp?t=232864
[2] Revista da Marina. Publicação do Gabinete da Senadora Marina Silva, 2001.
[3] No período em que o tema foi debatido no Congresso, Fábio Vaz de Lima, marido de Marina, era assessor parlamentar de Sibá Machado, suplente de Marina no Senado.
[4] "Novo código florestal na estrutura agrária brasileira". Análise de Gerson Teixeira, jornal Brasil de Fato, edição de 28/09/2012. Disponível em:http://www.brasildefato.com.br/node/10733.
[5] "Eles negociam florestas", reportagem da Revista Época, edição de 10 de dezembro de 2012, p. 102.
[6] "Grupo Maggi inicia venda de soja com selo verde". Jornal Valor Econômico, 16/06/2011. Disponível em:
http://www.grupoandremaggi.com.br/wp-content/uploads/2012/06/rtrs1.pdf
[7] Fábio Vaz Lima, marido de Marina, esclarece a importância da WWF para o Acre nesse vídeo, em que apresenta um projeto feito pela ONG em parceria com a SKY Reino Unido: http://www.youtube.com/watch?v=6qQZ0pdZHaQ
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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Drone, inteligência artificial sem patriotismo, sem loucura e sem-vergonha --- Rede da CIA dos “deixados-atrás” do exército e serviços de informação secretos --- Mesquinhez, desespero, desdém ou incompetência? Ou tudo isso faz parte do pacote mensalão do PIG para a orientação editorial? --- Pré-Sal: E agora?! Quem irá nos defender?!

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De...
Boletim de Atualização - Nº 325 - 25/10/2013
...para a PressAA...

24/10/2013

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Que estranhos condicionamentos culturais levam ao horror diante dos atentados suicidas, e à indiferença às mortes impostas por controle remoto?

Por Grégoire Chamayou, do Le Monde Diplomatique, edição francesa | Tradução:Antonio Martins

Para mim, o robô é nossa resposta ao atentado suicida” Bart Everett1


Dois relatórios muito tardios – um da Anistia Internacional, outro da Human Rights Watch – focaram, esta semana, uma das marcas da degradação política de nossos tempos: os drones, aviões sem pilotos usados pelo governo dos EUA para assassinar supostos terroristas. Os documentos revelaram algo alarmante.

Até mesmo a alegação capenga, segundo a qual os mortos são criminosos (como se isso tornasse aceitável executá-los…), é falsa. Já se sabia que parte das vítimas é assassinada por adotar “atitude suspeita”; e que os EUA efetuam, às vezes, um segundo disparo – voltado contra a população local, quando ousa socorrer eventuais sobreviventes ou participa do funeral dos mortos. Mas isso não é tudo.

O relatório da Anistia narra, com riqueza de detalhes, episódios grotescos e até o momento inexplicáveis, sabendo-se da altíssima precisão das câmeras e do equipamento de disparo dos drones. Em 2012, na zona fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão, dois mísseis disparados em sequência mataram Mamana Bibi, esposa de um diretor de escola aposentado, e feriram seis de seus netos. Na localidade de Zowi Sidgi, situada na mesma região, dezoito homens e adolescentes (alguns com 14 anos)sucumbiram a um único disparo, enquanto conversavam numa sombra. Ao todo, em menos de dez anos, os drones já mataram entre 2 mil e 4,7 mil pessoas, segundo uma terceira organização ocidental: o Bureau de Jornalismo Investigativo. É um número cerca de quinze vezes maior que o total de mortes provocadas pela ditadura brasileira, em duas décadas…

O motor político que impulsiona esses assassinatos é conhecido. Desde a edição do Patriot Act, pouco após os atentados de 11 de Setembro de 2001, os EUA tornaram-se, em parte, um Estado policial. É esta lei – sancionada por George Bush e mantida no governo de Barack Obama – que abre espaço, entre outros atentados ao Direito internacional, à espionagem de chefes de Estado de outros países; á detenção de prisioneiros sem qualquer perspectiva de julgamento; ou à liquidação de seres humanos considerados “combatentes inimigos”. Mas quais as causas culturais e psicológicas da indiferença da opinião pública ocidental, diante destes atentados?

No texto a seguir, o filósofo francês Grégoire Chamayou parte em busca de respostas. Ele inspira-se em Walter Benjamin. Já nos anos 1930, o filósofo alemão preocupava-se com as máquinas de matar à distância. Via-as como símbolo máximo do que chamou de “segunda técnica” – a que aparta ao extremo o ser humano das consequências de seus atos.

Ao seguir as pegadas de Benjamin, Chamayou toca numa ferida extremamente incômoda. Ele compara a atitude de repulsa do Ocidente em relação aos homens-bombas islâmicos (ou aos matadores de aluguel, para ficar num exemplo mais próximo) com nossa dificuldade de sentir empatia pelas vítimas dos drones. Que ocorreu: teremos assimilado a ideia de que são mais “limpos” e menos repugnantes os assassinatos à distância – em que os matadores estão livres de qualquer contato com suas vítimas, além de permancer anônimos? Este alheamento será ainda maior pelo fato de os mortos estarem imersos em culturas distintas da nossa, viverem em regiões remotas, não serem notícia nos jornais? Nosso apreço ético pela vida humana estará se reduzindo a uma espécie da amor-próprio, que já não atribui humanidade ao “Outro”? Fique com o texto perturbador de Chamayou… (A.M.)

O filósofo Walter Benjamin refletiu sobre os drones, os aviões radiocomandados que os pensadores militares imaginavam já em meados dos anos 1930. Eles permitiram-lhe ilustrar a diferença entre o que chamava de “primeira técnica”, que remonta à arte pré-histórica, e a “segunda técnica”, característica da indústria moderna. O que as distinguia, a seus olhos, não era tanto o arcaismo ou inferioridade de uma em relação à outra – mas uma “diferença de tendência”. “A primeira compromete o ser humano, tanto quanto possível; a segunda, o menos possível. O cúmulo da primeira, se ousamos dizer, é o sacrifício humano; o da segunda seria o avião sem piloto, dirigido à distância por ondas hertzianas2”.

De um lado, as técnicas do sacrifício; de outro, as do jogo. De um lado, o compromisso total; do outro o descompromisso total. De um lado, a singularidade de um ato vivo; de outro, a reprodutibilidade indefinida de um gesto mecânico. “De uma vez por todas – foi a divisa da primeira técnica (seja por meio do erro irreparável, seja do sacrifício da vida eternamente exemplar). Uma vez apenas não é nada – é a divisa da segunda técnica (cujo objetivo é repetir à exaustão suas experiências3”. De um lado, o kamikaze, autor do atentado-suicida, que se precipita de uma vez por todas, numa única explosão; do outro, o drone, que lança seus mísseis repetidamente, como se fosse um gesto banal.

Enquanto o gesto kamikaze implica a fusão completa do corpo do combatence e sua arma, o drone assegura a separação radical. Kamikaze: meu corpo é uma arma. Drone: minha arma é sem corpo. O primeiro implica a morte do agente. O segundo a exclui de modo absoluto. Os kamikazes são os homens da morte certa. Os pilotos de drones são os da morte impossível. Neste sentido, eles representam dois polos opostos sobre o espectro da exposição à morte. Entre ambos, há os combatentes clássicos, os homens que arriscam a morte.

Fala-se de atentados suicidas, mas, qual seria seu antônimo? Não existe expressão específica para designar os que podem matar por explosão sem jamais exporem suas vidas. Não apenas não lhes é necessário morrer para matar; sobretudo, é impossível, para eles, serem mortos, ao matar.

Sacrifício ou preservação de si

Ao contrário do esquema evolucionista, que Benjamin sugere, na verdade, apenas para melhor subvertê-lo, kamikaze e drone, arma de sacrifício e arma de autopreservação, não se sucederam de modo cronologiamente linear, um substituindo o outro, como a história à pré-história. Eles emergiram de modo conjunto, como duas táticas opostas que historicamente se contrapõem.

Em meados dos anos 1930, Vladimir Zworykin, um engenheiro da Radio Corporation of America (RCA), inquietou-se ao extremo quando leu um artigo sobre o exército japonês. Os nipônicos, soube ele, haviam começado a formar esquadrões de pilotos para aviões-suicidas. Bem antes da trágica surpresa de Pearl Harbour, Zworykin havia compreendido a amplitude da ameaça. “A eficácia deste método, é claro, ainda precisa ser demonstrada, mas se um treinamento psicológico das tropas neste nível fosse possível, este exército seria uma dos mais perigosos. Como dificilmente podemos esperar que algo semelhante seja introduzido em nosso país, devemos recorrer a nossa superioridade técnica para resolver o problema”4. Na época, já existiam, nos Estados Unidos, protótipos de “aviões radiocontrolados” que podiam servir de torpedos aéreos. Mas havia um problema: estes engenhos telecomandados eram cegos: eles “perdem eficácia assim que se rompe o contato visual com a base que os dirige. Os japoneses, ao que parece, encontraram uma solução para este problema”. Sua solução era o kamikaze: como o piloto tem olhos, e está preparado para morrer, ele pode guiar a máquina até o fim, rumo ao alvo.

Mas Zworykin também era, na RCA, um dos pioneiros da televisão. E a solução estava ali. “Um meio possível de obter praticamente os mesmos resultados do piloto-suicida consiste em equipar o torpedo radiocontrolado com um olho elétrico5. O operador estaria, então, em condições de enxergar o alvo até o fim e de guiar visualmente a arma, por comando de rádio, até o ponto de impacto.

Não deixar na cabine do avião nada além da retina elétrica do piloto, seu corpo recuado em outro lugar, fora do alcance das defesas antiaéreas inimigas. A partir deste princípio, o da acoplagem entre a televisão e o avião telecomandado, Zworykin descobriu a fórmula que iria se converter, bem mais tarde, em smart bomb (“bomba inteligente”) e, ao mesmo tempo, drone armado.

O texto de Zworykin é notável porque concebe o ancestral do drone – já numa das primeiras formulações teóricas – como o anti-kamikiaze. Não apenas do ponto de vista lógico (o da definição) mas também, e sobretudo, no plano tático: é a arma-resposta, tanto como antídoto quanto como estrela gêmea. Drone e kamikaze constituem duas opções práticas opostas, para resolver um único problema, o de dirigir a bomba até seu alvo. O que os japoneses acreditaram realizar por meio da superioridade de sua moral de sacrifício, os norte-americanos obterão pela supremacia de sua tecnologia material. O que os primeiros esperavam alcançar pela via do treinamento psicológico, será efetuado pelos segundos por procedimentos de pura técnica. A gênese conceitual do drone se dá numa economia ético-técnica da vida e da morte em que o poder tecnológico assume o lugar de uma forma de sacrifício inexigível. De uma lado, combatentes valorosos, prontos a sacrificar-se pela causa; de outro, máquinas-fantasmas.

O antagonismo entre kamikaze e telecomando está vivo hoje. Atentados-suicidas contra atentados-fantasmas. A polaridade é, em primeiro lugar, econômica. Ela opõe os que possuem o capital e a teconologia aos que só têm seu corpo como arma de combate. A estes dois sistemas materiais e táticos correspondem dois sistemas éticos – ética do sacrifício heróico de um lado; ética da preservação vital, do outro.

Drone e kamikaze contrapõem-se como dois padrões opostos da sensibilidade moral. Dois ethos que se enfrentam num espelho em que cada um é, ao mesmo tempo, antítese e pesadelo do outro. O que está em jogo nesta diferença, ao menos na superfície aparente, é uma certa concepção das relações diante da morte – a sua e a de outros –, do sacrifício ou da preservação de si, do perigo e da coragem, da vulnerabilidade e da destrutividade. Duas economias políticas e afetivas da relação com a morte – uma em que alguém a inflige, outra em que alguém se expõe a ela. Mas também duas concepções opostas do horror, duas visões do horror.

Richard Cohen, editorialista do Washington Post, expôs seu ponto de vista. “Os combatentes talibans vão além de não apreciar a vida, eles a desperdiçam gratuitamente em atentados suicidas. É difícil imaginar um kamikaze americano6. Ele insiste: “Não existe um kamikaze americano. Nós não exaltamos os autores de atentados-suicidas, nós não apresentamos seus filhos diante das câmeras de TV para que outras crianças as invejem. Para nós, isso é incômodo; provoca calafrios. É repugnante”. E acrescenta, complacente: “Mas talvez tenhamos nos apegado demais à vida7.

“Incomodar”, “provocar calafrios”, “repugnar” é, portanto, morrer na luta e glorificar-se por isso. O velho ídolo do sacrifício gerreiro, que cai de seu pedestal e é imediatamente saqueado pelo inimigo, converte-se no pior dos frustrados, no cúmulo do horror moral. O sacrifício, incompreensível e ignóbil, é automaticamente interpretado como desprezo à vida – sem levar em conta que ele talvez implique, mais que isso, desprezo à morte. E se opõe a ele uma ética de suposto amor à vida – da qual o drone é, sem dúvida, a expressão acabada.

Firula final, concede-se que “nós” prezamos tanto a vida que às vezes nos apegamos a ela de modo excessivo. Um amor demais, que seria desculpável se tanta autocomplacência não fizesse suspeitar de amor próprio. Porque, ao contrário do que o autor sustenta, são as “nossas” vidas – e não “a” vida em geral que amamos. Se um kamikaze norte-americano é inconcebível, lugar-nenhum no mapa do pensável, é porque seria um oxímoro. A vida, aqui, não saberia negar a si mesma. E com razão: ela só nega a dos outros.

Quem é covarde?

Interrogado por um jornalista interessado em saber se é “verdade que os palestinos não se preocupam com a vida humana, nem sequer a dos mais próximos”, Eyad El-Sarraj, diretor do programa de saúde mental de Gaza, deu a seguinte resposta: “Como você pode acreditar em sua própria humanidade, se não acredita na humanidade do inimigo8”?

Horror por horror, por que matar sem se expor a perder a vida seria menos horrível que fazê-lo compartilhando a mesma sorte das vítimas? Em quê uma arma que permite matar sem perigo algum seria menos repugnante que o oposto? A acadêmica britânica Jacqueline Rose, espantada pelo fato de que “despejar bombas de fragmentação é considerado pelos governantes ocidentais menos repugnante e, além disso, moralmente superior”, interroga-se: “A razão pela qual morrer com sua vítima deve ser considerado um pecado maior que poupar a própria vida ao matar não está clara”9. Hugh Gusterson acrescenta: “um antropólogo que viesse de Marte poderia notar que muitos, no Oriente Médio, ressentem-se dos ataques de drones norte-americanos exatamente como Richard Cohen [o editorialista do Washington Post] diante dos atentados suicidas. Os ataques de drones são vistos amplamente como covardes, porque seus pilotos matam gente em terra a partir do espaço seguro de um casulo climatizado em Nevada, sem o menor risco de ser morto por aqueles que ataca10.”

O antropólogo Talal Asad sugere que o horror suscitado pelos atentados suicidas nas sociedades ocidentais repousa no fato de que o autor do crime, por meio de seu gesto, interdita a priori qualquer mecanismo de justiça retributiva. Ao morrer com sua vítima, ao coagular num único ato crime e castigo, ele torna a punição impossível e desativa o recurso fundamental de uma justiça pensada a partir de lógica penal. Ele não poderá jamais “pagar por aquilo que fez”.

O horror suscitado pela ideia de morte provocada por máquinas sem piloto tem, é claro, algo de similar. “O operador do drone”, prossegue Gusterson, “é igualmente uma imagem-espelho do atentado suicida no sentido em que também se afasta, mesmo em direação oposta, de nossa imagem paradigmática do combate.”
 -
1 Diretor de robótica no Centro dos Sistemas de Guerra Naval e Espacial de San Diego (Spawar). Citado por Peter W. Singer, Wired for War : The Robotics Revolution and Conflict in the 21st Century, Penguin Books, Nova York, 2009.
2 Walter Benjamin, A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica, 1955,disponível na internet.
3 Ibidem
4 Vladimir K. Zworykin, “Flying Torpedo with an Electric Eye” [“Torpedo voador com olho elétrico”], 1934, em Television, vol. IV, RCA, Princeton, 1947.
5 Ibidem
6 Richard Cohen, “Obama needs more than personality to win in Afghanistan”, The Washington Post, 6/10/2009.
7 Richard Cohen, “Is the Afghanistan surge worth the lives that will be lost?”, The Washington Post, 8/12/2009.
8 “Suicide bombers: Dignity, despair, and the need for hope”. Entrevista com Eyad El Sarraj”, Journal of Palestine Studies, Washington, vol. 31, nº 4, verão de 2002 (citado por Jacqueline Rose, em “Deadly embrace”, London Review of Books, vol. 26, nº 21, 4/11/2004.
9 Ibidem
10 Hugh Gusterson, “An American suicide bomber?”, Bulletin of the Atomic Scientists, 20/1/2010.
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O Brasil e as “potências emergentes”Importantes econômica e geopoliticamente, BRICS estabelecerão diversas parcerias. Mas não uma aliança estratégica, por ocuparem posições díspares no cenário. Por José Luís Fiori (Outras Palavras)

Jornadas de junho: três enganos e uma hipótese
Conjuntura rara permitiu que setores sociais com interesses opostos estivessem juntos nas ruas. Tensões maiores virão no futuro próximo. Por Luís Fernando Vitagliano (Outras Palavras)

Assim os ricos evitam impostos
Breve roteiro para começar a compreender três mecanismos principais da fuga fiscal: leis que privilegiam elites, comércio exterior fraudulento e paraísos fiscais. Por Clair Hickmann, Dão Real dos Santos Marcelo Oliveira, no Le Monde Diplomatique (Outras Mídias)

A longa resistência da Favela do Moinho
Acossados por incêndios, incursões violentas da política e tentativas de dividi-los, moradores resistem a planos da prefeitura e governo estadual para entregar seu terreno à especulação. Por Sabrina Duran e Fabricio Muriana, no Reporter Brasil (Outras Mídias)

Nova tática do MPL para garantir Direito à Mobilidade
A partir desta semana, em S.Paulo, movimento vai às periferias e articula luta pela tarifa zero com reivindicações da população relacionadas a transporte público. No site Periferia em Movimento (Outras Mídias)

E se os testes de cosméticos fossem feitos em humanos?
Uma instalação em Londres questiona: Vale a pena criar novas marcas de batom ou rímel, se o preço for infligir sofrimento constante aos animais? Por Carlos Merigo, no B9 (Outras Mídias)
Coragem disfarçada de avó
Faz voz fina e mimos para netos. Criou sozinha seis filhos. Enfrentou ditadura e pistoleiros. Agora, luta contra trabalho escravo. Crônica de Ana Aranha (Outras Palavras)
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No blog da redecastorphoto...


25/10/2013[*] Pepe EscobarAsia Times Online – The Roving Eye.
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu                     Bandar Bush bin Sultan


O esporte geopolítico favorito du jour é desconstruir as razões pelas quais a Casa de Saud – o casamento da monarquia hiperabsoluta e de fanáticos wahabistas – pirou completamente, com o inefável Bandar Bush na linha de frente.

Estão aterrorizados ante a possibilidade de que o Muro de Desconfiança, de 34 anos, entre Washington e Teerã, finalmente venha abaixo. Estão aterrorizados ante o risco de aqueles infiéis norte-americanos recusem-se a fazer a guerra para a “nossa” mudança de regime contra a Síria. Estão aterrorizados ante a crítica (leve) contra a repressão linha duríssima no Bahrain (que os sauditas invadiram, em 2011, por falar nisso). Detestam mortalmente o culto norte-americano àquela divindade – a democracia – que permitiu que os EUA abandonassem tiranos amigos na Tunísia e no Egito (a Líbia é diferente; o rei Abdullah queria Gaddafi detonado desde, no mínimo, 2002).

A Casa de Saud está tão doidamente furiosa com o governo Obama, que até “todas as opções” estão previstas “sobre a mesa”. O que obriga a perguntar: e se Riad estiver realmente sonhando com pivotear-se para a China?

O “socialismo com características de mercado” como Pequim autodescreveu-se precisa muitíssimo do petróleo saudita; afinal, a Casa de Saud já é o principal fornecedor da China. O rei Abdullah olha para o leste e o que vê é uma superpotência aspirante, abarrotada de dinheiro ilimitado, a qual jamais sonhará com intervir em assuntos internos dos sauditas, para nem falar de considerar ideias de Primavera Árabe.

Hu Jintao (então presidente da China) visita o Rei Abdullah da Arabia Saudita em 2009
Imaginem então o rei Abdullah moribundo sonhando com um eixo Riad-Pequim como seu legado – com o benefício extra embutido de deslocar o Irã, inimigo mortal, fazendo do Irã problema de segurança nacional dos chineses (embora Pequim, com certeza, toma a coisa como a proverbial situação de ganha-ganha, interessada em comprar ainda mais gás dos sauditas, enquanto continua comprando mais gás do Irã).

Petrodólar perde valor...
Dollar Toilet Paper
PetroYuan?

SÁBADO, 26 DE OUTUBRO DE 2013


24/10/2013, [*] Pepe EscobarRussia Today
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Paquistaneses protestam com slogans anti-EUA, em manifestação em Karachi, dia 23/10/2013,
contra os ataques de
 drones dos EUA, na região tribal do Paquistão (Foto: Asif Hassan, AFP)
Obama sequer mencionou os “drones” [1], quando conversou com a imprensa, depois de reunir-se com o primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif. A culpa então será toda de Islamabad? Na verdade, não.

O primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif chegou para o encontro com o presidente Barack Obama na Casa Branca, com uma forte, destacada prioridade: por favor, senhor presidente, ponha fim na sua guerra de drones no meu país.
(Para ler artigos completos, clique nos títulos)

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Para (re)ler e melhor entender o momento atual...


Operação Gladio: Rede da CIA dos “deixados-atrás” do exército e serviços de informação secretos


Terça-feira, 17 de novembro de 2009


O “sacrifício” de Aldo Moro

por Andrew G. Marshall

Pela OTAN, trabalhando com várias agências de inteligência européias, a CIA construiu uma rede dos que foram deixados atrás “dos serviços secretos” responsáveis por dúzias de atrocidades terroristas através de Europa ocidental por décadas. Este relatório estará focado no exército deixado atrás na Italia, porque é o mais documentado. O nome de código era Operação Gladio, a “espada”.

Uma vista geral

A finalidade das tropas “deixadas atrás”

No inicio dos anos 50, os Estados Unidos começaram a treinar redes dos “deixados atrás” dos voluntários na Europa ocidental, de modo que no caso de uma invasão soviética, “recolhessem a inteligência, abrissem vias de fuga e formassem movimentos de resistência.” A CIA financiou e educou estes grupos, trabalhando mais tarde com unidades de inteligência militar européias ocidentais sob a coordenação de um comitê da OTAN. Em 1990, os investigadores italianos e belgas começaram pesquisar as ligações entre estes “deixados atrás dos exércitos” e a ocorrência do terrorismo na Europa ocidental por um período de 20 anos. [1]

“Exércitos secretos” ou grupos terroristas?


Estes que “permaneceram atrás” dos exércitos conspiraram, financiaram e frequentemente dirigiram organizações terroristas durante toda a Europa no que foi denominado uma “estratégia de tensão” com o alvo de impedir uma ascensão da esquerda na política européia ocidental. Os “exércitos secretos” da OTAN conduziram atividades subversivas e criminais em diversos países. Na Turquia em 1960, o deixados-atrás do exército, trabalhando com o exército turco, encenou golpes de estado e matou o primeiro ministro Adnan Menderes; na Argélia em 1961, o deixados-atrás do exército francês encenou um golpe com a CIA contra o governo francês de Argel, que eventualmente malogrou; em 1967, o exército gregodeixado-atrás encenou um golpe e impôs uma ditadura militar; em 1971 na Turquia, após um golpe militar, o deixados-atrás do exército organizou “o terror doméstico” e matou centenas; em 1977 na Espanha, o deixados-atrás do exército realizou um massacre em Madrid; em 1980 na Turquia, o lider do deixados-atrás do exército encenou um golpe e tomou o poder; em 1985 em Bélgica, o deixados-atrás assassinou aleatoriamente pessoas nos supermercados, matando 28; na Suiça em 1990, o anterior líder do deixados-atrás escreveu ao departamento de defesa dos E.U. que revelaria “toda a verdade” e foi encontrado morto no dia seguinte com sua própria baioneta; e em 1995, a Inglaterra revelou que o MI6 e o SAS ajudaram na instalação dos deixados-atrás dos exércitos através de toda a Europa ocidental. [2]

(Para ler completo, clique no título)

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Publicado em 23/10/2013

E QUEM VAI DEFENDER O PRÉ-SAL ?


Os EUA relançaram a 4ª Frota porque o pré-sal pode ir até a costa ocidental da África.

Com o pré-sal, o Brasil será o quarto maior produtor de petróleo do mundo.

A Arábia Saudita, a primeira, tem a bomba atômica americana para defende-la.

A Rússia tem bomba atômica.

A Rússia bota na cadeia manifestante do Greenpeace que tenta depredar patrimônio russo.

Dá asilo ao Snowden.

E o Putin escreve um artigo no New York Times, manda o Obama deixar o Assad da Síria em paz e o Obama deixa. 

Porque tem bomba.

Os Estados Unidos, o terceiro produtor, têm 32 mil 500 bombas atômicas e de hidrogênio.

Os Estados Unidos reativaram a 4ª Frota para patrulhar o Atlântico, porque o pré-sal brasileiro, provavelmente, se estende até a costa Ocidental da África.

(E não é à toa que o Nunca Dantes vive lá …)

Os Estados Unidos querem montar uma base militar no Paraguai.

Montaram uma na Colômbia que vai permitir que caças voem até o Ártico sem se reabastecer.

Entre 2006 e 2011, os gastos militares americanos corresponderam a 46% da receita de impostos do país.

Se somar os gatos com Energia, Tesouro, Veteranos de Guerra, CIA, NSA, os Estados Unidos devem gastar U$$ 1 trilhão por ano em Defesa.

Os Estados Unidos gastam seis vezes mais em Defesa que o segundo colocado, a China !

Os Estados Unidos gastam metade dos gastos do mundo em Defesa.

(Dados extraídos de “The Capitalism Papers – Fatal Flaws of an Obsolete System”, de Jerry Mander, Editora Counter Point, Berkeley, 2012, Capítulo VIII, “A Propensão à Guerra”.

Com a devida autorização do dos chapéus – correspondente da Amazon no Brasil – em quinze dias esse livro pode chegar à casa do amigo navegante, por uns US$ 20.) 

O Brasil não tem bomba atômica.

O Collor e o Fernando Henrique assinaram o Tratado de Não-Proliferação, ou seja, tiraram os sapatos.

O Brasil tem a maior costa Atlântica, onde se deposita a Amazônia Azul.

O Brasil é a quinta economia do mundo e o décimo país em gastos com Defesa: gasta 1,5% do PIB.

É o país dos BRICs que menos gasta com Defesa.

Clique aqui para ler “Dilma, Amorim e a Defesa Nacional”, sobre  o “Livro Branco da Defesa Nacional”.

O Brasil investe em submarinos movidos a energia nuclear, constrói satélites e veículos lançadores de satélites.

Tem urânio e sabe enriquecer urânio.

Mas, não tem condições de defender o petróleo, militarmente.

E se, como se suspeita, tenha mais libras e mais Santos embaixo da Amazônia Azul ?

E se houver petróleo na Amazônia ?

O Brasil, agora, tem que discutir uma política de Defesa.

Comprar caças – onde os americanos não devem meter o dedo, como disse uma fonte do Mino Carta (quem será, hein ?) – rapidamente.

Exigir transferência de tecnologia e se tornar um produtor e exportador de produtos de Defesa.

Se o Brasil sai, progressivamente, da órbita estratégica dos Estados Unidos – para desespero dos colonistas (*) de muitos e de poucos chapéus – e se aproxima da China (em Libra, especialmente) e da Rússia, não pode contar com eles, nem com ninguém, para defender seu patrimônio energético.

Vencida a batalha do pré-sal – bye-bye tucanos, que o peso da irrelevância lhes se já leve -, chegou a hora de armar o Brasil.

E deixar de pudores.

Pacifismos bláblárínicos.

O jogo do petróleo é bruto.

Quantas cabeças rolaram, da Pérsia à Argentina, por causa do ouro negro.

Nossa Defesa tem que ser mais que dissuasória, como diz o Livro Branco do Ministro Celso Amorim.

Ela tem que ser ostensiva.

Para uso imediato.

E expressiva.

Do tamanho do petróleo brasileiro.

Em tempo: enquanto não se tem a bomba.

Paulo Henrique Amorim


(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
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Boletim Carta Maior - 26 de Outubro de 2013
          





























Caravana Agroecológica

Logo na entrada da cidade de Apodi há um outdoor que registra: "a Chapada do Apodi é território da agricultura familiar camponesa".

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Mesquinhez, desespero, desdém ou incompetência? Ou tudo isso faz parte do pacote mensalão do PIG para a orientação editorial?


JN não divulga Ibope
Os principais sites de esquerda do Brasil criticaram a ação, digo, a falta dela, em relação ao telejornal mais famoso do País, o Jornal Nacional, em relação a não divulgação da pesquisa Ibope, divulgada nesta quinta-feira (24) em que mostra a vitória da presidenta Dilma Rosseff em todos os cenários para corrida presidencial do ano que vem.
De acordo com o Pragmatismo Político e o portal Brasil247, a direção de jornalismo da Globo teria chegado a conclusão de que essa notícia não merecia nem 30 segundos no JN.
No entanto os analistas políticos da toda poderosa Organizações Globo, acharam por bem colocar em pauta o assunto no GloboNews, onde o público é bem mais restrito.
A pergunta que ficou no ar, e os petistas jamais vão querer saber na prática é: teria sido assim se, em vez de vencer em primeiro turno, Dilma caísse na pesquisa?

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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Novíssima Ordem Mundial: Mirem-se no exemplo daquelas cadelas de Atenas --- Conheça um pouco mais Romário e defenda-se de político malandro coca-cola, dê um sacode no cara nas urnas --- Roni Chira: Serra, Marina e PIG x Dilma. E o Povo? --- Professor Carlos Lungarzo e o Caso Norambuena

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EUA JÁ FAZEM LOBBY CONTRA PARCERIA BRASIL-RÚSSIA




Tradicional porta-voz de interesses norte-americanos, a revista Veja desdenha de uma eventual associação entre Brasil e Rússia na área de defesa; "a compra ou aluguel de caças russos seria um pesadelo", diz a publicação; recentemente, um encontro entre o ministro da Defesa, Celso Amorim, e seu colega russo deu vazão ao rumor de que a Aeronáutica poderá comprar os caças Sukhoi no lugar dos americanos F-18; jogo é pesado
26 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 20:20


247 - Uma negociação bilionária, que se arrasta há quatro governos, para a compra de caças para a Aeronáutica voltou a movimentar lobbies poderosos na imprensa. Neste fim de semana, a revista Veja, tradicional porta-voz de interesses norte-americanos, se posiciona contra uma eventual parceria entre Brasil e Rússia na área de defesa.

Indo direto ao ponto, a publicação afirma que "a compra ou o aluguel de caças russos seria um pesadelo". 

Veja defende a compra, pelo Brasil, dos aviões F-18, de origem norte-americana, mesmo sem transferência de tecnologia. E afirma que a espionagem de Barack Obama sobre o governo Dilma não deveria ser um empecilho, uma vez que Angela Merkel também teria sido monitorada.


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Dilma está em um bom momento em seu governo. Mas não está reeleita. Muito menos em primeiro turno. Levando em conta os mercenários que trabalham para a direita tanto nas ruas, quanto nas redes sociais (em ambos os casos “mascarados”, aliás) e levando em conta a raspa do tacho do Mentirão que guardam para ventilar na véspera, é mais provável que Marina nos leve ao segundo turno, onde Serra, com seus coices e trapaças habituais, deverá enfrentar Dilma.
Já viu esse filme? Mesmo assim, pode ter cenas inéditas nesta sua quarta versão. Todo cuidado é pouco. O fascismo espreita e já faz suas “intervenções” pelas ruas. Os idiotas de ultra direita descobriram e também infestam a rede mundial com palavras de ordem anti-democráticas.
A ausência das americanas Exxon, Chevron e outros tubarões do petróleo no leilão da partilha de Libra, somada às acusações cada vez mais graves de espionagem indiscriminada em todo o planeta, mostram que os EUA, ou ao menos seu atual governo, não controlam mais sua (ex)colônia tropical, ou ao menos, seu atual governo. A aproximação comercial com os chineses é inversamente proporcional ao distanciamento entre Brasil e EUA. Comunismo à parte.
Sem opções diplomáticas (Dilma cancelou visita oficial e repercutiu mundialmente) e desmoralizados, os EUA podem voltar a fazer o que já fizeram no passado, em 64, assumindo de vez sua verdadeira identidade: são patrocinadores circunstanciais de golpes de estado, terrorismo, desestabilização de governos, etc. Além disso, têm um desejo insaciável: controlar o fluxo do “ouro negro” nos quatro cantos do planeta. E em qualquer profundidade de onde é extraído…

(Para ler artigo completo, clique no título)

Roni Chira: nasci no líbano,
acordei em são paulo.
sou designer gráfico profissional
e músico amador

Colabora eventualmente com esta nossa Agência Assaz Atroz
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(a Folha em 1984)

Caí de amores pela Folha de S.Paulo aos 17 anos, em 1984, quando entrei na faculdade e o jornal apoiou a campanha pelas Diretas-Já. Até então, menina do interior da Bahia, não conhecia bem a grande imprensa. O jornal que estampava em sua primeira página o desejo de todos nós, brasileiros, de votar para presidente, me cativou. Como para vários da minha geração, trabalhar na Folha se tornou um sonho para mim.

E de fato trabalhei no jornal, entre idas e vindas, quase 10 anos. Tive espaço, ótimas oportunidades, conheci de perto figuras incríveis: Ulysses Guimarães, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Leonel Brizola, Lula. E principalmente: na Folha escrevi como quis –ninguém nunca mudou meu texto e jamais adicionaram nem uma frase sequer que eu não tenha apurado, ao contrário do que viveria nos oito meses que passei na Veja (leia aqui).

Em 2009 meu respeito pela Folha morreu. Naquele ano, o jornal publicou um artigo absolutamente execrável acusando Lula de ter tentado estuprar um companheiro de cela, um certo “menino do MEP” (antiga organização de esquerda), quando esteve preso, em 1980. Qualquer pessoa que lê o texto percebe que Lula fez uma brincadeira (de mau gosto, ok), mas o autor do artigo não só levou a sério, ou fez de conta que levou a sério, como convenceu o jornal a publicar aquele lixo.

Como eleitora de Lula, aquilo me incomodou. Por que nunca fizeram algo parecido com outro político? Por que o jornal jamais desceu tão baixo com ninguém? Apontar erros, incoerências, fazer oposição ao governo, vá lá. Dizer que Lula estuprou uma pessoa! Por favor. Me pareceu que alguém na direção do jornal estava sob surto psicótico ao permitir que algo assim fosse impresso. Vários amigos da Folha me confidenciaram vergonha e indignação com o texto.

Continuei a ler o jornal nestes últimos quatro anos mais por hábito do que por outra coisa. Quando veio o editorial em que a ditadura foi chamada de “ditabranda” não fiquei surpresa. Quando a Folha publicou a ficha falsa da candidata Dilma Rousseff no DOPS quando atuou na luta armada, tampouco. A minha própria ficha já tinha caído, lá atrás. O jornal a favor das Diretas-Já deixara de existir –ou será que nunca existiu? Afinal, antes disso a Folha havia apoiado o golpe militar. Terei eu caído num golpe –de marketing?

Hoje, 24 de outubro de 2013, tomei a iniciativa de cancelar minha assinatura da Folha de S.Paulo. O jornal acaba de contratar dois dos maiores reacionários do País para serem seus “novos” colunistas. Não é possível, para mim, seguir assinando um jornal com o qual não tenho mais absolutamente nenhuma identificação. Pouco importa que minha saída não faça diferença para o jornal: é minha grana, trabalho para ganhá-la, não vou gastá-la em coisas que não valem a pena. O mundo não é capitalista? Pois não quero, com meu dinheiro, ajudar a pagar gente que me causa vontade de vomitar.

O mais triste é que, ao deixar de assinar a Folha, deixo também de ler jornais impressos. Nenhum deles me representa. Esta é literalmente uma página que viro, dá a sensação de que perdi um amigo querido. Mas a vida é assim mesmo: às vezes amigos tomam rumos diferentes. Sem rancores.

Publicado em 24 de outubro de 2013
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O Caso Norambuena

Contexto Geral

Carlos A. Lungarzo

Mauricio Hernández Norambuena (MHN), nascido no Chile em 1958, membro de uma família de cientistas e professores, é um antigo militante dos movimentos de esquerda que lutaram no Chile contra a segunda mais cruenta ditadura do Ocidente, a de Augusto Pinochet. (A primeira foi a de 1976 na Argentina). Era formado em educação física, trabalhou como professor e ganhou vários prêmios por suas atividades desportivas.

MHN viajou por vários países da América Latina e colaborou com os movimentos antiditatoriais desses lugares. Durante a segunda parte da ditadura chilena, em 1983, fundou-se no Chile o Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR), com membros da esquerda alternativa e alguns antigos membros dissidentes do Partido Comunista, do qual MHN seria o vice-chefe pouco depois. Usualmente, o FPMR é chamado apenas “El Frente” pelos setores mais genuinamente de esquerda, pois a expressão “Frente Patriótico” tem um ranço nacionalista e estalinista incompatível com o marxismo e o internacionalismo.

Como sempre, os comunicadores do PIG internacional, políticos e magistrados de direita qualificam o movimento de terrorista, mas os verdadeiros cientistas sociais se referem ao Frente como far-left urban guerrilla. (vide) É fundamental ter em conta que grande parte dos membros do frente foram presos, torturados e alguns até desaparecidos nos anos seguintes. O Frente abandonou a luta armada no final da década de 80, e passou a integrar a aliança frente Juntos Podemos Mais, a coalizão de esquerda que disputou as eleições e considerou encerrada a luta armada.

O Frente fez suas primeiras ações desapropriando bens de supermercados e distribuindo-os nas favelas e também vulnerando recursos do aparato repressivo (corte de corrente nos quarteis, destruição de armas do Estado, etc.)

Em 07/09/1986, o Frente atacou Pinochet, executando cinco membros da sua comitiva e deixando o tirano levemente ferido. Pode ser discutível se isso foi um ato de “vingança revolucionária”, que, como toda vingança, é indesejável. Mas, também pode pensar-se que a morte de Pinochet naquele momento, dado o caráter personalista da ditadura, poderia ter apressado a transição para a democracia. Ambas as conjecturas são contrafactuais e, portanto, nunca saberemos qual era a posição correta, mas não há dúvida de que, pelo menos, merece reflexão.

Cabe dizer que todas as ações em que participou Norambuena no Chile, e, mais geralmente, todas as ações do Frente (mesmo aquelas nas quais não participou), consistiram em ataques e execuções contra alvos militares e figuras significativas da ditadura, torturadores e genocidas. Não houve vítimas inocentes, isso que a milicada chama com desprezo “danos colaterais”.

Também cabe indicar que, durante esse período, produziram-se em todo Chile nutridas manifestações de centenas de milhares de pessoas pedindo a queda da ditadura, o que significa que as ações do Frente não iam contra a vontade popular, como aconteceu em outros países com os grupos armados.

Quero deixar claro que estes argumentos que mostram o lado político e social do Frentenão são necessários para exigir o fim da tortura de Norambuena no Brasil, mas os utilizo para que o leitor esteja informado. Os direitos humanos valem para todos, atores de crimes políticos ou comuns, pessoas apolítica, membros da esquerda ou da direita, pessoas de qualquer idade e nacionalidade (a ideia de que um estrangeiro é um criminoso pior que o nacional é um preconceito do século XV, muito forte nos estados germânicos).

(Lembrem que os ativistas de DH protestamos contra o linchamento de Gaddafi e Saddam Hussein, apesar de ser os tiranos mais parecidos aos nazistas. Também consideramos um abuso a execução de Ben Bin Laden sem prévio julgamento, por um comando de assassinato dos EUA no Paquistão, especialmente quando al-Qā‘idah já era independente e ramificada e a figura de Laden não tinha mais influência.)

Embora este comentário seja irrelevante para este texto, parece claro que a luta armada de esquerda não deve oficializar-se, constituindo uma espécie de exército popular, porque a violência progressista só pode emergir de situações defensivas e organizar-se em movimentos democráticos, como fizeram os anarquistas na Espanha em 1936. Embora “El Frente” foi defensivo ao neutralizar vários torturadores e genocidas, ele formou internamente um sistema de quadros sujeitos a disciplina militar. Isto, como se vê em muitos outros países, leva aos que lutam pela liberdade a tornar-se formalmente parecidos com os militares profissionais, embora não cometam as mesmas atrocidades. Esta degradação da esquerda, se colocando no mesmo plano que as FFAA tradicionais, foi bem clara na Argentina, sem desconhecer que muitos de seus membros eram lúcidos e corajosos. Portanto, a defesa de Norambuena, que é caso típico de DH, não implica que aceitemos nem rejeitemos sua orientação política.

A Vingança das Elites

MHN foi a Cuba nos anos 90, onde teve algumas desavenças com Fidel Castro por causa do desvio do antigo roteiro socialista, e a falta de participação popular no governo. Finalmente, voltou ao Cone Sul e se radicou no Brasil.

Em dezembro de 2001, Norambuena, junto com um grupo de chilenos, colombianos, argentinos e brasileiros sequestraram um dos maiores magnatas da publicidade do continente, com o objetivo de obter um resgate que seria aplicado à luta guerrilheira em alguns países. O prisioneiro esteve em cativeiro durante 53 dias e ficou livre o 2 de fevereiro de 2002, quando a polícia assaltou o local onde estava sequestrado em São Paulo.

O artigo 148 do CP brasileiro estabelece uma pena máxima de prisão de 5 anos paraautores de sequestro. Isto inclui até o caso de sequestro de crianças e doentes, e casos em que o sequestrado é ferido durante sua captura. Alguns raptores têm sido condenados a penas maiores, por outros motivos: por exemplo, porque o sequestrado morreu no ato de sequestro. Qualquer um que veja TV sabe que o sequestrado por MHN não morreu.

Apesar da animosidade da mídia, dos inimigos da esquerda brasileira, e da elite empresarial, nunca foi dito que o magnata tivesse recebido coação física, salvo a de estar encerrado quase dois meses num pequeno quarto. Quando foi liberado, deu uma breve entrevista à imprensa, e seu estado físico, pelo menos de longe, parecia normal. Em sua entrevista, o mais substantivo que disse é que descobriu que os raptores não eram brasileiros,porque ninguém falou nunca do Corinthians.

Apesar disso, Norambuena foi condenado a 30 anos. Não apenas a condenação é ilegal e desproporcional, como cruel e desumana, pois ela transcorre no que, com cínico eufemismo, se chama Regime Disciplina Diferenciado (RDD). Este é um método indireto de tortura sobre o qual já falei  aqui brevemente, e também está citado no artigo recente de Celso Lungaretti. O RDD é um método insano utilizado especialmente nas teocracias orientais, mas também em estados maniqueístas como os EUA e a Itália.

O RDD brasileiro é possivelmente o pior de Ocidente, se comparado com o sistema 41 bis da Itália e os outros conhecidos nas Américas. Ele foi resultado da modificação do artigo 52 da Lei de Execuções Penais pela lei nº 10.792

O RDD viola os acordos assinados pelo Brasil contra as penas cruéis, e contra a própria Constituição que proíbe os tratos degradantes. Além disso, ele só pode ser aplicado por até 360 dias, e no caso de Norambuena já se passaram mais de 3000.

Os interessados em manter o sistema, e negam a violação da Constituição dizem que manter uma pessoa isolada (incluso com limitação de suas capacidades cognitivas) não é cruel. (!!)

Além disso, o RDD foi instalado em 2003, portanto, MHN teve uma pena que não existia na data do crime.

Quero fazer algumas reflexões.

1.   Por que, se no Brasil se exalta aos que lutaram contra a ditadura com os mesmos métodos e eles/elas podem aceder aos cargos mais altos do Estado,seus equivalentes de outros países são perseguidos e torturados?

2.   O que faria o Brasil se tivesse um caso como o de Anders Behring Breivik, que matou quase uma centena de pessoas, mas a justiça norueguesa o está submetendo a um tratamento de restituição psicológica e, em vez de estar num fétido buraco, habita um apartamento dentro de um sistema prisional moderno, onde poder ler, escrever, usar Internet, etc.?

Bom...  pensando bem, talvez no Estado de São Paulo, Brevik receberia um prêmio. Ele é neonazista.

Sugestões

1.   A pressão jurídica e política no Brasil deve continuar, como se fez no caso de Cesare Battisti. Embora haja fortes interesses na tortura e eventual morte de Norambuena, como uma advertência aos que se insubordinam contra as elites, também é verdade que há vários juristas que lideram uma campanha contra o RDD. Nesse sentido, é importante manter contatos com um significativo setor progressista da OAB que combate o RDD e também com juízes progressistas.

Há consenso de que são os tribunais superiores os que devem julgar se esta moderna e indireta forma de tortura é constitucional.

  2. Uma prova de que o caso de MHN é uma vingança extrema é que nenhum chefe do Narcotráfico sofreu RDD por tempo tão longo.

  3.  Portanto, junto com a pressão interna, deve ser feita pressão externa e buscar apoio.

1)  Pressão sobre a Comissão de DH da OEA e a Corte de Direitos Humanos da OEA (em San José de Costa Rica). Também denúncias circunstanciadas de tudo isso perante a ONU e outros organismos e ONGs internacionais.

2)  Procurar ajuda em Grupos independentes de direitos humanos no próprio Chile e na Argentina, pois ambos têm experiência em atrocidades do Estado.

3)  Redigir e publicar manifestos nas cinco principais línguas de Europa Ocidental.

Finalmente, a ajuda que o grupo reclama para MHN deve estender-se aos outros culpados por esse sequestro, que ainda amargam penas de prisão, mesmo que não seja num regime tão brutal.

Seria bom que os carrascos e neonazistas pensassem uma coisa bem singela: se a tortura, o genocídio e as masmorras medievais fossem eficientes, a Igreja teria dominado totalmente o mundo já no século XIII, e os ateus teriam desaparecido. Mas, aconteceu o contrário: surgiu a revolução Francesa, os Direitos Humanos e o socialismo. Um bumerangue. Talvez eles decidam continuar experimentando até que a população mundial acabe.
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Carlos Alberto Lungarzo foi professor titular da UNICAMP até aposentadoria e milita em Anistia Internacional (AI) desde há muitos anos. Fez parte de AI do México, da Argentina e do Brasil, até que esta seção foi desativada. Atualmente é membro da seção dos Estados Unidos (AIUSA). Sua nova matrícula na Organização é o número 2152711. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
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O futuro Prefeito do Rio
Para quem pensa em votar em Romário como Prefeito do Rio...


Antonio Santos Aquino
Romário só teve na vida um mérito: saber jogar futebol. Como cidadão, é da pior espécie. Primeiro jogou um “maracanã” de dinheiro fora por burrice e mau caratismo. Fazia qualquer tipo de negócio só para mostrar-se como empresário. Em tudo quebrava a cara.
Inaugurou um lava-jato e arranjou uma confusão com o vizinho causando-lhe prejuízo. Não quis pagar quantia irrisória, foi processado e condenado, tendo que pagar uma indenização enorme. Inaugurou um restaurante para receber a melhor freguesia. Deu com os “burros n’água”, mas para revitalizar seu restaurante mandou pintar caricaturas de Zico e Zagalo “sentados no vaso cagando”. Foi processado e condenado a pagar uma fábula em dinheiro. Depois, com a maior cara de madeira foi pedir a Zagalo e Zico que o dispensassem do pagamento.
Comprou uma cobertura por 7 milhões que em pouco tempo passou a vazar água para o apartamento de baixo. O proprietário pediu que mandasse fazer o reparo para conter a infiltração. Romário por mau caratismo criou caso, dizendo que não ia pagar. Resultado: foi processado e depois de anos teve que vender a cobertura para pagar uma grana impressionante ao vizinho prejudicado .
Depois aparece nos jornais que ele deixara de pagar a mesada para sua ex-mulher e a mesada do filho Romarinho , ficou quase um ano sem pagar, causando um constrangimento enorme para família.
ESPANCAMENTO
Fez um contrato para jogar no Fluminense, já não fazia mais nada dentro do campo e passou a ser vaiado nos treinos pela torcida. Em um dia de treino levou um bando de seguranças que no primeiro sinal de vaia espancaram aquele visado por Romário, que também saiu de campo e ajudou a espancar o torcedor. Isso registrado para todo o Brasil pela TV que cobria o treino.
Depois clandestinamente “bancou uma tal pirâmide”, tendo dado prejuízos enormes aos que nele confiaram. O maior prejudicado, depois de ver que fora lesado e encontrando Romário e seu laranja, deu-lhes uma série de bofetões. Coincidentemente, alguns meses depois a pessoa foi assassinada a tiros. O laranja de Romário foi preso e condenado, não está claro por quê. O certo é que depois de passar meses sem receber ajuda financeira, o laranja preso, no jornal “Extra” berrou: Eu não vou segurar essa parada sozinho! Possivelmente Romário entendeu.
É esse pilantra que entrou na política e quer ser prefeito, senador, presidente de partido. E o povo brasileiro continua pastando na pradaria humana e endeusando uma figura dessas.

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Comentário destacado por PressAA:

Mônica
Tudo que eu tenho visto sobre o Romário, é superficial, aparentemente ganhou pontos depois de denunciar os gastos exorbitantes com as Copas… mas agora lendo esta biografia de perto, se eu já não votaria nele antes, agora menos ainda. Uma pessoa destas não é digna do cargo que tem.
Mais PressAA: Em relação ao título, só uma perguntinha: Dá pra separar "o jogador" ou, principalmente, "o político" do "homem"?


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44º FDB - Indústrias Criativas 
Data: 29 de Outubro - a partir das 10h
Local: Porto Bay I Auditório: Flamingo
Av. Atlântica, 1500 - Copacabana
Rio de Janeiro - RJ
Programação 
Abertura - Mapeamento da economia criativa no Brasil
Marcos André Carvalho - Secretário de Economia Criativa do Ministério da Cultura 
Gabriel Bichara Santini Pinto - Coordenador do Mapeamento da Industria Criativa no Brasil, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan)
1º Painel: A indústria  de aplicativos no país
Fernando Teco Sodré - CEO da IKEWAI, holding de investimentos do setor de TIC baseada no Porto Digital

2º painel: As políticas de fomento e incentivo à cultura
Célio Turino -  Gestor de políticas públicas e idealizador dos Pontos de Cultura
Juca Ferreira - Secretário Municipal de Cultura de São Paulo
3º Painel: A produção audiovisual no Brasil
Débora Regina Ivanov - Diretora Executiva do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP)
Manoel Rangel - Diretor-Presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine)
Mauro Garcia - Diretor Executivo e Associação Brasileira de Produtores Independentes
Informações: 0800 16 99 66 Ramal 24 ou  (11) 3667-2818 ramal 24/e-mail eventos@advivo.com.br  



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24 outubro de 2013 

A presidenta Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à Rádio Itatiaia, nesta quinta-feira (24), que o governo federal avançou no cumprimento dos cinco pactos propostos após os protestos de junho. Ela citou como exemplo a sanção do programa Mais Médicos e a aprovação da destinação dos royalties do petróleo e dos recursos do Fundo Social para a educação e a saúde.
“Do ponto de vista do governo, nossa avaliação é absolutamente baseada em fatos, dados, objetiva, é que nós avançamos muito sim e cumprimos os pactos. Saúde com Mais Médicos, educação com royalties e Fundo Social, e mobilidade urbana estão avançando e fazendo o Brasil e Minas Gerais avançar”, afirmou Dilma, que ainda defendeu o direito às manifestações, mas repudiou o uso da violência e a depredação do patrimônio.
A presidenta voltou a defender que seja criado um marco civil multilateral para governança e uso da internet. O objetivo é proibir que o combate ao terrorismo seja usado como álibi para uma “guerra cibernética”. Ela lembrou a vista de Fadi Chehadé, presidente da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Icann, na sigla em inglês), que apoiou a posição brasileira e marcou um fórum global para debater o tema no Brasil em abril do ano que vem.
“Defendemos, e como fiz na ONU, que haja marco civil multilateral para governança e uso da internet. Isso implicaria numa discussão sobre a proteção dos dados da internet para impedir que qualquer movimentação de combate ao terrorismo, que não cabe ao meu caso, do Brasil ou do celular da [Angela] Merkel, seja usada como álibi para guerra cibernética. Por isso que é importante o marco internacional”, afirmou.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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O ogro Oglo e mentirologia tupiniquim

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A protestomania coxinha, o desespero da direita e a máscara black bloc da Globo

Por Davis Sena Filho  Blog Palavra Livre

Ligo a televisão e me deparo com o Mau Dia Brasil. Os apresentadores do jornal matutino e conservador da Globo e de oposição ao Governo trabalhista, Chico Pinheiro e Ana Paula Araújo, bem como a apresentadora de Brasília, Giuliana Morrone, mostram-se inconformados ao tempo que irritados com os protestos de ontem em São Paulo, quando centenas de pessoas mascaradas quebraram dezenas de lojas de pequenos empresários, além de incendiarem caminhões e ônibus na importante Rodovia Raposo Tavares, o que prejudicou enormemente um dos trânsitos mais caóticos do mundo que é o da cidade de São Paulo.

Os jornalistas do Mau Dia Brasil também se mostraram irritados com a “passeata” de apenas 15 pessoas que protestavam por causa de moradia em uma das avenidas mais importantes da capital bandeirante, o que gerou um enorme engarrafamento, a prejudicar milhares de pessoas, que de manhã se dirigem para seus trabalhos. A resumir: 15 pessoas (o número é este mesmo!) no meio de uma enorme via, a parar o trânsito e a impedir que as pessoas cheguem a seus empregos com menos tensão ou estresse.

Contudo, a imprensa de negócios privados, à frente o jornalismo da Globo, assopra e morde e essa conduta é perceptível desde as primeiras manifestações acontecidas em junho, quando parcela da classe média coxinha e reacionária percebeu que tinha uma grande oportunidade, juntamente com os Anonymous e os Black Blocs, de protestar na carona do Movimento Passe Livre (MPL), grupo organizado em um tempo de dez anos, que apresenta pautas sociais, de esquerda, como, por exemplo, o passe livre para os estudantes, melhor mobilidade, meios de transportes limpos e confortáveis, além de horários pontuais e transparência das contas dos empresários desse segmento tão importante para a sociedade.


Nunca, jamais os Black Blocs e os Anonymous apresentaram, de fato e pontualmente, quaisquer pautas de reivindicações. Sempre se conduziram de maneira aleatória, ridiculamente alienada e perigosamente violenta. Aliás, a violência contra as polícias Civil e Militar foi a tônica, porque essas corporações ficaram e ainda estão de mãos atadas. Os agentes de segurança não podem responder à altura à violência perpetrada pelos mascarados, que, em cada “protesto”, inclusive os de conotação trabalhista e de categoria profissional, a exemplo dos professores e bancários, aproveitam para destruir o patrimônio público e privado de uma forma, irrefutavelmente, criminosa.

Não há sentido para as últimas quebradeiras, a não ser para os meios de comunicação privados, que fomentam e apoiam as passeatas e os protestos, para logo depois falar mal deles, em um círculo vicioso, que atinge, inclusive, os que depredam e cometem todo tipo de violência. De fato, trata-se de uma estratégia muito bem elaborada pela direita midiática e pelos seus aliados do PSDB. Essas perspectivas não se concretizam à toa, pois a luta pelo poder é dura e renhida, pois a direita brasileira jamais vai ceder espaço ou se conformar em não ter em seu poder a cadeira da Presidência da República. A instituição-chave para a classe social e econômica que controla os meios de produção e luta, intermitentemente, para evitar a distribuição de renda, de riqueza, de empregos e de terras.

Os homens e as mulheres chamados de “especialistas” do establishment, e, comprometidos com sua suposta hegemonia de classe, perceberam que a direita brasileira, da qual eles fazem parte, está a experimentar uma decadência política e eleitoral como nunca antes aconteceu neste País, apesar da força do dinheiro e do patrimônio adquirido no decorrer de séculos de todas as formas legais e ilegais por esses grupos sociais dominantes.

A crise é evidente nesse campo político, e, consciente disso, a direita se recoloca e se apruma em entidades conservadoríssimas e exemplificadas no Instituto Millenium, dentre outras, que ideologicamente fazem o papel dos partidos conservadores, a exemplo do DEM, e, principalmente, do PSDB. Tais partidos fracassaram como matrizes e porta-vozes da ideologia conservadora, tanto nos aspectos políticos quanto nos econômicos. O castigo veio a galope. Há quase doze anos não vencem as eleições presidenciais. Sendo que, de acordo com os institutos de pesquisas, alguns deles propriedades de barões magnatas bilionários de imprensa, o candidato favorito é a socialista e trabalhista do PT, a atual presidenta Dilma Roussef.

A intenção da direita empresarial é se reorganizar, pois perceberam que o PSDB fracassou com sua política neoliberal, de entrega dos bens públicos e voltada para os interesses dos ricos, subserviente e subordinada aos ditames de uma ordem mundial que sugava, e muito, as riquezas dos povos dos países pobres e emergentes, que levou o Brasil a ser quebrado três vezes e, por conseguinte, ficar vergonhosamente sob a tutela do FMI e do Bird, ou seja, dos Estados Unidos e de meia dúzia de países hegemônicos da Europa. A direita está desesperada, ao ponto de pensar, inclusive, em criar um partido militar e até mesmo refundar a Arena, agremiação extinta e que durante muitos anos deu sustentação à ditadura militar.


Ano após ano, os direitistas por ideologia e a parcela conservadora da sociedade, que está estratificada em todas as camadas sociais, inclusive nas pobres e principalmente na classe média e rica, observam que estão a perder influência sobre o povo brasileiro, pois ele sabe que, apesar de faltar ainda muita coisa para o Brasil ser um País igualitário e justo, as conquistas sociais e econômicas são, inquestionavelmente, realidades que não podem ser bloqueadas como as águas de um rio frente às barragens.

Aconteceram, na última década, conquistas sociais e econômicas tão profundas, que o povo brasileiro vai pensar inúmeras vezes para se aventurar em votar em um candidato de direita. Se um conservador assumir o poder, certamente vai dar início a uma política de privatização, de diminuição do estado e de bloqueio de investimentos estruturais, além de efetivar, sem sombra de dúvida, o fim de programas e projetos de distribuição de renda e de riqueza, que são considerados sucessos reconhecidos e consagrados internacionalmente, porque se tornaram, indelevelmente, o calcanhar de Aquiles da direita brasileira colonizada, violenta, de passado golpista e escravocrata.

Com a ascensão do PT ao poder, a direita começou a perder, paulatinamente, o controle sobre as instituições republicanas, bem como seu poder de influência e barganha. Primeiro, perdeu a maioria na Câmara dos Deputados a partir de 2003. Com o tempo e após o fim da Era Lula e início do Governo Dilma, o Senado, que era tratado pela imprensa de mercado como o Olimpo da moral, da honestidade e dos bons costumes, passou a ser, recorrentemente, alvo do sistema midiático privado.

O Governo de Dilma Rousseff, igualmente com que acontece na Câmara, passou a ter maioria no Senado, instituição que se tornou um entrave político para a direita midiática e partidária, que, incessantemente, transformou o Senado em uma Casa de malfeitores ao tempo que, concomitantemente, começou tratar o Supremo Tribunal Federal como o templo sagrado das virtudes humanas e, quiçá, divinas.


Certamente, ora veja, coisa que o STF não o é, como comprovam as inúmeras decisões e ações de juízes de direita. Gilmar Mendes, Luiz Fux, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Joaquim Barbosa transformaram a Corte mais importante do Brasil em um partido conservador e determinado a fazer política de combate ao Governo trabalhista, além de apoiar nitidamente o PSDB, o DEM e o PPS. Esses mandatários do Judiciário são bajulados pela imprensa cartelizada e monopolizada por meia dúzia de famílias, que pensam, pois presunçosas e arrogantes, que o Brasil de mais de 200 milhões de habitantes e a sexta economia do mundo é o quintal das casas delas.

Nos últimos 11 anos, a direita sentiu o golpe. Conforme o tempo passa, o número de governadores, prefeitos e parlamentares diminui. Quem duvida sobre o que eu afirmo que tenha a disposição de pesquisar no portal do TSE. Com a distribuição de renda e a efetivação dos programas sociais, as velhas oligarquias regionais estão a perder influência e poder. É visível. Por causa desse enfraquecimento se verifica um menor número de políticos eleitos por esses grupos oligarcas e que a ferro e fogo dominaram durante séculos as prefeituras do interior brasileiro e, consequentemente, controlavam o dinheiro público, pois são oligarquias, sobretudo, patrimonialistas, que, em forma piramidal, aglutinavam-se em âmbito estadual, depois interestadual até conquistar o controle do Governo Federal.

E assim foi feito durante séculos, até o PT chegar ao poder. O partido rompe com as oligarquias, que combateram ferozmente os trabalhistas Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, ao tempo que mantém certos grupos oligarcas como aliados, a ter o PMDB, partido que ainda funciona como uma grande frente de diferentes grupos políticos e regionais, como o principal aliado da base de sustentação da presidenta trabalhista Dilma Rousseff. O que mais importa ao PT é efetivar uma estratégia de governar em forma de coalizão. Por seu turno, o que interessa também é manter o programa de Governo e projeto de País do PT, que são propostas generosas, reformistas, mas não revolucionárias e que mesmo assim são combatidas tenazmente e digo até perversamente pela oligarquia brasileira, uma das mais cruéis do mundo e que escravizou seres humanos por quase 400 anos.


E é esse processo que a direita e sua caixa de ressonância, a imprensa corporativa, não entendem ou fingem não entender para que os coxinhas reacionários de classe média sejam cooptados e apoiem seus interesses inconfessáveis e, obviamente, não deixem, entre muitas outras coisas, de se manifestarem em passeatas que no fundo têm o propósito de realizar ações políticas, muitas delas violentíssimas, que a imprensa de negócios privados tem a insensatez e a maledicência de chamar de “justas e pacíficas” quando a verdade é que elas são violentas, despolitizadas, pois grande parte dessas pessoas se diz “apolítica” e “apartidária”, o que, sobremaneira, não condiz com a verdade dos fatos. Ponto.

A direita perdeu. Os coxinhas até então enrustidos, reaças de classe média e as “elites” em geral perceberam que as manifestações iniciadas pelo MPL, uma entidade de esquerda que luta pelo passe livre, seria uma grande oportunidade para elas irem às ruas e botar suas diatribes para fora. Porque se tem gente recalcada, rancorosa e inconformada com a ascensão econômica e social dos mais pobres, essa gente se chama classe média e classe alta. Vejo, ouço e sinto isso todo dia nas ruas, nos restaurantes e bares, no trabalho, nos táxis e no metrô e nas reuniões sociais, a classe média a reclamar de forma açodada da vida e a desejar que o PT perca as eleições.

Os coxinhas são de amargar o que já é amargo. Eles são o egoísmo em toda sua plenitude, a ausência de compaixão em toda sua essência e a impiedade em toda sua ferocidade. Depois eles e elas retornam para suas casas; beijam seus filhos, muitos deles rezam antes de dormir e vão descansar sob o sono dos que, equivocadamente, consideram-se justos. Durma com um barulho desse e acorde com o silêncio da hipocrisia.


Desde junho acontecem manifestações. Devem ser aos milhares a contabilização desses eventos que a mídia comercial cinicamente chama de “pacíficos e justos” até que os mascarados cheguem novamente, como já aconteceu, às portas da Editora Abril — a Última Flor do Fáscio —, da Rede Globo e de O Globo — aqueles que fizeram um “mea culpa” mequetrefe e nada sincero no Jornal Nacional e em editorial impresso sobre o enriquecimento e a cumplicidade da família Marinho com a ditadura militar — e mais uma vez joguem cocô em suas portarias e paredes.

Além disso, quem não sabe que os repórteres da Globo (e de outras emissoras) não foram alvos de cantorias e palavras de ordem contra suas empresas, incluindo-se a CBN. Receberam ordem da direção para parar de cobrir pessoalmente os protestos, retiraram dos microfones o logotipo da empresa, bem como passaram a fazer as coberturas jornalísticas a voar em helicópteros, porque sabe como é, né? “O povo não é bobo; abaixo a Rede Globo!”

Então, vamos à pergunta teimosa que se recusa a se calar: “Se as manifestações são pacíficas, porque os repórteres da Globo cobriram e ainda cobrem os protestos de longe?” Respondo: Porque há décadas os trabalhadores, os manifestantes de todas as épocas, inclusive os de agora, e o povo em geral sabem que o jornal O Globo e a TV Globo, em particular, e a imprensa de mercado em geral nunca e jamais vão ser a favor dos interesses dos trabalhadores, porque essas empresas de passados golpistas pertencem ao outro lado, o campo da direita, a mesma que no decorrer dos séculos luta contra a independência e autonomia do Brasil e a emancipação do povo brasileiro.
O que está a acontecer no Brasil é o que as pessoas, as que têm a compreensão do que é ser de esquerda, bem como entendem o processo político e econômico em andamento e colocado em prática pelo PT, chamam de esquerdismo infantil praticado por partidos de esquerda, a exemplo do PSOL, do PSTU e do PCO. Essas agremiações, apesar de serem antagônicas aos partidos direitistas, unem-se a eles em um frenesi político, que lembra a ferocidade dos tubarões ou dos leões na hora de se alimentar. É surreal ao tempo que real.

Para quem não sabe ou não conhece esse processo de se equivocar ou se deixar manipular pela imprensa burguesa, fatos como esses já aconteceram em outros episódios da história política do Brasil, principalmente nos tempos de Getúlio Vargas e de João Goulart. Posteriormente, muitos esquerdistas “infantis”, depois de perseguidos quando a direita conquistou o poder por meio de golpes, arrependeram-se e fizeram também um mea-culpa, o que aconteceu com mais frequência após a Anistia de 1979.

Não concordo quando dizem que essas pessoas são inocentes úteis, como também considero a mesma coisa em relação aos Black Blocs, grupos que descambaram simplesmente para o crime e a violência gratuita. Ações mostradas quase todos os dias nas televisões e consideradas, equivocadamente e cinicamente, como manifestações justas e pacíficas, quando a verdade é que grande número dos protestos não foi pacífico, bem como nem sempre toda manifestação é justa. Até porque a maioria também erra, como já foi comprovado inúmeras vezes na história da humanidade. Ponto.


O brasileiro tem essa característica. Passa anos a fio sem gritar, marchar, incendiar, protestar e quebrar o patrimônio público e privado. Sinceramente, fico feliz quando o cidadão toma consciência e passa a ter discernimento sobre as coisas da vida, da sociedade e do Brasil. Contudo, nítida e visível se tornou a realidade quando existe a percepção de que um grande número das atuais manifestações perdeu o sentido político. E por quê? Porque quando as pessoas protestam sem objetivo sabemos que tais eventos não são ações e atos reivindicantes e se perdem em um vazio de despropósitos.  Todavia, os seres humanos são animais políticos, inclusive aqueles que dizem odiar a política, bem como o analfabeto político tão decantado no texto do poeta e dramaturgo alemão, Bertolt Brecht.

O povo foi às ruas. É verdade. Mas os coxinhas da classe média tradicional e os filhos dos ricos se retiraram, porque são conservadores e reacionários iguais aos barões magnatas bilionários da imprensa de mercado e sobraram a protestar nas ruas os grevistas das categorias profissionais, grupos oportunistas de marginais e os Black Blocs, sem ideologia, “apartidários”, “apolíticos” e com uma pauta de reivindicações inexistente, porque aleatória e, consequentemente, sem sentido.

Os mascarados se dizem anarquistas, mas ser anarquista é outra coisa bem diferente. A violência das manifestações tem a máscara dúbia da Globo e seu bordão de única palavra: “pacíficas”. Os jornais da Rede Globo que falam mal dos eventos ao tempo que os apoiam, pois no ano que vem o Brasil vai ter eleições presidenciais. É tempo de protestomania! É isso aí.



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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Meritocracia: O critério do patrimônio moral --- Raul Longo: O moral de quem não leu, mas tem a moral para dar nota máxima

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- por Renato Santos de Souza (UFSM/RS)

"Vamos amigo! Se a gente se esforçar e vestir a
camisa um dia a gente também chega lá sozinho!"

A primeira vez que ouvi a Marilena Chauí bradar contra a classe média, chamá-la de fascista, violenta e ignorante, tive a reação que provavelmente a maioria teve: fiquei perplexo e tendi a rejeitar a tese quase impulsivamente. Afinal, além de pertencer a ela, aprendi a saudar a classe média. Não dá para pensar em um país menos desigual sem uma classe média forte: igualdade na miséria seria retrocesso, na riqueza seria impossível.

Então, o engrossamento da classe média tem sido visto como sinal de desenvolvimento do país, de redução das desigualdades, de equilíbrio da pirâmide social, ou mais, de uma positiva mobilidade social, em que muitos têm ascendido na vida a partir da base. A classe média seria como que um ponto de convergência conveniente para uma sociedade mais igualitária. Para a esquerda, sobretudo, ela indicaria uma espécie de relação capital-trabalho com menos exploração.
Então, eu, que bebi da racionalidade desde as primeiras gotas de leite materno, como afirmou certa vez um filósofo, não comprei a tese assim, facilmente. Não sem uma razão. E a Marilena não me ofereceu esta razão. Ela identificou algo, um fenômeno, o reacionarismo da classe média brasileira, mas não desvendou o sentido do fenômeno. Descreveu “O QUE” estava acontecendo, mas não nos ofereceu o “PORQUE”. Por que logo a classe média? Não seria mais razoável afirmar que as elites é que são o “atraso de vida” do Brasil, como sempre foi dito? E mais, ela fala da classe média brasileira, não da classe média de maneira geral, não como categoria social. Então, para ela, a identificação deste fenômeno não tem uma fundamentação eminentemente filosófica ou sociológica, e sim empírica: é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana. E por que a classe média brasileira e não a classe média em geral? Estas indagações me perturbavam, e eu ficava reticente com as afirmações de dona Marilena.
Com o passar do tempo, porém, observando muitos representantes da classe média próximos de mim (coisa fácil, pois faço parte dela), bem como a postura desta mesma classe nas manifestações de junho deste ano, comecei lentamente a dar razão à filósofa. A classe média parece mesmo reacionária, talvez não toda, mas grande parte dela. Mas ainda me perguntava “por que” a classe média, e “por que” a brasileira? Havia um elo perdido neste fenômeno, algo a ser explicado, um sentido a ser desvendado.
Então adveio aquela abominável reação de grande parte da categoria médica – justamente uma categoria profissional com vocação para classe média - ao Programa Mais Médicos, e me sugeriu uma resposta. Aqueles episódios me ajudaram a desvendar a espuma. Mas não sem antes uma boa pergunta! Como pode uma categoria profissional pensar e agir assim, de forma tão unificada, num país tão plural e tão cheio de nuanças intelectuais e políticas como o nosso? Estudantes de medicina e médicos parecem exibir um padrão de pensamento e ação muito coesos e com desvios mínimos quando se trata da sua profissão, algo que não se vê em outros segmentos profissionais. Isto não pode ser explicado apenas pelo que se convencionou chamar de “corporativismo”. Afinal, outras categorias profissionais também tem potencial para o corporativismo, e não o são, ao menos não da mesma forma. Então deveria haver outra interpretação para isto.
Bem, naqueles episódios do Mais Médicos, apesar de toda a argumentação pretensamente responsável das entidades médicas buscando salvaguardar a saúde pública, o que me parecia sustentar tal coesão era uma defesa do mérito, do mérito de ser médico no Brasil. Então, este pensamento único provavelmente fora forjado pelas longas provações por que passa um estudante de medicina até se tornar um profissional: passar no vestibular mais concorrido do Brasil, fazer o curso mais longo, um dos mais difíceis, que tem mais aulas práticas e exigências de estrutura, e que está entre os mais caros do país. É um feito se formar médico no Brasil, e talvez por isto esta formação, mais do que qualquer outra, seja uma celebração do mérito. Sendo assim, supõe-se, não se pode aceitar que qualquer um que não demonstre ter tido os mesmos méritos, desfrute das mesmas prerrogativas que os profissionais formados aqui. Então, aquela reação episódica, e a meu ver descabida, da categoria médica, incompreensível até para o resto da classe média, era, na verdade, um brado pela meritocracia.
A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora.


Assim, boa parte da classe média é contra as cotas nas universidades, pois a etnia ou a condição social não são critérios de mérito; é contra o bolsa-família, pois ganhar dinheiro sem trabalhar além de um demérito desestimula o esforço produtivo; quer mais prisões e penas mais duras porque meritocracia também significa o contrário, pagar caro pela falta de mérito; reclama do pagamento de impostos porque o dinheiro ganho com o próprio suor não pode ser apropriado por um Governo que não produz, muito menos ser distribuído em serviços para quem não é produtivo e não gera impostos. É contra os políticos porque em uma sociedade racional, a técnica, e não a política, deveria ser a base de todas as decisões: então, deveríamos ter bons gestores e não políticos. Tudo uma questão de mérito.
Mas por que a classe média seria mais meritocrática que as outras? Bem, creio que isto tem a ver com a história das políticas públicas no Brasil. Nós nunca tivemos um verdadeiro Estado do Bem Estar Social por aqui, como o europeu, que forjou uma classe média a partir de políticas de garantias públicas. O nosso Estado no máximo oferecia oportunidades, vagas em universidades públicas no curso de medicina, por exemplo, mas o estudante tinha que enfrentar 90 candidatos por vaga para ingressar. O mesmo vale para a classe média empresarial, para os profissionais liberais, etc. Para estes, a burocracia do Estado foi sempre um empecilho, nunca uma aliada. Mesmo a classe média estatal atual, formada por funcionários públicos, é geralmente concursada, portanto, atingiu sua posição de forma meritocrática. Então, a classe média brasileira se constituiu por mérito próprio, e como não tem patrimônio ou grandes empresas para deixar de herança para que seus filhos vivam de renda ou de lucro, deixa para eles o estudo e uma boa formação profissional, para que possam fazer carreira também por méritos próprios. Acho que isto forjou o ethos meritocrático da nossa classe média.
Esta situação é bem diferente na Europa e nos EUA, por exemplo. Boa parte da classe média europeia se formou ou se sustenta das políticas de bem estar social dos seus países, estas mesmas que entraram em colapso com a atual crise econômica e tem gerado convulsões sociais em vários deles; por lá, eles vão para as ruas exatamente para defender políticas anti-meritocráticas. E a classe média americana, bem, esta convive de forma quase dramática com as ambiguidades de um país que é ao mesmo tempo das oportunidades e das incertezas; ela sabe que apenas o mérito não sustenta a sua posição, portanto, não tem muitos motivos para ser meritocrática. Se a classe média adoecer nos EUA, vai perder o seu patrimônio pagando por serviços privados de saúde pela absoluta falta de um sistema público que a suporte; se advém uma crise econômica como a de 2008, que independe do mérito individual, a classe média perde suas casas financiadas e vai dormir dentro de seus automóveis, como se via à época. Então, no mundo dos ianques, o mérito não dá segurança social alguma.
As classes brasileiras alta e baixa (os nossos ricos e pobres) também não são meritocráticas. A classe alta é patrimonialista; um filho de rico herda bens, empresas e dinheiro, não precisa fazer sua vida pelo mérito próprio, portanto, ser meritocrata seria um contrassenso; ao contrário, sua defesa tem que ser dos privilégios que o dinheiro pode comprar, do direito à propriedade privada e da livre iniciativa. Além disso, boa parte da elite brasileira tem consciência de que depende do Estado e que, em muitos casos, fez fortuna com favorecimentos estatais; então, antes de ser contra os governos e a política, e de se intitular apolítica, ela busca é forjar alianças no meio político.
Para a classe pobre o mérito nunca foi solução; ela vive travada pela falta de oportunidades, de condições ou pelo limitado potencial individual. Assim, ser meritocrata implicaria não só assumir que o seu insucesso é fruto da falta de mérito pessoal, como também relegar apenas para si a responsabilidade pela superação da sua condição. E ela sabe que não existem soluções pela via do mérito individual para as dezenas de milhões de brasileiros que vivem em condições de pobreza, e que seguramente dependem das políticas públicas para melhorar de vida. Então, nem pobres nem ricos tem razões para serem meritocratas.
A meritocracia é uma forma de justificação das posições sociais de poder com base no merecimento, normalmente calcado em valências individuais, como inteligência, habilidade e esforço. Supostamente, portanto, uma sociedade meritocrática se sustentaria na ética do merecimento, algo aceitável para os nossos padrões morais.


Aliás, tenho certeza de que todos nós educamos nossos filhos e tentamos agir no dia a dia com base na valorização do mérito. Nós valorizamos o esforço e a responsabilidade, educamos nossas crianças para serem independentes, para fazerem por merecer suas conquistas, motivamo-as para o estudo, para terem uma carreira honrosa e digna, para buscarem por méritos próprios o seu lugar na sociedade.
Então, o que há de errado com a meritocracia, como pode ela tornar alguém reacionário?
Bem, como o mérito está fundado em valências individuais, ele serve para apreciações individuais e não sociais. A menos que se pense, é claro, que uma sociedade seja apenas um agregado de pessoas. Então, uma coisa é a valorização do mérito como princípio educativo e formativo individual, e como juízo de conduta pessoal, outra bem diferente é tê-lo como plano de governo, como fundamento ético de uma organização social. Neste plano é que se situa a meritocracia, como um fundamento de organização coletiva, e aí é que ela se torna reacionária e perversa.
Vou gastar as últimas linhas deste texto para oferecer algumas razões para isto, para mostrar porquê a meritocracia é um fundamento perverso de organização social.
a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.
b) A meritocracia exacerba o individualismo e a intolerância social, supervalorizando o sucesso e estigmatizando o fracasso, bem como atribuindo exclusivamente ao indivíduo e às suas valências as responsabilidades por seus sucessos e fracassos.
c) A meritocracia esvazia o espaço público, o espaço de construção social das ordens coletivas, e tende a desprezar a atividade política, transformando-a em uma espécie de excrescência disfuncional da sociedade, uma atividade sem legitimidade para a criação destas ordens coletivas. Supondo uma sociedade isenta de jogos de interesse e de ambiguidades de valor, prevê uma ordem social que siga apenas a racionalidade técnica do merecimento e do desempenho, e não a racionalidade política das disputas, das conversações, das negociações, dos acordos, das coalisões e/ou das concertações, algo improvável em uma sociedade democrática e pluralista.
d) A meritocracia esconde, por trás de uma aparente e aceitável “ética do merecimento”, uma perversa “ética do desempenho”. Numa sociedade de condições desiguais, pautada por lógicas mercantis e formada por pessoas que tem não só características diferentes mas também condições diversas, merecimento e desempenho podem tomar rumos muito distantes. O Mário Quintana merecia estar na ABL, mas não teve desempenho para tal. O Paulo Coelho, o Sarney e o Roberto Marinho estão (ou estiveram) lá, embora muitos achem que não merecessem. O Quintana, pelo imenso valor literário que tem, não merecia ter morrido pobre nem ter tido que morar de favor em um hotel em Porto Alegre, mas quem amealhou fortuna com a literatura foi o Coelho. Um tem inegável valor literário, outro tem desempenho de mercado. O José, aquele menino nota 10 na escola que mora embaixo de uma ponte da BR 116 (tema de reportagem da ZH) merece ser médico, sua sonhada profissão, mas provavelmente não o será, pois não terá condições para isto (rezo para estar errado neste caso). Na música popular nem é preciso exemplificar, a distância entre merecimento e desempenho de mercado é abismal. Então, neste mudo em que vivemos, valor e resultado, merecimento e desempenho nem sempre caminham juntos, e talvez raramente convirjam.
Mas a meritocracia exige medidas, e o merecimento, que é um juízo de valor subjetivo, não pode ser medido; portanto, o que se mede é o desempenho supondo-se que ele seja um indicador do merecimento, o que está longe de ser. Desta forma, no mundo da meritocracia – que mais deveria se chamar “desempenhocracia” - se confunde merecimento com desempenho, com larga vantagem para este último como medida de mérito.
e) A meritocracia escamoteia as reais operações de poder. Como avaliação e desempenho são cruciais na meritocracia, pois dão acesso a certas posições de poder e a recursos, tanto os indicadores de avaliação como os meios que levam a bons desempenhos são moldados por relações de poder; e o são decisivamente. Seria ingênuo supor o contrário. Assim, os critérios de avaliação que ranqueiam os cursos de pós-graduação no país são pautados pelas correntes mais poderosas do meio acadêmico e científico; bons desempenhos no mercado literário são produzidos não só por uma boa literatura, mas por grandes investimentos em marketing; grandes sucessos no meio musical são conseguidos, dentre outras formas, “promovendo” as músicas nas rádios e em programas de televisão, e assim por diante. Os poderes econômico e político, não raras vezes, estão por trás dos critérios avaliativos e dos “bons” desempenhos.
Critérios avaliativos e medidas de desempenho são moldáveis conforme os interesses dominantes, e os interesses são a razão de ser das operações de poder; que por sua vez, são a matéria prima de toda a atividade política. Então, por trás da cortina de fumaça da meritocracia repousa toda a estrutura de poder da sociedade.

Até aí tudo bem, isso ocorre na maioria dos sistemas políticos, econômicos e sociais. O problema é que, sob o manto da suposta “objetividade” dos critérios de avaliação e desempenho, a meritocracia esconde estas relações de poder, sugerindo uma sociedade tecnicamente organizada e isenta da ingerência política. Nada mais ilusório e nada mais perigoso, pois a pior política é aquela que despolitiza, e o pior poder, o mais difícil de enfrentar e de combater, é aquele que nega a si mesmo, que se oculta para não ser visto.
e) A meritocracia é a única ideologia que institui a desigualdade social com fundamentos “racionais”, e legitima pela razão toda a forma de dominação (talvez a mais insidiosa forma de legitimação da modernidade). A dominação e o poder ganham roupagens racionais, fundamentos científicos e bases de conhecimento, o que dá a eles uma aparente naturalidade e inquestionabilidade: é como se dominados e dominadores concordassem racionalmente sobre os termos da dominação.
f) A meritocracia substitui a racionalidade baseada nos valores, nos fins, pela racionalidade instrumental, baseada na adequação dos meios aos resultados esperados. Para a meritocracia não vale a pena ser o Quintana, não é racional, embora seus poemas fossem a própria exacerbação de si, de sua substância, de seus valores artísticos. Vale mais a pena ser o Paulo Coelho, a E.L. James, e fazer uma literatura calibrada para vender. Da mesma forma, muitos pais acham mais racional escolher a escola dos seus filhos não pelos fundamentos de conhecimento e valores que ela contém, mas pelo índice de aprovação no vestibular que ela apresenta. Estudantes geralmente não estudam para aprender, estudam para passar em provas. Cursos de pós-graduação e professores universitários não produzem conhecimentos e publicam artigos e livros para fazerem a diferença no mundo, para terem um significado na pesquisa e na vida intelectual do país, mas sim para engrossarem o seu Lattes e para ficarem bem ranqueados na CAPES e no CNPq.
A meritocracia exige uma complexa rede de avaliações objetivas para distribuir e justificar as pessoas nas diferentes posições de autoridade e poder na sociedade, e estas avaliações funcionam como guiões para as decisões e ações humanas. Assim, em uma sociedade meritocrática, a racionalidade dirige a ação para a escolha dos meios necessários para se ter um bom desempenho nestes processos avaliativos, ao invés de dirigi-la para valores, princípios ou convicções pessoais e sociais.


g) Por fim, a meritocracia dilui toda a subjetividade e complexidade humana na ilusória e reducionista objetividade dos resultados e do desempenho. O verso “cada um de nós é um universo” do Raul Seixas – pérola da concepção subjetiva e complexa do humano - é uma verdadeira aberração para a meritocracia: para ela, cada um de nós é apenas um ponto em uma escala de valor, e a posição e o valor que cada um ocupa nesta escala depende de processos objetivos de avaliação. A posição e o valor de uma obra literária se mede pelo número de exemplares vendidos, de um aluno pela nota na prova, de uma escola pelo ranking no Ideb, de uma pessoa pelo sucesso profissional, pelo contracheque, de um curso de pós-graduação pela nota da CAPES, e assim por diante. Embora a natureza humana seja subjetiva e complexa e suas interações sociais sejam intersubjetivas, na meritocracia não há espaço para a subjetividade nem para a complexidade e, sendo assim, lamentavelmente, há muito pouco espaço para o próprio ser humano. Desta forma, a meritocracia destrói o espaço do humano na sociedade.
Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos. Assim, embora eu tenda a concordar com a tese da Marilena Chauí sobre a classe média brasileira, proponho aqui uma troca de alvo. Bradar contra a classe média, além de antipático pode parecer inútil, pois ninguém abandona a sua condição social apenas para escapar ao seu estereótipo. Não se muda a posição política de alguém atacando a sua condição de classe, e sim os conceitos que fundamentam a sua ideologia. 
Então, prefiro combater conceitos, neste caso, provavelmente o conceito mais arraigado na classe média brasileira, e que a faz ser o que é: a meritocracia.


Texto recebido por e-mail do nosso correspondente-colaborador André Lux

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Resenha de um livro não lido...  Ou: não li, mas gostei.

De Buenos Aires à Dublin, os traidores de Jorge Lescano


Por Raul Longo [*]

Putas, rufiões, malandros, ingênuos... Enganados e enganadores já faziam parte do universo plástico, dramatúrgico e narrativo de Jorge Lescano quando minhas preocupações não conseguiam superar o trauma do convívio familiar. No meu mundo só havia patrões exploradores, operários explorados, capatazes e policiais repressores, vez por outra alguns corajosos condenados à marginalidade e, na maioria dos casos, a serem eliminados ao final das histórias onde tentava dar consistência às existências de vizinhos e parentes, personagens de meu cotidiano transcritos ao papel. 

Invejava a existencialidade dos personagens do Lescano, muito mais rica do que as dos meus. Até porque mais variados, mais completos. Completando o universo humano que a mim, ainda em meus 18 anos de idade, era restrito a uma reprimida experiência pessoal.

Uma geração anterior à minha, vindo de Buenos Aires de onde escapara de uma feroz ditadura para se encontrar com nossa feroz ditadura brasileira, Jorge Lescano já lera uma bibilioteca com mais do dobro de volumes do que eu ainda pretendia ler. Afora isso, aquele índio do norte da Argentina tinha um poder que me faltava: ele conseguia literalmente dar forma física as suas personagens, sobretudo às femininas.

Ah! As curvas das mulheres do Jorge!... Atração realçada por lingeries, meias de nylon e cintas ligas. Por melhor que eu imaginasse minhas prostitutas, por mais que as vizualizasse em algumas vizinhas e primas de minha infância, não saberia desenhá-las, dar-lhes formas palpáveis aos olhos. E Jorge desenhava as suas.

Mas aí havia uma decepcionante mania do Jorge que me angustiava e doía, pois ao invés de manter apenas o que há de belo e admirável no contorno da epiderme feminina, seccionava o corpo de suas personagens desenhadas revelhando-lhes o conteúdo como num efeito de raio-x. Expunha-lhes a anatomia muscular subcutânea, muitas vezes revolvendo-lhes até os órgãos, as vísceras, num insólito resultado ao erotismo de um belo seio desnudo ladeado pelas glândulas do par, ou desfazendo a languidez de uma cintura em pâncreas, fígado, estômago ou intestino.

Jorge Lescano
Talvez fosse o caso de sentir-me traído pelo Lescano, mas exatamente pela sinceridade dilacerante de sua arte concluía que, em Lescano, impossível um traidor.

E assim o fiz meu mestre. Foi com quem aprendi a escrever. E a ler também.

Na literatura mais o admirava quando multiplicava as personalidades de seus personagens para o teatro onde a ficção teria de ser não só o enredo e os personagens, mas inclusive os atores e o próprio teatro como espaço físico. Também - por que não? - o público e o autor.

No realismo do sardônico humor de Lescano encontrei algo que a princípio me pareceu proveniente da Commedia Dell'Arte e, sim, havia uma evidente intenção em ridicularizar absolutismos, fossem monárquicos ou ditatoriais na conformidade e similaridade dos da época em que, então, vivíamos. No entanto, havia uma malícia no teatro do Jorge que não arriscaria a dizer mais sutil do que a da Commedia Dell'Arte, até porque em verdade muito mais sarcástica do que irônica.


Aquilo decididamente não era europeu, pois estava muito mais pra Pedro Malasartes do que pra Pantaleão, Matamoros ou Arlequim. Mas, sem dúvida, havia mais sagacidade, mais argúcia e, como eu não fazia ideia de onde saíra aquilo, levava em conta de ser apenas alegorias dos eruditismos e da imaginação do Lescano mesmo.

Mas anos depois fui encontrar aquele deboche, aquela forma de rir quase pra dentro como quem tenta disfarçar o hilário condoendo-se do ridículo, no mais profundo de nossos sertões. E, então, lembrei que apesar de todo o europeísmo desenvolvido ao longo de seus tempos de Buenos Aires, mais as décadas correspondentes à São Paulo, Jorge Lescano antes de tudo é o que o chamavam os portenhos: "un cabezita negra". Um índio.

Não li "O Traidor de Dublin", mas todas as indicações que precedem e complementam o titulo do livro me fazem deduzir que siga a linha de suas comédias teatrais e, salvo enorme engano em que não creio ter incorrido, nele se poderá identificar o hipócrita cotidiano que nos sorri pela tela da TV, na mesa de reunião, no elevador, no outro lado da cerca do vizinho ou - vá se saber! - até no espelho quando se faz a barba.

Quantas vezes o enganador engana a si mesmo!

Seja em Dublin, Buenos Aires, Cochabamba ou Florianópolis, se trai por motivos tão ínfímos e casuais que cada um se trai até a si próprio sem nem mesmo perceber. Posso estar muito enganado, afinal eu e Jorge, hoje, bem pouco sabemos da produção de um e outro, mas certamente "O Traidor de Dublin" nos fará rir muito de gente localizada bem mais próximo de nossas vidas distantes. Inclusive rir de nós mesmos, pois intelectuais e eruditos ou não, "cabezitas negras" continuam sendo sempre os mesmos índios de sempre que jamais dão gargalhadas, mas quando se põem a fazer rir é numa enfiada de princípio a fim. Um rascar infindiável de risos contidos, mas inevitáveis e, quando menos se espera, se está rindo até de quem jamais se poderia imaginar tão ridículo pela própria seriedade que cada um, inadvertidamente, se devota.

Como disse, não li o livro. Melhor assim, pois se o houvesse lido meu comentário seria ainda mais suspeito. Mas insisto para que se pesquise e encontre "O Traidor de Dublin" do Jorge Lescano em alguma livraria ou através de um desses meios de aquisição por encomenda, porque estou certo de que assim como me aconteceu há pouco tempo, todos sempre iremos nos deparar com os personagens do Jorge Lescano em qualquer lugar do mundo.

Faz parte da tragicomédia do viver aqui, ou em Dublin.
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[*] Raul Longo - Nascido em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná. Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais: Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças & glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo.Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.



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Você é um zumbi consciente ou age involuntariamente zumbificado? Ou: você é um idiota assumido ou manipuladamente midiotizado? Ou ainda: Matrixiado passivo ou matrixiador?

Confira assistindo a este vídeo...


POR QUE OS ZUMBIS FAZEM TANTO SUCESSO?

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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O capitalismo selvagem e o realismo socialista na Coreia do Norte --- Saul Leblon, poeta da Crônica de Economia, e o padre FHC --- Pais e Filhos: De quem é a culpa?

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De...
Boletim de Atualiazação - Nº 328 - 6/11/2013

...para a PressAA...

Realismo socialista na Coreia do Norte


Estúdio de Arte Mansudae, em Pyongyang, tem mil artistas e é provavelmente um dos estúdios com maior produção no mundo. Sua arte, de um realismo socialista contemporâneo, tem entre os clientes Alemanha e países africanos
Por Nadja Sayej, na Vice
A arte da República Democrática Popular da Coreia é a marca registrada do realismo socialista contemporâneo. Na verdade, é possível comprar a arte da Coreia do Norte pela internet — desde cartazes de propaganda, paisagens e buquês de flores até retratos de família. Claro, os cartazes de propaganda são os mais vendidos (também são os mais baratos), mas as pinturas com joias são outra coisa completamente diferente (obras raras e chamativas, totalmente confeccionadas com pedrarias).
Algumas semanas atrás, numa feira de arte em Dandong, China, a atração mais popular foi uma exposição de belas artes da RDPC, aberta na Galeria Dandong no dia 10 de outubro. A CCTV (um dos principais canais de TV chineses) anunciou que a exposição se tornou o destaque da feira, vendendo 30 obras nos primeiros três dias. Não havia arte de propaganda na exposição. A seleção era mais expressiva, arte estilo cartão-postal. Parece que enquanto muitas barreiras norte-coreanas ainda estão de pé, a arte é uma maneira de ultrapassá-las.
Pescadoras Trabalhando, por Gang Song Ryong

Pescadoras ensinando a pescar, por PressAArt-Maña
Tudo isso foi criado por um estúdio em particular. Fundado em 1959, o Estúdio de Arte Mansudae é um estúdio de Pyongyang que emprega quatro mil funcionários, mil deles artistas. Provavelmente um dos estúdios de maior produção no mundo, a instituição costumava funcionar sob a coordenação de King Jong Il, o que fazia dele o mais proeminente estúdio de arte da Coreia do Norte. Contando com departamentos de produção em pintura a óleo, cerâmica, xilografia e escultura — o Mansudae criou o Monumento à Fundação do Partido Coreano dos Trabalhadores, onde três mãos empunham uma foice, um martelo e um pincel de caligrafia. Os caras levam a sério sua arte.
A produção de obras com clientes internacionais é a receita perfeita para o sucesso de vendas. Desde os anos 1970, o Mansudae tem uma seção internacional, oferecendo mão de obra barata para grandes monumentos, como o Monumento da Renascença Africana no Senegal e o monumento de guerra Acre dos Heróis na Namíbia. Os monumentos do Mansudae são criticados por serem muito “coreanescos”; aparentemente a Alemanha é o único cliente ocidental do estúdio, que os contratou para recriar a Fonte do Conto de Fadas em Frankfurt. Na última década, estima-se que o Mansudae tenha feito US$160 milhões. Ainda assim, os artistas não veem esse retorno — todo lucro das vendas vai direto para o estado.
Numa rara entrevista, o gerente do site ocidental do Mansudae, Pier Luigi Cecioni, falou com a VICE, direto da Itália, sobre o site do Estúdio de Arte Mansudae, a arte do realismo socialista, e como é ser um dos cinco estrangeiros numa festa em Pyongyang.

Vamos Defender o Grande Líder Comandante Kim Jong Il, de Han Song Gyu.

Vamo$ Defender o Grande Líder Comandante Obama Wall $treet, por PressAArt-Maña
VICE: Como você acabou se envolvendo com a arte norte-coreana? Você parece ser um especialista.

Pier Luigi Cecioni: Em 2005, eu era presidente de uma orquestra de música clássica em Florença, Itália. Por coincidência, uma delegação da minha orquestra era convidada para participar do Festival da Amizade de Primavera em Pyongyang todo ano (agora menos frequentemente). O Festival acontece por volta do dia 15 de abril, que é o aniversário do pai da pátria, Kim Il Sung, e é o feriado mais importante da Coreia do Norte. Cerca de 700 pessoas participam do festival e somente 20 são estrangeiros (nosso grupo era formado por cinco pessoas). Em Pyongyang, perguntei se eles tinham algum centro de belas-artes ou galeria que eu pudesse visitar.

Acontece que o Estúdio de Arte Mansudae fica em Pyongyang, e esse é provavelmente o maior centro de produção de arte do mundo. E eu nunca tinha ouvido falar nisso (ninguém tinha, provavelmente). É possível encontrar algumas informações sobre o Mansudae em nosso site. Quando perguntei se eles estariam interessados em fazer algo no Ocidente, eles responderam: “É claro”. Em janeiro de 2006, depois de meses de correspondência, retornei a uma Pyongyang extremamente gelada com meu irmão Eugenio, um artista, professor da Academia de Belas Artes de Florença e, na época, diretor de um centro de exposições próximo de Florença. Escolhemos vários trabalhos para trazer para a Europa e assinamos um acordo, tornando-nos representantes do Estúdio de Arte Mansudae no Ocidente. Uma das cláusulas do acordo era organizar exposições das obras do Mansudae no Ocidente. Retornei a Pyongyang algumas vezes desde então e artistas coreanos já vieram visitar a Itália.
No Riacho, por Hong Jae Chol.

No Diacho, por PressAArt-Maña
Até que ponto a construção do site do Estúdio de Arte Mansudae evoluiu?

Começamos a construir o site em 2007, na época de nossa primeira exposição. O site tem como público-alvo os ocidentais e é gerenciado por mim.

O Estúdio de Arte Mansudae representa a elite dos artistas da Coreia do Norte. Quão difícil é se juntar ao estúdio e qual é o processo de entrada para os artistas?

A maioria dos melhores artistas do país está no Mansudae. Praticamente todos eles têm um curso universitário ou formação em belas-artes. Quando um estudante se destaca na universidade, ele ou ela é convidado a se juntar ao Mansudae. E se um artista se destaca em outro centro, ele ou ela pode ser convidado a entrar para o estúdio. É uma grande honra fazer parte do Mansudae.

Chamada de Emergência, por Kim Hak Rim.

Você sabe quantos artistas entram no estúdio por ano?

Desde que comecei meu contato com o Mansudae, pelo que sei, o número de artistas se manteve mais ou menos constante, então, não acho que haja um número fixo de artistas entrando todos os anos.

O treinamento é muito exigente, começando aos nove anos de idade, certo?

Pelo que eu sei, não há um treinamento que comece tão cedo. Do ensino elementar até o colegial, até onde eu sei, as crianças frequentam a escola somente no período da manhã e estudam várias matérias. Do final da escola elementar até o colegial, durante a tarde, os estudantes podem participar voluntariamente de programas e instituições nos quais podem praticar música, arte, esporte, teatro, etc. Minha impressão é que o treinamento começa a ser muito exigente na universidade: os norte-coreanos são estudantes universitários muito aplicados e sérios. No entanto, não tenho um conhecimento aprofundado sobre o sistema escolar da Coreia do Norte.

Confronto, por Kim Hyon Myong.

É verdade que mesmo quando a arte dos artistas vende, o lucro vai direto para o estado?

O Mansudae tem uma, talvez inesperada, autonomia econômica. O dinheiro das vendas vai para o Estúdio de Arte Mansudae. Isso deve ser diferente no caso de grandes projetos no exterior, com os quais não estou envolvido. Esses provavelmente são gerenciados num nível governamental.

Vocês têm muitos clientes no exterior? O que vende mais e aonde? São as pinturas com joias ou, digamos, os cartazes de propaganda?

Sim, temos muitos colecionadores por aí. Como estamos na Itália, muitos dos nossos colecionadores são italianos. Os cartazes de propaganda, por serem os menos caros, e também muito incríveis, são as vendas mais fáceis. No entanto, vendemos bem todos os tipos de obra. As pinturas com joias são relativamente mais raras.

Afortunado, por Kim Song Sik.

Recentemente, vi a pintura Festa Dançante a Céu Aberto, de Han Guang Hun. As pinturas são baseadas em eventos reais? Pela pintura parece ser uma festa muito divertida. Eu não sabia que os norte-coreanos faziam festas assim.

Engraçado você escolher essa pintura. Eu lhe enviei uma foto não muito boa que fiz em 15 de abril de 2005, na dança na Praça Pyongyang em celebração ao aniversário de Kim Il Sung. Eu também participei da dança. Quando fiz essa foto, eu ainda não tinha visto a pintura [Festa Dançante a Céu Aberto]. Fora essas grandes festividades, os coreanos gostam muito de cantar. Acho que deve ser algo genético, porque quase todos cantam muito bem. Em julho passado, quando estive lá, eu sempre via grupos de pessoas cantando ao entardecer e, aos domingos, muitas pessoas fazem piqueniques familiares nos parques, cantando e dançando. O karaokê, como em muitos países asiáticos, é algo muito popular.

Você disse que conheceu esses artistas quando eles vieram para a Itália e que eles não gostaram da arte contemporânea. Do que eles gostaram? As personalidades deles estão mais para egocêntricas, como o Damien Hirst, ou eles são mais como artesões humildes? Eles são engraçados? Sérios? Dramáticos? Teatrais? Eles são seus amigos?

Os artistas definitivamente não têm grandes egos, nem são humildes. De certa maneira, dentre as pessoas que frequento, eles se consideram todos iguais, mesmo tendo consciência que, na arte, alguns são melhores do que outros e que todos têm posições de trabalho diferentes. A arte contemporânea ocidental não interessou a eles. Na verdade, eles a acharam literalmente engraçada; eles riram vendo alguns dos trabalhos, não com desdém, mas com uma surpresa verdadeira. Eles ficaram muito mais interessados em arte clássica. Cerca de um ano atrás, acompanhei alguns deles a Galeria Uffizi e aos museus do Vaticano, e eles gostaram muito. Eles conheciam os principais artistas pelo que estudaram na universidade. Eles são absolutamente figurativos e nunca viram experimentos com arte abstrata, conceitual ou similares.


À esquerda: Uma estátua de gesso de Kim Jong Il do Estúdio de Arte Mansudae no Parque Aquático Munsu em Pyongyang. //  À direita, PressAArt-Maña
O artista Lee Cheol, da Mansudae, participou recentemente de uma exposição e foi entrevistado pela CCTV na China. Os artistas falam publicamente com frequência? Eles gostam de ser o centro das atenções?
Não posso oferecer uma resposta geral. Quando fizemos nossa primeira exposição, convidamos dois artistas da Mansudae e eles falaram com a mídia sem problemas. Não sei se eles falam frequentemente em público na Coreia do Norte. Uma vez, assisti a um vídeo longo de um programa de TV (sem entender nada, claro) com entrevistas dos dois artistas que tinham vindo para a Itália. A verdade é que eles são muito formais para os nossos padrões. Mas eles raramente vão ao exterior e quase ninguém fala alguma língua europeia.
Eles falam inglês? Sei que alguns deles ficam anos fora, criando murais em lugares como a Namíbia.

Praticamente ninguém fala inglês. Há alguns interpretes. O Mansudae tem realizado projetos realmente grandes no exterior, principalmente trabalhos arquitetônicos e esculturais. O mais recente é um museu em Angkor Vat, Camboja, que foi inaugurado há pouco. Para esses trabalhos eles ficam anos fora, mais ou menos como diplomatas. Conheci muitos artistas que passaram alguns anos em vários países, principalmente na África.

Glória da Pátria, por Kim Myog Guk.

E como é visitar o estúdio Mansudae? Eles estão abertos a visitas do público? Você tem fotos? Isso é como uma escola de arte orientada para a comunidade?

Para mim, o Mansudae é um lugar familiar. Quando estou lá, passo muitas horas conversando sobre vários assuntos com diferentes pessoas. Tenho várias fotos, mas não sou um fotógrafo muito bom. Nunca encontrei nenhuma restrição para fotografar lá. No Mansudae, que tem cerca de 12 hectares, há uma galeria comercial, que pode ser visitada por alguns poucos turistas. As outras partes em geral não são abertas ao público, são espaços de trabalho. O lugar é mais ou menos similar a um campus universitário norte-americano (eles têm até um campo de futebol), mas definitivamente não é uma escola. São cerca de quatro mil funcionários, mil deles são artistas, e, como eu disse antes, praticamente todos já formados, então são mais velhos do que estudantes. Há todo tipo de estúdio lá, inclusive os dos escultores de estátuas monumentais. Há laboratórios, lojas, departamento de suprimentos, etc. Há uma grande galeria, um jardim de infância, uma espécie de cafeteria e muitos outros prédios. Eu não conheço tudo. As pessoas não moram no Mansudae: elas trabalham lá e moram em Pyongyang.

O propósito da arte na Coreia do Norte é a mensagem política. O que mais o realismo socialista incorpora? Que símbolos eles são ensinados a pintar, tanto nas pinturas do Kim Jong-un como nas outras?

Eu não diria que o propósito de toda a arte norte-coreana seja a mensagem política. O realismo socialista representa a Coreia do Norte sob uma luz positiva e, num sentido mais amplo, quer inspirar os espectadores a ter sentimentos positivos, patrióticos e a celebrar; especialmente as grandes esculturas e pinturas exibidas em espaços públicos: os líderes. Os temas estão frequentemente relacionados ao trabalho, um assunto que não é comum no ocidente. Uma forma particular do realismo socialista são os cartazes. Eles são pintados à mão, não impressos, e têm mensagens políticas e sociais. Muitos têm como alvo os Estados Unidos, visto como um agressor do passado e um agressor em potencial. Além do realismo socialista, pinturas de paisagens são muito populares. Assim como pinturas de flores e da natureza em geral. Há também muitos retratos, principalmente de trabalhadores. Mas há tantos tipos de arte – escultura, cerâmica, bordado, vários tipos de pintura, xilografia, caligrafia e algumas outras — que não é possível generalizar.



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Extra! 

Furo! 


PressAA invade site de Universe Online e vaza documento top secret que revela o potencial da Coreia do Norte para a produção de cogumelo atômico!


Clique AQUI e confira

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04/11/2013

A urgência à procura de um debate

O campo progressista na AL está às voltas com o desafio de reordenar o câmbio, o que implica definir o poder de compra real dos salários no novo ciclo econômico

por: Saul Leblon



Um dos maiores gargalos do país é a ausência de espaço para a discussão madura das opções, dos custos e requisitos à ordenação de um novo ciclo de crescimento brasileiro.
Sem esse escrutínio, a coisa não anda. Patina-se no vale-tudo onde a serenidade e o disparate se ombreiam na mesma irrelevância.
A paralisia só é boa para quem aposta no desgaste como via de rendição da sociedade a purga saneadora prescrita pela ortodoxia.
Uma hora cansa e a gororoba é empurrada pela goela.
Ou não terá sido assim que aconteceu na Espanha? Com as ruas tomadas pelos ‘indignados’, o país elegeu o PP (o demos de lá)e deu plenos poderes ao premiê  Mariano Rajoyna Câmara.
Para fazer o que?
O arrocho espanhol elevou a taxa de desemprego no país a fantásticos 26%. Em média. No caso da juventude vai a 50%.
‘A esperança da ortodoxia, para amenizar o cenário, é que a migração retire do mercado espanhol uns 300 mil a 500 mil jovens por ano’, informa o correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo.
O país está à beira da deflação, a exemplo do espectro que ronda todo o ambiente europeu.
Cortes suicidas de preços se multiplicam diante de um consumidor empobrecido que adia sua compra  no aguardo de novas baixas.
Foi assim na Depressão norte-americana, em 1929, que esfarelou a indústria e despejou metade da mão de obra na rua.
Mas os bancos saúdam a ‘recuperação conduzida por Rajoy’ e os replicantes tropicais da via espanhola não se intimidam.
Manipulação de prioridades e indução de expectativas, eis o combustível conservador desse jogo perigoso.
As sirenes do colapso iminente – ‘se não for hoje, de amanhã o Brasil não passa’--completam  um repertório que alimenta o descrédito na ação pública e em todo o sistema político.
A cereja do bolo é a corrupção, que como sabemos é sistêmica nos governos do PT. Será sempre pontual no caso da coalizão conservadora.
Toneladas desse ácido corrosivo banham o espírito da sociedade diuturnamente.
A ardilosa montanha-russa eleva as expectativas para em seguida frustrá-las com a porretada do desencanto.
A reportagem da Folha deste domingo sobre a conversão do sistema elétrico aérea em subterrâneo condensa em ponto pequeno o mecanismo.
Primeiro, atiça-se o apetite da classe média com o miraculoso recurso do photoshop.
Vejam quão bela ficaria a emergente Vila Olímpia sem a maçaroca aérea de cabos  que nos equiparam a um Haiti. Agora, comparem a magnífica Paris isenta dessa teia asfixiante; e como ficaria degradada se tivesse fiação equivalente a de São Paulo.
Ótimo. Aos custos: uns R$ 120 bilhões para o enterramento da fiação em toda a capital. Três vezes o orçamento da prefeitura.
Essa é um dos destaques do jornal que diariamente açula a revolta dos munícipes contra o reajuste indispensável do IPTU para mitigar urgências da metrópole colapsada.
Em frente.
No edição dominical do Estadão, o tucano FHC vai mais fundo.
Ele atribui o ‘caos urbano’ aos governos petistas ‘que puseram em marcha’, diz,‘uma estratégia de alto rendimento econômico e político imediato, mas com pernas curtas e efeitos colaterais negativos a prazo mais longo’.
Para não esquecer: quem pontifica é aquele em cuja gestão o Brasil quebrou três vezes e na qual um apagão engessou o curto prazo da economia, enquanto um juro real de 10%condenaria o longo prazo à gaveta.
“O futuro chegou’, esponja-se agora um FHC professoral:“ (chegou) na esteira da falta de investimento em infraestrutura (...) e do gasto das famílias via crédito fácil, empurrado pela Caixa Econômica Federal. Os reflexos aparecem nas grandes cidades pelo país afora: congestionamentos, transporte público deficiente, aumento do nível de poluição atmosférica etc.”
Afinal, o que o sociólogo de estilo sonolento está propondo?
Um capitalismo sem crédito?  Uma bicicleta sem pedal?
Bem que ele tentou: no ciclo FHC a relação crédito/PIB ficou estagnada em 26%, contra 54% agora.
Administrar a demanda agregada, tudo bem, mas um capitalismo sem crédito destina-se exatamente a quem?
O capitalismo sem demanda é funcional à supremacia dos mercados financeiros.
A baixa atividade mantém a senzala recolhida aos bantustões.
O trânsito fica menos carregado, os aeroportos mais livres; o desemprego de 12,5%no ciclo do PSDB (hoje é inferior a 6%)  evidenciava a anemia geral contabilizada na queda da receita fiscal.
Nenhum problema: o endividamento público, lubrificado por um juro real de 10% ao ano (hoje é de 3%), abastecia os cofres do Estado e alegrava o rentismo.
Essa é a coerência para a qual a o ziguezigue conservador quer nos empurrar novamente.
Parece redondo.
Exceto por um senão: o juro alto atrai capitais especulativos, que valorizariam ainda mais um Real já adverso à competitividade da indústria atrofiada pela  importação barata.
O desafio do câmbio é uma agenda presente hoje em boa parte da América Latina.
Não é uma questão técnica.
Câmbio e inflação são almas gêmeas.
A taxa de câmbio define qual será o poder real de compra dos salários.
O câmbio qualifica o trânsito para um novo ciclo econômico; em certa medida antecipa seus vencedores e perdedores; ele determina  a inserção da economia no quadro mundial, o papel da exportação e da indústria (onde ela existe) e o tipo de emprego e de mercado interno que se deseja incentivar.
É por conta dessas implicações delicadas que mesmo governos progressistas usufruíram passivamente do confortável ciclo de alta liquidez internacional que valorizou o câmbio e o poder de compra local.
O ensaio de recuperação norte-americana prenuncia  a inversão dos fluxos de capitais, que viajam de volta aos papéis de longo prazo do Tesouro, em detrimento dos países em desenvolvimento.
A travessia cambial explica a tensão do debate econômico no interior do bolivarianismo venezuelano; constitui um  divisor  dentro do peronismo argentino e está subjacente à discussão do passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
O choque de juros preconizado por tucanos e assemelhados tem o predicado de precipitara direção do ajuste definindo  o lombo onde recairá a chibatada cambial mais dolorida.
Talvez precise da polícia para colocar ordem na fila do pelourinho.
Mas para quem, como a Folha deste domingo, discute seriamente Ruanda (45% de pobreza)como o país ‘top reformer’, um paradigma das mudanças amigáveis ao ambiente dos negócios, tudo bem.
O ponto a reter é que há decisões estruturais batendo na porta da economia brasileira.
A urgência procura um espaço maduro para um debate complexo.
O oposto do oferecido pela sofreguidão indigente que exala da leitura dominical da mídia conservadora.

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Texto recebido por e-mail da rede de correspondentes de Hélder Câmara, sob o título "Um dia isto tinha que acontecer", autoria de Mia Couto. Porém pesquisa no Google indica publicação do mesmo no site MOVIMENTO ZEITGEIST - Portugal, com o título "Geração à Rasca - A Nossa Culpa", fazendo a seguinte observação:


O texto referido não é de MIA COUTO!

É de Maria dos Anjos Policia.
Agradeço que retifiquem o erro.




GERAÇÃO À RASCA - A NOSSA CULPA

 "Um dia, isto tinha de acontecer. Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente!


Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhe as agruras da vida.



Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.



A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.



Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.



Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.



Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.



Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.



Foi então que os pais ficaram à rasca.



Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.



Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.



São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.



São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter> de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e> que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!



A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.



Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.



Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.



Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.



Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.



Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.



Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.



Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.



Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.



Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? 

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!



Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).



Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.



E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!



Novos e velhos, todos estamos à rasca.



Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.



Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.



A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.



Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.



Haverá mais triste prova do nosso falhanço?


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Ilustração: AIPC – Atrocious Internacional Piracy of Cartoons

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PressAA



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Der Spiegel: Snowden, o Homem Bomba!

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SNOWDEN! A BOMBA

Fernando Soares Campos

Edward Snowden, ex-agente terceirizado da CIA, em pequeno artigo publicado pela revista Der Spiegel, sob o título “Manifesto pela Verdade”, afirma: “Em um curto espaço de tempo, o mundo aprendeu muito sobre a operação das agências de inteligência e sobre os programas de monitoramento muitas vezes ilegais.”

 ["muitas vezes ilegais" ou "muitos deles ilegais"? A diferença é que, no primeiro caso, estaria se referindo à “ilegalidade” da “ação de operar” (operação, emprego) o programa; e, no segundo, à "ilegalidade" do programa em si (ilegalidade na constituição do programa).]

Snowden também afirma que as agências mais atuantes, a NSA e a GCHQ (inteligência britânica), “parecem ser os piores culpados” [pelas vezes em que operam os programas "de forma ilegal", ou pelas vezes em que empregam determinados programas "ilegais"?] e conclui que “Nós temos a obrigação moral de garantir que nossas leis e valores limitem os programas de monitoramento e protejam os direitos humanos”.

[Que as leis e valores garantam limites à forma como operam os programas (a fim de evitar excessos, como se estabelece por lei a maneira de guiar um automóvel), ou estabelecer limites para a instalação de recursos do programa quando da elaboração destes?]

Sempre usando a palavra “monitoramento”; em momento algum, “espionagem”. Mas... qual seria a diferença entre uma e outra nesse específico caso? Veremos. Ou tentemos identificar. Pelo visto, não existem mais espiões; mas, sim, monitores.

A “operação das agências de inteligência” não se limita a esta atividade (monitoramento), a qual nem mesmo é a verdadeira determinante do conceito de “espionagem”.

A CIA e qualquer entidade congênere autodenominam-se “agências de inteligência”, e não, de “espionagem”.

O termo espionagem só se aplica a uma atividade essencialmente clandestina, ilegal; mas não em função do monitoramento em si nem mesmo por este ter sido realizado de forma secreta.

Quando mantemos alguma informação em segredo, temos o objetivo de resguardar interesses e podemos exigir confidencialidade de quem a ela tiver acesso.Porém, as pessoas que conscientemente mantiverem segredo sobre informações obtidas através de um monitoramento realizado de forma ilegal (invadindo espaços à força ou de forma sub-reptícia, sequestrando mensagens, decodificando, qualificando e classificando-as de acordo com as suas importâncias para específicos setores da empresa para a qual trabalham), tornam-se confidentes-cúmplices (ou cúmplices voluntários) dos processos e efeitos do “monitoramento”. Nesse caso, podemos deduzir que todos os tecnólogos e técnicos em informática que servem aos sistemas de espionagem das agências especializadas, conscientes da ilegalidade do processo, ação ou efeito inerente às suas funções, e que guardam segredo sobre a transgressão das normas legais, são confidentes-cúmplices. Porém, caso exista, entre tais profissionais, alguém suficientemente ingênuo ao ponto de não perceber o fator de ilegalidade no processo ou efeito de sua ação, este pode ser considerado apenas cúmplice involuntário, sujeito aos ditames da lei, visto que a ninguém é vedado conhecê-la, porém embasado de recurso moralmente atenuante.

Numa dessas condições, o tecnólogo Eduard Snowden pode ser enquadrado por cumplicidade voluntária ou involuntária num processo ilegal de monitoramento de uma agência de espionagem. Porém, o mais curioso na sugestão de Snowden é o fato de ele solicitar leis e valores que “limitem” os programas de monitoramento, sem especificar em que sentido seriam aplicados (no uso ou na elaboração dos programas de monitoramento), pois isso implica criar obstáculo para as pesquisas que gerem informações para o desenvolvimento de mais avançadas linguagens de programação empregadas nas estruturas de segurança de bancos de dados e dos fluxos de mensagens.

Estamos acostumados a falar de espionagem como sendo o trabalho realizado sistematicamente por um país, uma empresa privada ou um indivíduo, através domonitoramento(identificação, observação, acompanhamento, análise e qualificação) de eventos produzidos por pessoas ou entidades coletivas; com o propósito de tomar decisões em função de determinados interesses. Sendo assim, no âmbito das estruturas de uma agência de espionagem, um monitor atua como simples operador apenas enquanto está coletando, observando, analisando e qualificando os eventos; porém sua condição de espião só se caracteriza no caso em que ele, ao fornecer o material coletado e finalmente qualificado ao seu empregador, possa assumir participação no processo de análise e deliberação sobre as atitudes a serem tomadas, considerando o destino e emprego do material qualificado.

Por exemplo: uma agência de espionagem decide monitorar o comportamento de um diplomata no seu país de origem, com o propósito de obter informações sobre o posicionamento do seu governo em relação a determinada questão  que envolve interesses comuns entre diversos países, inclusive o da agência espiã. Primeiro passo: expedir específica ordem de monitoramento para o setor responsável por esse tipo de atividade.

A função dos profissionais em monitoramento, na estrita realização do seu trabalho, consiste basicamente em: a) determinar instrumentos e métodos de captação de material informativo; porém, à falta destes, cabe aos mais habilitados obter ou criar instrumentos, preparar e supervisionar equipe operacional ― isto a empresa pode fazer utilizando seus próprios recursos, ou contratando empresa especializada, ou seja, terceirizando; b) observar o material coletado e selecionar aquele que for identificando através de alguma característica previamente determinada como indício de informação importante no contexto do propósito da empresa contratante; c) avivar a observação com o propósito de perceber outros indícios consideráveis e reuni-los num conjunto formado por uma série de dados interativos, o qual expresse um conceito ou uma informação objetiva.

Na condição de servidor terceirizado da CIA, Snowden e tantos outros profissionais de TI (técnicos e tecnólogos) certamente são contratados para exercerem as funções inerentes às atividades de criador, desenvolvedor, analista e administrador de sistemas, aparelhos, instrumentos e dispositivos próprios para coletar dados, verificar suas mensagens e importâncias para os propósitos da agência contratante.

O agente de monitoramento, no âmbito da espionagem sistemática, não passa de funcionário de um dos setores operacionais. Sua atuação está limitada à especialidade e grau de conhecimentos técnicos apropriados para desenvolver operacionalidade de tecnologias em informática e executar operações específicas ― em quantidade e qualidade (seleção de produtos mais ou menos importantes).

Observemos que Snowden fundamenta sua sugestão de “garantir que nossas leis e valoreslimitem os programas de monitoramento” no fato de que o mundo teria, segundo ele, aprendido “muito” sobre a “operação das agências de inteligência” e sobre os “programas de monitoramento”. Portanto, a garantia (legal e moral) que ele sugere PARECE visar tão-somente limitar a forma como alguém opera (aplica) os “programas de monitoramento”. Mas só parece.

É como se continuássemos debatendo sobre o emprego pacífico ou para fins bélicos da energia nuclear, visando apenas o poder destruidor da bomba nuclear. Leis (normas) que impedem o uso de bomba nuclear são elaboradas sob acordo entre partes conflitantes, e os argumentos se fundamentam em valores essencialmente “afetivos” (desumanidade, monstruosidade, covardia... os quais reforçam a defesa de direitos à democracia e liberdade; tudo expressando conceitos subjetivos).

Pesquisas e desenvolvimento de tecnologias nucleares

Ao afirmar que as “leis e valores” devem limitar “os programas de monitoramento”, Snowden pode estar sugerindo limites ao “desenvolvimento” dos programas; e não, ao “emprego” destes. Pelo menos ele não deixou isso bem definido.

Chamar para o debate simplesmente falando em limitar os programas de monitoramento, sem especificar o alvo (emprego e desenvolvimento) das determinações legais, nos remete à questão do limite do “emprego” da energia nuclear, pois o debate sobre pesquisas e desenvolvimento de tecnologia no campo da energia nuclear parece estar fundamentado apenas no que diz respeito ao uso (emprego) pacífico ou bélico. Hoje diríamos: para fins pacíficos ou terroristas. E discutir essa questão apenas sob esse ponto de vista, cria-se um impasse em relação às pesquisas sobre a forma de controlar a fusão nuclear como acontece com a fissão (creio que o mais correto seria dizer: como também não se controla a fissão), pois  tais pesquisas são de fundamental importância para o “desenvolvimento” de tecnologias nucleares para uso pacífico.

Se criarmos leis, ou empregarmos as já existentes, com o propósito de limitar o desenvolvimento de programas de monitoramento mais potentes do que os hoje existem para atacar os sistemas, acreditando que só precisamos criar programas de defesa a esses ataques, estaremos comparando os programas de monitoramento agressivos a uma bomba nuclear virtual (material bélico). Quem tem, não pode ou não deve usar, mas pode estocar e manter seu arsenal ameaçador, obrigando quem não tem a criar ou comprar programas de defesa (material pacífico).

É fácil disseminar o terror que é o uso da bomba nuclear, pois todos sabemos que ela tem um muito elevado poder de destruição em massa, inclusive de todo o planeta, levando consigo toda vida inteligente nele existente.

Discutir a questão do uso da energia nuclear simplesmente vedando o seu emprego no âmbito da ação bélica trava os trabalhos de pesquisa. Os governos que queiram utilizar a energia nuclear para fins pacíficos precisam provar que não o farão com objetivos bélicos.

O mais irônico nessa história é que o governo mais exigente no que se refere à não-proliferação de armas nucleares é exatamente aquele que, junto com seus aliados, detém o mais poderoso arsenal atômico da Terra e possui o maior número de usinas para geração de eletricidade; mais do que todas as outras nações juntas. E também domina as mais avançadas tecnologias com o emprego de energia nuclear em instrumentos e produtos nas áreas de saúde, agricultura e indústria alimentícia.

Desde Hiroshima e Nagasaki, os maiores atos terroristas da História da Humanidade, toda a população humana teme uma hecatombe nuclear.

Então, considerando que esses eventos evocam o profetizado Armagedom, fortaleceu-se o pavor de um mundo com armas de destruição em massa, principalmente a bomba atômica. Assim sendo, o império belicista consegue travar as pesquisas sobre o controle da fusão e fissão do núcleo atômico, colocando obstáculos para que outros países, principalmente os não alinhados pelo seu poder, desenvolvam sua própria tecnologia nuclear com finalidades pacíficas. Para isso, basta insinuar e alardear o perigo do desvio de intenções.

Observemos, por exemplo, o caso do Irã. Se aquele país, em vez de desenvolver pesquisas sobre o emprego de energia nuclear e radioatividade para fins pacíficos, resolvesse comprar projetos de usinas e equipamentos produzidos para pronta entrega nos Estados Unidos ou na mão de seus aliados, não teria dificuldades.

Instituir leis que possam limitar “o emprego dos programas existentes” e proibir o desenvolvimento de “programas iguais ou ainda mais potentes” é uma forma indireta de obrigar os países que não possuem tecnologia própria a comprar programas, equipamentos e sistemas de proteção contra ciberespionagem, mantendo a ciberguerra fria.

Quando Ronald Reagan determinou o desenvolvimento do programa Strategic Defense Initiative (Iniciativa de Defesa Estratégica), também conhecido como Guerra nas Estrelas, não pretendia com isso oferecer proteção apenas ao território dos Estados Unidos, como aparentemente sugeria, mas, sim, a todo o bloco ocidental formado pelos países alinhados ao império belicista, contra possível ataque da União Soviética . Isso no auge do período da chamada II Guerra Fria, anos 1980.

Acontece que ambos os lados possuíam imensos arsenais nucleares. Quer dizer, os países que formavam o bloco ocidental (capitalista) deveriam temer ataques do bloco soviético (socialista). Mesmo assim esse projeto de barreira de proteção não foi adiante nos termos em que foi proposto. Mas existem sistemas menores similares ao mega projeto original, com finalidades idênticas, produzidos pelos Estados Unidos e vendidos no mundo inteiro.

Hoje, no chamado mundo virtual, os mísseis nucleares cibernéticos são programas de computador que atacam redes e sistemas, porém, o que parece estar acontecendo é que apenas um bloco detém o poder de fogo e quer vender proteção contra si próprio. Para isso, produziu ataques relâmpago em série a instituições militares, políticas, econômicas, financeiras e produtoras em geral de todo o mundo, disseminou (fazendo vazar) informações sobre tudo isso, inclusive com detalhes sobre seu material bélico e poder de destruição. Simulou ataques contra si próprio e seus mais diretos parceiros. Mandou mundo afora alguns de seus mais competentes colaboradores (elementos de terceiro escalão a baixo),  aos quais, para legitimá-los como seus inimigos, os acusou de traição (nunca se viu tantos agentes “traidores” e “madalenas arrependidas”, fazendo falsos mea-culpa, tentando se infiltrar nas trincheiras inimigas, em postos estratégicos. Foi assim que Hong Kong passou a ser conhecida como a cidade em que o gatosnow morreu na China e reencarnou em Moscou,  Jack, o estripador da Oceania, se perdeu no fog londrino e foi parar numa choupana andina, Glenn Greengonwald veio pro Brasil e virou guardião do mirador.


Apesar dos pesares, o mundo real não vai explodir aos pedaços devido a uma hecatombe no universo virtual. O máximo que pode acontecer, no caso do Brasil, por exemplo, é uma viagem no tempo, uma volta a vinte e dois de abril de mil e quinhentos. Com a vantagem de havermos formado uma nação maravilhosamente miscigenada e nos tornado um dos mais (se não o mais) multicultural país do planeta. Sorry, pump.

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O ex-agente da CIA Edward Snowden paquerando Komila Nakova às margens de um rio em Moscou.



Este artigo de Edward Snowden foi publicado 11/03/2013, em Der Spiegel . Desde que eu não poderia encontrar uma tradução online, decidi publicar um (sugestões de melhorias são bem-vindas). Eu publiquei anteriormente o texto completo em alemão .

04 de novembro de 2013 " Informações Clearing House - Em muito pouco tempo, o mundo aprendeu muito sobre agências secretas inexplicáveis ​​e, por vezes, sobre os programas de vigilância ilegais Às vezes, as agências até mesmo deliberadamente tentam esconder sua vigilância de altos funcionários ou o público. Enquanto o. NSA ea GCHQ parecem ser os piores criminosos - é isso que os documentos atualmente disponíveis sugerem - não podemos esquecer que a vigilância em massa é um problema global na necessidade de soluções globais.

Esses programas não são apenas uma ameaça à privacidade, eles também ameaçam a liberdade de expressão e de sociedades abertas. A existência de tecnologia de espionagem não deve determinar a política. Temos o dever moral de garantir que as nossas leis e valores limitar programas de monitoramento e proteção dos direitos humanos.

A sociedade só pode compreender e controlar esses problemas através de um debate aberto, respeitoso e informado. No início, alguns governos se sentindo envergonhado pelas revelações de vigilância em massa iniciou uma campanha inédita de perseguição para suprimir este debate. Eles intimidar jornalistas e criminalizados publicar a verdade. Neste ponto, o público ainda não foi capaz de avaliar os benefícios das revelações. Eles dependiam de seus governos para decidir corretamente.

Hoje sabemos que isso foi um erro e que tal ação não serve o interesse público. O debate que eles queriam impedir que ocorrerá agora em países ao redor do mundo. E em vez de fazer o mal, os benefícios sociais desse novo conhecimento público agora é claro, desde que as reformas são agora propostas, na forma de uma maior supervisão e nova legislação.

Os cidadãos têm de combater a supressão de informações sobre assuntos de importância pública vital. Para dizer a verdade não é um crime.

Este texto foi escrito por Edward Snowden em 01 de novembro de 2013 em Moscou. Ele foi enviado para a equipe Spiegel através de um canal encriptado.

Traduzido por Martin Eriksson





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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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